Soja vale um terço do que valia em 70. Por isso absorve 5 vezes mais investimento.

As últimas cotações da soja indicam para março cotações em torno de 480 dólares a tonelada. Pois bem: os pioneiros, no Rio Grande do Sul, chegaram a vender a soja a 550 dólares a tonelada métrica. Agora imagine a desvalorização do dólar por 40 anos, mesmo com inflações que atingiram apenas 2 ou 3% ao ano, e terá hoje um valor no mínimo 3 vezes maior. Teríamos então um valor em torno de 1.500 dólares a tonelada no porto, o que daria uma valor de  153 reais a saca.

Por isso. o custeio da lavoura naquela época custava entre 8 e 10 sacas por hectare. Hoje, encostamos em custeios de valores de referência acima de 40 sacas, com viés de 50. Quem colhia na época 30 sacas por hectare ficava rico no primeiro ano. E a concorrência para a proteína da soja dependia apenas da safra da anchoveta na costa peruana, principal insumo na época para o fabrico de rações animais.

A produção brasileira, basicamente originária do Rio Grande do Sul, em 70, de 1,5 milhão de toneladas, assombrava. Hoje multiplicou-se por 40 com a inclusão dos solos ácidos do cerrado. Quem via as produções do Mato Grosso, do Distrito Federal, da região de Rio Verde no início da década de 80 pensava com seus botões: “Vou ficar muito rico em três anos”. Não foi bem assim que a história aconteceu. Mas certamente valeu a pena.

A soja fundou vilas, cidades e estados. E foi responsável pela migração de sulistas para todo o Brasil, numa diáspora que começou pela região do hoje estado do Mato Grosso do Sul e foi parar em Roraima, já no hemisfério Norte. Com o desenvolvimento de variedades pouco exigentes em água, deverá em breve atingir até o semi-árido nordestino.

Soja: da Argentina ao semi-árido, um longo caminho em 40 anos, que inclui até uma porção da Amazônia Legal.