O Secretário de Comunicação e o Presidente. Quem será pessoa certa?
O secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten, afirmou nesta quarta-feira (15/01/2020) que os veículos de imprensa dos “grandes grupos monopolistas e poderosos” estão “atacando a pessoa errada”.
O chefe da Secom rebateu, em tom de ameaça, a informação da Folha de S.Paulo de que ele receberia dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pelo próprio Palácio do Planalto. O intermédio seria feito pela empresa da qual Wajngarten é sócio, a FW Comunicação e Marketing.
Durante um pronunciamento oficial no Palácio do Planalto, Wajngarten disse que só deixará o cargo na Presidência se o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), quiserem.
Por ora, oficialmente, a saída de Wajngarten do governo não é cogitada.
Horas antes do pronunciamento, segundo o jornal O Globo, houve uma reunião entre Bolsonaro, Wajngarten e o ministro da Secretaria de Governo, Eduardo Ramos, a quem a Secom é ligada. Na conversa, o presidente teria deixado claro seu apoio a Wajngarten. Ramos também saiu em defesa do subordinado no Twitter após esse encontro.
O Presidente negou-se a falar no assunto, hoje, durante uma entrevista coletiva. Ao ser perguntado sobre Wajngarten, apenas respondeu: “Está encerrada a entrevista”. E virou as costas para todos.
Fábio Wajngarten, em imagem de Sergio Lima/Poder360
O jornal Folha de S.Paulo publicou 1 duro editorial criticando o presidente Jair Bolsonaro na sua edição impressa de sábado (30.nov.2019). Nesta 2ª feira (2.dez.2019), o Palácio do Planalto respondeu por meio de artigo no próprio veículo.
O periódico avalia que Bolsonaro “não entende nem nunca entenderá os limites que a República impõe ao exercício da Presidência” e afirmou que seus “caprichos” devem ser contidos pelas instituições democráticas.
“A sua caneta não pode tudo.” Afirmou que a legalidade, a impessoalidade e a moralidade da governança pública, exigidas pela Constituição, não são “palavras lançadas ao vento numa ‘live’ de rede social”.
O jornal fez uma referência ao próprio linguajar militar do presidente ao dizer que “a Carta equivale a uma ordem do general à sua tropa. Quem não cumpre deve ser punido”.
O jornal conclui que “descumpri-la é, por exemplo, afastar o fiscal que lhe aplicou uma multa. Retaliar a imprensa crítica por meio de medidas provisórias. Ou consignar em ato de ofício da Presidência a discriminação a um meio de comunicação”.
O editorial foi publicado após o governo excluir a Folha da relação de veículos nacionais e internacionais exigidos em 1 processo de licitação para fornecimento de acesso digital ao noticiário da imprensa. A lista menciona 24 jornais e 10 revistas. A Folha não é mencionada. O pregão, marcado para 10 de dezembro, tem valor total de R$ 194 mil.
O secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten, respondeu o jornal nesta 2ª feira (2.dez.209).
Wajngarten escreveu que a “fúria editorial do grupo jornalístico contra o presidente Jair Bolsonaro não é de hoje e nem começou com sua assunção à Presidência da República”.
O secretário acrescenta que as matérias do veículo “fantasiam estórias, dão respaldo a mentiras e tentam impor ao leitor sua visão caolha, retrógrada e pessimista com a situação política, econômica e social do Brasil.”
Afirmou também que o conteúdo divulgado pela Folha defende “uma conspiração pela saída do presidente da República, num golpe contra as instituições e, principalmente, contra a vontade da maioria dos brasileiros.”
Wajngarten declara ainda que Bolsonaro tem uma legitimidade que “a Folha de S.Paulo e outros veículos da mesma estirpe, torpes e levianos, não têm e jamais terão.”