Tenha dó, sr. Prefeito: uma merenda escolar de 90 centavos por dia?

Pois o generoso prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Oziel Oliveira, concedeu às crianças matriculadas no Município – ora, em casa, por motivo de isolamento social – a fantástica merenda escolar, para uma quinzena, que importa R$13,50 ao Município, portanto R$0,90 por dia. A relação da merenda escolar foi submetida ao CAE – Conselho de Alimentação Escolar pela Secretária da Educação.

Não tem estrutura para entregar perecíveis? Quem sabe uma duzia de laranjas ou outras frutas baratas da estação? Ou ainda: umas duas dúzias de ovos?

E leite e achocolatados, Prefeito? Esqueceu?

O Governo do Estado está distribuindo um vale compras de R$55,00 aos alunos da rede pública estadual. O Senhor não se envergonha por tal disparidade?

Agora não venha me dizer que vai complementar as necessidades diárias de uma criança com 66 gramas de arroz e feijão ou 33 gramas de farinha de milho. Ou ainda 33 gramas de macarrão.

Tenha dó, sr. Prefeito: muitas dessas crianças tem pais desempregados e mães que perderam a chance de fazer algum bico diário, como faxinas, para ajudar a comprar alimentação.

Tenha dó, sr. Prefeito: quando o Senhor gasta R$20 milhões de horas-máquina ou gasta R$1,85 milhão para pintar um posto de saúde, gastar R$54 mil por quinzena com merenda escolar é uma insanidade.

Já dizia o grande nordestino Luiz Gonzaga: “Uma esmola, para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.” Não neste caso, sr. Prefeito! Uma esmola desse calibre não humilha e nem vicia as nossas criancinhas. Apenas não é o suficiente.

Sou um homem velho, sr. Prefeito. Já vi muita injustiça perpetrada entre o Céu e a Terra, mas existem coisas que ainda são capazes de me causar indignação. E esta é uma dessas.

Deus está vendo, sr. Prefeito, e desde a época do templo em Jerusalém ele tem horror de fariseus e mercadores do templo.  

 

Os fariseus da Saúde na Bahia

fariseus

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) anunciou, com alarde, que destinará R$ 3,7 milhões aos municípios para aplicação em ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da febre chikungunya, dengue e zika. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (30). Só até julho deste ano, de acordo com a Sesab, foram notificados na Bahia 94 mil casos da tríplice epidemia, sendo 50.893 ocorrências suspeitas de dengue, 9.312 de chikungunya e 34.518 de zika.

Agora, veja quanto vai sobrar para cada município:

As cidades com até 20 mil habitantes receberão R$ 5 mil; os que possuem entre 21 mil e 50 mil habitantes obterão R$ 10 mil; aqueles com população entre 51 mil e 100 mil habitantes embolsarão R$ 15 mil; e os municípios com mais de 100 mil habitantes terão R$ 20 mil para cada grupo de 100 mil moradores.

O que um município como Luís Eduardo Magalhães faz com R$15 mil? Absolutamente nada.

O Caudilhismo, justicialista e messiânico, ataca pregando a luta de classes.

Recebo uma mensagem do celular de número (77)9803-8625. Veja o texto:

“Boa tarde! De que lado você vai ficar? Na luta do povo contra a burguesia?

É David contra Golias.

A mensagem é emblemática. Os candidatos oposicionistas pregam, sem pejo, uma luta de classes que de fato não existe em Luís Eduardo Magalhães e mesmo no restante do Oeste da Bahia. Mesmo porque todos os candidatos pertencem a uma classe privilegiada, que estudou em bons colégios, graduou-se na universidade, buscando o preparo para a sua vida privada e até para enfrentar os desafios da vida pública.

O que não deve e não pode acontecer é a desfaçatez de se auto-incorporar na função de paladino dos pobres com olho gordo em cargos públicos. Os partidários da Oposição, buscando recuperar eleitores perdidos nas camadas mais humildes da população, também estão usando todo meio de comunicação viável para defender um diferenciamento social entre ricos e pobres, entre pretos e brancos, entre sulistas e nordestinos.

É a volta do caudilhismo em todas as suas características, o coronelismo defensor do voto de curral, justicialista em sua face mais abjeta, messiânico e oportunista. Mais que isso: fariseu, pois entrega a esmola com uma mão e exige a fidelidade canina com a outra.

O povo, decantado em prosa e verso por estes paladinos, sabe no entanto, que obrigação de quem tem o poder é gerir os recursos públicos em prol de toda a comunidade. É fazer com que todos tenham escola, saúde, segurança e infraestrutura urbana adequada. E que ela não seja distribuída, a conta-gotas, na forma de passagens interurbanas, vales internação hospitalar, vales esquife mortuário, cestas básicas e material de construção.

O povo, creiam ou não os políticos, já não se engana tão facilmente. E não está disposto a ser conduzido por messias de ocasião. 

Os fariseus em seu paraíso

Agricultores que tiveram prejuízo devido à estiagem começarão a receber, na próxima segunda-feira (18), a primeira parcela do Bolsa Estiagem, do Ministério da Integração Nacional, que corresponde a R$ 80 do total de R$ 400. Os estados beneficiados serão Minas Gerais, a Bahia, Pernambuco, o Piauí e Sergipe, que somam 263 cidades e mais de 113 mil agricultores. O Bolsa Estiagem será repassado em cinco parcelas, por meio do cartão do Bolsa Família, do Cartão Cidadão ou de outros mecanismos de transferência de renda do governo.

“Uma esmola, para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.”

É o que afirmou Luiz Gonzaga, o rei do baião, ao ver as migalhas lançadas aos seus conterrâneos. A história continua. Alcançando um dinheirinho ao invés de promover a formação cultural e profissional do agricultor, o Governo vai estimulando-o não a produzir, mas a esperar, nos portais das Câmaras e Prefeituras pela assistência social do Governo, na maioria das vezes usada como instrumento de compra do voto e da fidelidade eleitoral canina.

Enquanto isso prosperam os líderes dos descamisados, os estandartistas, os messiânicos, os justicialistas sem pudor de alcançar uma pequena vantagem pecuniária aos seus seguidores em troca de sua alma.

Quer ajudar o flagelado da seca? Vai lá constrói uma cisterna, ensina a fazer uma pequena horta, fornece sementes, providencia energia e irrigação.

Dar 80 reais por mês é um desaforo e só pode fazer parte de uma conspiração contra os humildes, mantidos ao nível de inanição ao longo dos anos por sucessivos governos populistas.