
O jornalista Fernando Lopes, do “Valor Econômico” publica interessante matéria sobre a ação empresarial da Agrifirma, que há poucos dias realizou uma audiência pública sobre o plano de sustentabilidade da Fazenda Bananal, ao norte de Luís Eduardo Magalhães.
“Capitalizada por um aporte de R$ 130 milhões de um fundo de private equity gerido pela BRZ Investimentos, a Agrifirma faz planos para ampliar suas fronteiras de atuação. Com foco no mercado de terras, e até agora concentrada no oeste da Bahia, a empresa acredita que é hora de abrir o leque e prospectar oportunidades nas regiões de Cerrado de Maranhão, Piauí e Tocantins, o chamado “Mapito”, e no Centro-Oeste.
Constituída em fevereiro de 2008 com o apoio de investidores estrangeiros como RIT Capital Partners e Lord Rothschild, a Agrifirma dedica-se desde sua fundação à aquisição de terras “brutas” e à venda dessas propriedades depois de transformadas em áreas agrícolas desenvolvidas. Antes da “injeção” da BRZ, por meio do fundo Brasil Agronegócio FIP, concluiu o processo de transformação de uma fazenda de 6 mil hectares no município de Barreiras e formou um portfólio de 63 mil hectares dividido em três “clusters” hoje em formação também no oeste baiano.
“Agora queremos consolidar nosso modelo de negócios em uma escala maior”, afirma Julio Bestani, CEO da Agrifirma, da qual foi um dos fundadores. Com o aporte, o fundo gerido pela BRZ, que tem entre seus investidores os principais bancos brasileiros e fundos de pensão do país, assumiu uma posição majoritária na empresa, que foi rebatizada como Agrifirma Brasil Agropecuária Ltda. A antiga Agrifirma Brasil, por sua vez, continua existindo, com seus mesmos investidores, e passou a se chamar Genagro.
Como já está totalmente desenvolvida, a fazenda de 6 mil hectares em Barreiras, a Campo Aberto, que produz grãos, permaneceu sob controle da Genagro, que a arrendou para a Agrifirma Brasil Agropecuária. A Genagro também mantém caixa, estoques e outros ativos financeiros – além da participação minoritária na “nova Agrifirma” -, e pretende continuar investindo no setor agrícola, mantendo os planos para lançar ações em bolsa. Já os três “clusters” em desenvolvimento e seus 63 mil hectares ficaram com a Agrifirma Brasil Agropecuária.
Essas propriedades – as fazendas Rio do Meio, Arrojadinho e Bananal -, informa a BRZ, estão localizadas no oeste da Bahia a cerca de 550 quilômetros ao norte de Brasília, 850 quilômetros a oeste do porto de Salvador e a uma distância de 1,2 mil quilômetros da floresta amazônica. Café, algodão, soja e milho estão entre os produtos cultivados nesses “clusters”. “O Brasil tem um posicionamento único [no setor de agronegócios] em nível mundial. Estamos no lugar certo, no momento certo”, diz Bestani, CEO e diretor da nova Agrifirma Brasil Agropecuária.
“Decidimos pela Agrifirma por causa de seus critérios agrícolas, sociais, trabalhistas e de sustentabilidade, já que nossa ideia é levar ao setor as boas práticas de governança”, diz Nelson Rozental, sócio diretor da BRZ Investimentos, que foi incubada na GP Investimentos e até 2008 era conhecida como GP Administração de Recursos. “Nosso foco não é apenas aquisição de terras, mas agronegócios como um todo”, afirma ele.
Segundo Ricardo Propheta Marques, também sócio e diretor da BRZ, há muitas oportunidades no setor e é preciso ter um portfólio diversificado. De alguma maneira ligados ao campo, o Brasil Agronegócio FIP já investe também em uma empresa florestal e em outra de logística focada em produtos agrícolas. Dos R$ 840 milhões do fundo, cerca de 40% já estão comprometidos, incluindo o aporte de R$ 130 milhões na Agrifirma.
Os sócios da BRZ são econômicos quanto a futuras apostas ligadas ao setor, mas revelam que no momento garimpam oportunidades nos segmentos de alimentos processados e fertilizantes. No modelo de negócios da BRZ, as parcerias com as empresas que recebem investimentos de fundos geridos por ela não são eternas. O prazo de saída, após o retorno dos aportes, pode chegar a sete ou oito anos, prorrogáveis conforme o caso.
Para a Agrifirma Brasil Agropecuária, não está descartada uma abertura de capital no futuro. Como o Brasil Agronegócio FIP é totalmente formado por investidores brasileiros, a BRZ afirma que os projetos de expansão da nova Agrifirma não que serão afetados pelas restrições que serão impostas pelo governo para a aquisição de terras por estrangeiros no país. Essas restrições ainda estão em discussão.”
