Há 20 anos, o escândalo da remessa de dinheiro ao Exterior, o maior roubo da história do País.

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Por Marco Zero Conteúdo | por José Maschio para o IG

Escândalo foi divulgado em 1999 após a quebra do sigilo de remessas CC5, quando o Brasil soube que US$ 124 bilhões haviam saído ilegalmente do país

Em 1999, o correspondente da Folha de S. Paulo no Paraná teve acesso a mais de 5.000 páginas contendo informações de todas as remessas ilegais para bancos do exterior de verdadeiras fortunas em dólares.

Nenhum dos beneficiados pelo esquema foi punido e o Brasil nunca soube seus nomes, pois – apesar do sigilo ter sido quebrado pela Justiça ainda em 1999 – os editores decidiram não publicar o nome dos apresentadores de TV, cineastas, empresários, empresas de comunicação, siderúrgicas e bancos  que sonegaram impostos para tirar do país bilhões de dólares.

O autor de um dos maiores “furos jornalísticos” relembra essa história para a Marco Zero Conteúdo.

Há 20 anos, o Brasil se assombrava com a quebra do sigilo das remessas CC5 . Um escândalo monumental. Do nada o país soube, em setembro de 1999, que US$ 124 bilhões (*) haviam saído ilegalmente do país. Um monumental esquema de lavagem de dinheiro.

O que seria uma oportunidade única de o país punir os responsáveis acabou por se transformar em um golpe contra a economia nacional . Com a elite brasileira unindo-se pra se proteger.

O escândalo das remessas CC5 mostrou como os donos do poder agem em conjunto contra os interesses nacionais. E mais: acabou por ser laboratório da Lava Jato , braço do MPF e do Judiciário no golpe que impediu Dilma em 2016. Um golpe articulado entre interesses de uma elite nacional e dos Estados Unidos, em que a soberania nacional foi minada.

Para o leitor entender esse processo todo, convém historiar. Em 1998, o procurador da República, Celso Antônio Três, tentava, sem sucesso, quebrar os sigilos das remessas para o exterior de uma então obscura casa de câmbio em Cascavel (interior do PR), a Cash Câmbios, dos irmãos Mauro e Celso Barater, que era deputado estadual no Paraná pelo PSDB.

O procurador já tinha conseguido provar que a Cash Câmbios operava com laranjas (uma dona de banca de jornal aparecia como sócia). Só não conseguia a quebra do sigilo das remessas.

Três esbarrava na burocracia do Banco Central . Era flagrante a má vontade do banco. Uma má vontade tão grande que o juiz titular da Vara Federal de Cascavel sugeriu ao procurador que pedisse a quebra total das remessas realizadas em todo o País.

Em maio de 1999, o Banco Central, enfim, liberou uma listagem completa das remessas entre 1992 a 31 de dezembro de 1998. Período solicitado pelo procurador. Remessas essas que totalizavam US$ 111, 4 bilhões. Vale ressaltar que o dólar, nesse período era equiparado em um por um com o real.

Saltou aos olhos, na época, as remessas enviadas pelo grupo Globo , como empresas como Globosat Comunicações, Globopar, Globo Participações ou Globosat Telecomunicações. Perspicaz, Três espantou-se com os valores enviados pelas organizações Globo (e seus braços empresariais).

Logo, o susto virou indignação. O BC alegou erro na primeira remessa da listagem e enviou uma nova. Nesta segunda listagem, os valores subiram de US$ 111,484 bilhões para US$ 124,134 bilhões. Logo, a bagatela de US$ 12,66 bilhões a mais.

Inexplicavelmente, na segunda listagem, as remessas da Globo haviam diminuído em torno de R$ 200 milhões entre maio e julho, quando chegou à Procuradoria da República de Cascavel a listagem definitiva.

Então repórter da Folha de S. Paulo, tive acesso à listagem no início de setembro . Cópias das duas listagens das remessas (quatro volumes com um total de 1.283 páginas) ainda são conservadas por esse repórter.

Ai começou o calvário do procurador Celso Três. Inicialmente, ele fez o que era de sua competência. Distribuiu para procuradorias de todo o país , nas respectivas jurisdições dos réus, para que as ilegalidades fossem investigadas. E eram muitas.

A mais fácil e identificável era a sonegação de imposto de renda (de 27,5%) de cada remessa. Mas existiam claros indícios de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha nessas operações.

 Os obstáculos começaram dentro do Ministério Público Federal. A Procuradoria Geral da República travou uma batalha interna para criar uma força-tarefa específica. A alegação, na época, era para facilitar o trabalho de investigação.

Na esfera política, iniciou-se articulações para a criação de uma CPI sobre as remessas. Preservar o empresariado nacional era, e hoje isso é evidente, uma tentativa de vários setores, da imprensa inclusive.

A Folha de S. Paulo não fugiu à regra. Em 16 de setembro em um texto em que omitia, propositadamente, os nomes dos envolvidos nas remessas, o jornal se escudou atrás de um “parecer jurídico”. “

Vale destacar a nota de rabicho no texto da Folha: ´”A Folha decidiu não divulgar o nome das pessoas físicas ou jurídicas que fizeram remessas CC5 justamente pela dificuldade em separar quem utilizou de forma legal o mecanismo e quem lavou dinheiro”.

Uma falácia utilizada para centrar fogo em doleiros e agentes financeiros e preservar o empresariado nacional. Todas as remessas pelas contas CC5 eram ilegais pela própria natureza das contas.

Criada em 1965 pela ditadura militar, as remessas CC5 haviam sido regulamentadas por decreto presidencial em 1979 (governo Figueiredo). Em 1996, (com Gustavo Franco à frente do BC) uma carta circular desviou a finalidade das CC5 , liberando seu uso para todos.

O absurdo: uma carta circular se sobrepor a um decreto presidencial.

Mais grave, o Banco Central autorizou a bancos em região de fronteira, especialmente em Foz do Iguaçu, a utilizar indiscriminadamente as contas CC5. Criadas para envio de lucros das multinacionais no país e de não residentes (brasileiros com residência no exterior) as CC5, na prática, se tornaram autênticos paraísos fiscais dentro das instituições financeiras no país.

No início do século XXI, as ações articuladas do MPF, Justiça Federal e a classe política provocaram a criação da força-tarefa do Banestado (do MPF), na criação da CPI do Banestado (Congresso Nacional) e na criação da Vara Federal dos Crimes de Colarinho Branco (a 13º Vara Federal de Curitiba).

O objetivo público: combater a lavagem de dinheiro . O objetivo privado:  conter e controlar os desdobramentos do escândalo para preservar a elite financeira e empresarial.

A alegação para centrar fogo, nas investigações, no Banestado é que o banco havia enviado US$ 14 bilhões, dos US$ 124 bilhões, para o exterior. A triste realidade era outra. Vendido pelo então governo Jaime Lerner ao banco Itaú, o Banestado não mais existia.

Bem mais cômodo e tranquilo que investigar as instituições financeiras ainda atuantes ou mesmo o Banco Central , principal responsável pela sangria financeira.

Em 2003, na Vara Federal especialmente criada para o esquema, surge a figura de Sérgio Moro , que se orgulha de ostentar no currículo cursos no Departamento de Estado dos EUA sobre lavagem de dinheiro.

O Banestado, um banco morto, Sérgio Moro, FHC e o doleiro de sempre: uma conta chamada Tucano.

A primeira providência de Moro foi enviar à Receita Federal a relação dos empresários que haviam feito remessas. Ele queria cobrança administrativa das ilegalidades.

O empresariado nacional , que tinha utilizado as contas CC5 para não pagar imposto de renda nas remessas, não titubeou: tratou logo de comprar os auditores.

Ficava mais fácil que pagar o imposto devido. Essa manobra de Moro resultou no que chamam hoje de Operação Zelotes . Em que auditores e empresários surgem como réus.

Nos governos populares de Lula e Dilma e a falta de critério politicamente objetivo para indicar ministros ao STF (Supremo Tribunal Federal) só facilitou a ação dos golpistas que assumiram a Lava Jato.

Não é de graça que tucanos não são investigados. São parceiros do esquema que hoje, graças aos vazamentos pelo The Intercept, está cada vez mais escancarado. Um golpe contra o país, cujo laboratório teve início há 20 anos.

(*) Algo como 744 bilhões de reais, considerados o câmbio de hoje e a inflação do dólar, um valor mais de uma dezena de vezes maior que a soma dos prejuízos causados pelo propinoduto da Petrobras. Quem foi para a cadeia? Com exceção dos doleiros, por algum tempo, ninguém. Nem poderiam ir. Eles eram do PSDB.  

Fonte: Economia – iG @ https://economia.ig.com.br/2019-12-12/maior-escandalo-financeiro-do-pais-completa-20-anos-de-impunidade.html

O parisiense FHC e a pérola do dia

O endereço de FHC em Paris, um apartamento de 11 milhões de euros.

Os geminianos, como Fernando Henrique Cardoso, (18 de junho), têm esse estranho hábito: por vezes viajam em um universo paralelo e desligam-se totalmente da realidade em torno. Pois bem: depois de uma análise acurada, FHC, em entrevista a Folha, perpetrou a seguinte pérola:

-João Dória e Luciano Huck representam o novo na política brasileira.

Aos 85 anos, FHC deveria recolher-se ao apartamento da Avenue Foch, em Paris, e cuidar dos netos e bisnetos. Apoiar o Menino Malufinho, João Dólar, e o candidato narigudo da Globo é o fim da carreira do intelectual de esquerda, sociólogo que pretendia reformar as relações do Estado com o povo brasileiro.

-Se o novo no Brasil é Dória e Huck, vou arrumar as malas de garupa e me internar no Uruguay. A trotezito, no mas.

Até FHC está assustado com o tropel da carruagem que conduz o andor

De Fernando Henrique Cardoso

Forças tradicionais estão desorganizadas e há espaço para uma reforma política com cláusula de barreira e fim das coligações para eleições proporcionais

Sei que vivemos um momento de desânimo e que o ódio substitui certa bonomia, que parecia própria dos brasileiros. É preciso cuidado com cada palavra. Quando eu disse o trivial, que delitos diferentes devem ser apenados de forma diferente, alguns me tomaram como “mais um” que quer acabar com a Lava-Jato. Nada disso!

A despeito desse clima, há sinais de vida em nossa economia que mostram que o governo Temer está apontando na direção certa na área econômica ao enfrentar temas que são tabus, como as reformas, casas de marimbondo que só podem ser propostas por quem não está visando as próximas eleições. Reconhecer tais avanços não significa desconhecer a enorme quantidade de problemas a enfrentar. Nem muito menos imaginar que as “condições de governabilidade” serão repostas ao passar-se um apagador no quadro que a Lava-Jato mostrou. As pessoas só aceitarão a autoridade quando sentirem que a Justiça está atuando e saberá separar o joio do trigo. Pois que existe trigo, existe.

Há terreno para melhorar as coisas ao longo do tempo, permitindo que visões hoje discrepantes convirjam. Uma boa oportunidade para a construção de uma nova agenda é a chamada “reforma política”. Os mais prudentes dirão: não é o melhor momento para mexer em questão tão delicada. Respondo, como dizia a meus colaboradores do Plano Real quando alegavam que a fragilidade do governo da época e o tormento dos parlamentares com a CPI dos “anões do orçamento” seriam impedimentos para a estabilização monetária: como as forças tradicionais estão desorganizadas, o momento é agora.

Devemos rever as regras eleitorais em pleno auge da Lava-Jato. Convém, contudo, qualificar os passos requeridos para aperfeiçoar o sistema político-eleitoral, olhando para o horizonte e tendo as convicções como norte. Política, porém, não é fé: os propósitos não se efetivam ao serem proclamados; precisam convencer, motivar e construir rotas de aproximação entre as diferenças.

Estou convencido de que o parlamentarismo e o voto distrital misto são o melhor caminho para fortalecer as instituições democráticas. Como instalá-los em uma conjuntura política na qual os partidos se dissolveram e se multiplicaram como siglas que visam mais a obter acesso aos recursos públicos (Fundo Partidário, Programa Eleitoral, posições vantajosas no Executivo etc.) do que pregar e construir a “boa sociedade”? Implantar o voto distrital misto e o parlamentarismo neste momento é pouco viável.

É preciso reconstituir a confiança nos partidos e, para isso, eles não deveriam agir como simples máquinas de amealhar votos. Talvez seja conveniente admitir no ínterim candidaturas independentes e discutir a obrigatoriedade do voto.
Enquanto isso, há o que fazer. Alguns propõem o voto em “lista fechada”, pelo qual o eleitor escolhe um partido e não um candidato nas eleições para a Câmara.

Adotada essa modalidade, cada partido terá o número de cadeiras proporcional ao número de votos obtido por sua legenda. Se um partido tiver direito a dez cadeiras, por exemplo, elas serão ocupadas pelos dez primeiros candidatos da lista partidária. Inconveniente: o eleitor elegeria “em bloco” quem as oligarquias partidárias mais desejassem. A não interferência do eleitor na escolha de nomes pode ser amenizada, dando-se a ele a faculdade de reordenar a lista; este, entretanto, é procedimento difícil de ser executado e computado.

O propósito da proposta é saudável: fortalecer os partidos, sem os quais não há “democracia representativa”. Além disso, ela torna viável o financiamento público das campanhas, porque facilitaria a fiscalização no uso dos recursos, já que as campanhas seriam feitas por alguns partidos e não por milhares de candidatos.
O enunciado das dificuldades desenha o longo caminho a percorrer. Melhor sermos realistas e começarmos com mudanças menos ambiciosas. No livro recente de Jairo Nicolau (“Representantes de quem?”) há sugestões úteis (algumas em curso no Congresso) na fase de transição em que nos encontramos.

Como há limites de prazo para definir novos procedimentos eleitorais (eles devem ser aprovados até setembro para terem vigência em 2018), creio que o indispensável é aprovar logo a “cláusula de barreira”. Neste caso seriam necessários x por cento de votos, distribuídos por um número mínimo de estados, para que os partidos pudessem ter representação institucional no Legislativo (menos para o Senado, no qual o voto é no candidato), acesso ao fundo partidário e ao tempo de televisão. Também é indispensável aprovar a proibição de coligações nas eleições proporcionais, para evitar que ao votar em um deputado de um partido se eleja alguém de outro.

Resta a questão do financiamento. Os partidos precisam de um fundo público, dada a proibição de contribuição das empresas feita pelo STF. Entretanto, por que dá-lo a não-partidos, como são as siglas sem voto? Deve-se adotar o mesmo critério da cláusula de barreira: o acesso aos fundos públicos deve restringir-se a quem obtenha o quórum nacional mínimo de eleitores.

E, sobretudo, podem-se baratear as campanhas, começando pela proibição de “marquetagem” nos programas de TV.

As convicções devem ser mantidas. Estas medidas deveriam vir no bojo de duas outras mais: uma, a aprovação da emenda do senador José Serra que estabelece o voto distrital para as próximas eleições de vereadores. Outra, generalizando o voto distrital misto com eleição em 2022 de metade dos deputados por escolha direta dos eleitores e metade a partir de uma “lista fechada”. É o que, aliás, propõe o relator da reforma eleitoral na Câmara dos Deputados.

O momento é já!

Fernando Henrique Cardoso, agora eletrônico!

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de 85 anos, fez hoje (9) uma operação para implante de marca-passo, aparelho usado para corrigir o ritmo cardíaco.

Segundo a assessoria de imprensa do ex-presidente, a operação foi bem sucedida e Fernando Henrique Cardoso passa bem.

A cirurgia para o implante foi realizada às 9h no Hospital do Coração, na capital paulista. O ex-presidente foi levado ao quarto às 10h30, onde deve permanecer até receber alta médica. A previsão é que Fernando Henrique deixe o hospital ainda hoje. Da Agência Brasil

Pedro Correa conta como FHC comprou a emenda da reeleição.

Pedro Correa: tentando não enfrentar os rigores do inverno de Curitiba. Foto de Brunno Covello.
Pedro Correa: tentando não enfrentar os rigores do inverno de Curitiba. Foto de Brunno Covello.

Delação do ex-deputado Pedro Correa, preso em Curitiba: Fernando Henrique Cardoso tinha um banqueiro no plenário da Câmara para distribuir cartões de propina para os deputados que acabavam de votar pela reeleição de FHC. De posse do cartão, os deputados procuravam um doleiro de Brasília e botavam a mão no dinheiro.

Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” cita partes do acordo de colaboração premiada assinado entre o ex-deputado Pedro Correa e o Ministério Público Federal. A TV Globo confirmou que esses trechos divulgados fazem parte da delação do ex-deputado.

Um dos anexos desse acordo de delação, segundo o jornal, é intitulado “mesada de Augusto Nardes”.

Nardes é ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com a reportagem, Correa afirmou que, entre 2003 e 2005, quando Nardes era deputado federal pelo Partido Progressista, o PP, ele estava entre os nomes da bancada da Câmara que recebiam propina arrecadada pelo  deputado José Janene, morto em 2010, junto à Petrobras e a outros órgãos com diretorias indicadas pelo PP.

Segundo o portal G1, da Globo,  Pedro Correa apresentou uma lista de operadores de propina e incluiu o nome de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, e uma de suas principais assessoras, como a responsável por conduzir movimentações financeiras ligadas ao tucano.

A citação à irmã de Aécio é a primeira numa lista que inclui nomes como Marcos Valério, operador do mensalão, e Benedito Oliveira, investigado na Operação Acrônimo, que apura suspeitas de irregularidades na campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais em 2014.

A “Folha de S.Paulo” diz ainda que a delação do ex-deputado tem um anexo sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem como foco a votação que aprovou a emenda constitucional da reeleição em 1997.

Segundo o relato, o ex-presidente contou com apoio financeiro do empresariado para aprovar o projeto da reeleição.

O então presidente do conselho de administração do Banco Itaú, Olavo Setubal, morto em 2008, é mencionado como alguém que ajudou FHC.

O ex-deputado disse, segundo jornal, que Olavo Setubal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro de Brasília e recebessem propinas em dólares americanos.

A delação do ex-deputado Pedro Correa tem pouco mais de 70 anexos, cada um com um tema. Segundo o jornal, cinco desses anexos se referem à presidente Dilma Rousseff e outros cinco ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nardes, um arenista no TCU

João Augusto Ribeiro Nardes, gaúcho e produtor rural de Santo Ângelo, iniciou sua carreira política aos 21 anos, quando se tornou vereador pelo partido do governo militar, a partir do golpe de 64, o ARENA. Desde então, passou a deputado estadual pelo PDS, sigla sucessora do ARENA, em 1986, e já em democracia vigente no Brasil, 1990, foi reeleito pelo PPR, um dos braços do ARENA que tinha como liderança Paulo Maluf.

O partido se tornou PPB e, depois, o que até hoje é denominado como PP (Partido Progressista). Por essas siglas, Nardes foi deputado federal de 1994 a 2005, quando renunciou para assumir a cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU).

Em sua primeira passagem como réu no Supremo Tribunal Federal (STF), Nardes foi processado em agosto de 2004 por crime eleitoral, peculato e concussão, por omissão de declaração em prestação de contas, quando concorreu à deputado federal, na Ação Penal 363 (http://bit.ly/1PjRYfA). Na época, o ministro relator Marco Aurélio acatou a sugestão do então procurador-geral da República, Claudio Fonteles, propondo um acordo com Augusto Nardes, por não possuir antecedentes criminais

Kelly pergunta: esse cara não vai ser investigado?

A jornalista, ex-amante de Fernando Henrique por 6 anos: apagada da vida pública do Brasile exilada.
A jornalista, ex-amante de Fernando Henrique por 6 anos: apagada da vida pública do Brasil e exilada.

A inoxidável ex-deputada Kelly Magalhães resumiu muito bem a ópera bufa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso protagoniza:

“Um ex-presidente considerado acima de qualquer suspeita, mantém uma amante ainda casado e no exercício da presidência do país, manda a amante para o exterior, paga abortos, envia dinheiro para a amante por meio de empresas “amigas”, esconde o caso com a cumplicidade da Globo de quem a amante era funcionária, depois assume o filho, dá um apartamento de € 200,000,00, e volta atrás dizendo não ser o pai da criança.
Esse cara é amigo de Lula. Mas não será investigado.”

A Deputada chegou à conclusão da qual todos partilhamos: os canalhas também envelhecem.  

Veja o link. 

Perguntas inconvenientes!

Foto: Teia/ Flickr Commons (08/11/2007) - Fotos Públicas
Foto: Teia/ Flickr Commons (08/11/2007) – Fotos Públicas

Ariano Suassuna, o gênio de o Auto da Compadecida, entrevistado por “O Globo” em 2013 (ele morreu em 2014, com 87 anos):

Por que o senhor não participa da rotina na ABL (Academia Brasileira de Letras)?

Eu nunca participei. É muito longe, meu filho.

Mas o senhor poderia ter votado por carta na última eleição, que elegeu FHC, mas comenta-se que preferiu se abster. É verdade?

(Pausa) É, não votei.

Por quê?

Meu filho, não faça pergunta inconveniente! (risos)

 

Se ser amigo é crime, ser sócio é o quê?

Por Helena Sthephanowitz

Em mais uma fase da Operação Lava Jato foi preso preventivamente o pecuarista José Carlos Bumlai, na manhã do dia 24 de novembro. Hoje, 14, Bumlai foi denunciado pelo Ministério Público. E numa busca, a PF achou até uma arma na casa da nora de Bumlai. O Ministério Público afirma que as delações premiadas justificam a prisão. A defesa de Bumlai afirma que o empresário tem como provar com documentos que os delatores mentiram no caso dele.

As manchetes da imprensa tradicional usaram e abusaram da expressão “amigo de Lula” para se referir ao empresário preso, numa tentativa de mais uma vez associar o ex-presidente a denúncias de corrupção. Se depender da leitura das manchetes o pecuarista está preso por ser “amigo de Lula”, tamanha a ênfase dada. Apesar disso, os próprios procuradores da força-tarefa que prenderam o pecuarista afirmaram claramente, em entrevista coletiva, que não há nenhuma prova contra o ex-presidente.

O que existe é o “uso indevido do nome e da autoridade do ex-presidente da República, que, mesmo não mais no cargo, ainda é uma das pessoas mais poderosas do país”, segundo despacho do próprio Sergio Moro, o juiz que encabeça as investigações e sobre o qual pairam inúmeras denúncias de seletividade e parcialidade de sua condução.
De acordo com as notícias publicada na imprensa, Bumlai só foi apresentado a Lula em 2002, quando já era um dos maiores criadores de gado do Brasil. Fez o mesmo que outros grandes empresários dispostos ao diálogo, considerando que, à época, muitos hostilizavam ou temiam um governo petista.

Mas, convenhamos, se “ser amigo” já é criminalizado pela imprensa tradicional, como deveriam tratar “ser sócio”?

Pois o narrador esportivo da TV Globo Galvão Bueno foi sócio de Bumlai na rede de fast food Burger King no Brasil, numa composição empresarial que tinha ainda o ex-prefeito de Santos e atual deputado federal Beto Mansur (ex-PSDB, ex-PP e atualmente no PRB) e do piloto de Fórmula Indy Hélio Castro Neves.

Fernando Henrique Cardoso com Carmo e Jovelino Mineiro
Fernando Henrique Cardoso com Carmo e Jovelino Mineiro

João Carlos Saad, dono da TV Bandeirantes, foi sócio de Bumlai na TV Terraviva, dedicada ao agronegócio, que também teve como sócio o também empresário Jovelino Mineiro, que por sua vez, foi sócio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na fazenda Córrego da Ponte, no município mineiro de Buritis.

O pecuarista José Carlos Bumlai tem muitos outros amigos políticos, alguns deles graúdos empresários da bancada ruralista. O ex-governador de Mato Grosso e atual senador Blairo Maggi (PMDB-MT), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB-RJ), criador de gado; Jonas Barcelos (ex-dono de freeshops em aeroportos e ligado ao ex-senador Jorge Bornhausen (PSD-SC), também criador de gado. E se aproximou de petistas matogrossenses antes de Lula chegar à presidência, no período em que o PT governou Mato Grosso.

É óbvio que ninguém pode ser criminalizado por atos de terceiros, apenas por ser sócio, parente, amigo, colega de trabalho ou o quer que seja, se não participou de atos ilegais.

Mas é óbvio também que há muito cinismo dos veículos de comunicação que tiveram negócios com Bumlai, em apresentá-lo ao distinto público apenas como se fosse “amigo” exclusivamente de Lula.

Entrevista de Bumlai em 2009 à revista IstoÉ Dinheiro Rural mostra a trajetória do então queridinho da mídia: “Nascido em Corumbá, sua família o mandou para estudar em São Paulo em um colégio católico frequentado pela elite paulistana. Foi colega de aula de Luiz Fernando Furlan (ex-dono da Sadia e ex-ministro no primeiro governo Lula) e do ex-presidente da Nestlé, Ivan Zurita. Depois estudou engenharia na Universidade Mackenzie nos anos 1960, frequentada pela elite na época.

Trabalhou 30 anos com o “rei da soja” Olacyr de Moraes, boa parte do tempo em cargos de direção do Grupo Itamaraty, que tinha a empreiteira Constran e o extinto Banco Itamaraty. Com Olacyr, Bumlay introduziu o cultivo de cana em Mato Grosso do Sul e produção de etanol.

Ele também fez parte da diretoria de associações patronais ligadas ao agronegócio. É óbvio que, com um currículo destes, Bumlai deva ter conhecido muitos políticos e autoridades desde o tempo da ditadura – de alguns pode ter virado amigo e de outros, sócio e parceiro.

Em 2002 conheceu o ex-presidente Lula, e foi um dos empresários de grande porte do agronegócio que abriu canais de diálogo com o governo petista, quando o setor tinha um diálogo difícil com o PT. Integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), fórum criado no governo Lula para empresários, trabalhadores e outros agentes da sociedade debaterem ideias e pactuarem soluções e políticas públicas para o desenvolvimento.

Se Bumlai se meteu em alguma falcatrua, ou se usou o nome do ex-presidente indevidamente (ele nega), ainda está para ser esclarecido. Se o Ministério Público vai provar algo realmente ilícito contra o pecuarista, ou se ele está preso apenas por ser “amigo de Lula”, como insinuam as manchetes, também veremos.

Afinal na fase anterior da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal escreveu com todas as letras que Gregório Marin Preciado – ex-sócio e muito ligado e parente do senador José Serra (PSDB-SP) – foi o operador de uma propina de US$ 15 milhões na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, mas nenhuma prisão preventiva foi pedida, muito menos nenhum mandato de busca e apreensão em seus endereços foi feito.

Bumlai foi sócio de Jovelino Mineiro, que por sua vez, foi sócio do ex-presidente FHC na fazenda Córrego da Ponte, na localidade de Serra Bonita, no município mineiro de Buritis.
Capitalismo de compadrio, mancheteia a rede Globo, através de William Wack, em seu famigerado Jornal da Globo.
Mas e quando o compadrio está, preto no branco, no contrato social registrado nas juntas comerciais?
Não se pretende aqui fazer a defesa de Luiz Inácio Lula da Silva. Até por desconhecimento de causa dos inquéritos que possa a vir sofrer. No entanto, essas relações incestuosas, acima relacionados, precisam ser expostas ao sol, para a devida profilaxia.
O País tem que ser passado a limpo na Justiça, com certeza. Mas essa tal Justiça não deve, nunca, espiar por baixo da venda que a faz justa e imparcial.
O artigo foi editado por O Expresso, para atualizá-lo. Os comentários finais são do Editor de O Expresso.
 

O entreguista, a PF, a CIA e a espionagem autorizada no Brasil

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizou operações de contra-espionagem em território brasileiro. Entre os diversos alvos estavam, segundo apurou a Folha de S.Paulo, salas alugadas pela embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Em agosto de 2013, a revista CartaCapital publicou a reportagem abaixo, na qual revela que algumas instalações usadas pela Embaixada americana em Brasília continuam ativas. Confira a íntegra:

(Leandro Fortes)

Um grupo de assessores brasileiros liderados pelo Ministério das Comunicações esteve em Washington para ouvir as explicações do Departamento de Estado americano sobre as denúncias de espionagem contra o País. Nas principais instâncias de inteligência do governo federal e, portanto, no Palácio do Planalto, desde sempre se sabe, ou se deveria saber, da movimentação de espiões dos Estados Unidos no território nacional sob proteção da Embaixada em Brasília.

FHC-06-08

O problema é que os norte-americanos vão além, operam com uma liberdade incomum e extrapolam os limites da soberania. Segundo os documentos vazados pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden, até 2002 o Tio Sam valia-se de 16 instalações em território nacional para atividades de “inteligência”.

A série de documentos secretos e reservados do governo federal obtidos pela revista, vários deles encaminhados a assessores diretos da presidenta Dilma Rousseff, relata o funcionamento de ao menos seis endereços em Brasília utilizados pela Embaixada dos EUA como centros de operação e análise de inteligência.

Os imóveis, casas e salas comerciais, cobrem com frequências de rádio toda a extensão do Plano Piloto de Brasília, a partir de antenas de radiocomunicação e telefonia exclusivas autorizadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que tem um representante na missão enviada pelo governo aos Estados Unidos.

A outorga para o uso “limitado-privado” foi concedida à Embaixada dos EUA no fim do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, e tem validade até 20 de julho de 2019. Ao todo, abrange 841 licenças de frequências de rádio para uso exclusivo dos americanos em solo brasileiro.

Segundo documentos publicados pelo jornalO Globo, uma unidade de espionagem funcionou em Brasília, até 2002, controlada pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, em inglês), em conjunto com a CIA. Era parte da rede de 16 bases das agências de inteligência dos EUA que coletavam informações em todo o País, a partir de satélites de outros países.

Ao longo dos oito anos da era fernandina, portanto, a principal prestadora de serviço da CIA no esquema de espionagem mundial não só foi contratada pelo governo brasileiro como teve acesso a dados privilegiados das ações administrativas do País e a informações completas de toda a movimentação financeira nacional. Isso incluía livre trânsito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Um dos projetos em conjunto entre Brasília e a Bozz Allen, pago com dinheiro nacional, foi batizado de Brasiliana e traçou os “Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento”.

Apesar dessas relações carnais, como diria o argentino Carlos Menem, FHC veio a público, logo após os vazamentos, negar qualquer conhecimento a respeito da espionagem dos EUA. A respeito, o ex-presidente construiu uma daquelas frases consideradas brilhantes por seus admiradores:  “Nunca soube de espionagem da CIA em meu governo, mesmo porque só poderia saber se ela fosse feita com o conhecimento do próprio governo, o que não foi o caso”. Em seguida, sugeriu à presidenta Dilma Rousseff tomar uma atitude. “Cabe ao governo brasileiro, apurada a denúncia, protestar formalmente pela invasão de soberania e impedir que a violação de direitos ocorra.”

FHC talvez tenha sofrido um lapso de memória. Ele mal iniciava seu segundo mandato quando CartaCapital publicou reportagens sobre a influência dos serviços de inteligência dos Estados Unidos na Polícia Federal. A DEA e a CIA financiavam atividades da PF: pagavam agentes, davam treinamento, pagavam hotéis, aluguéis de carros e até de imóveis utilizados pela força federal. Em troca, circulavam livremente pelo Brasil.

(leia a matéria completa na Carta Capital)

Deve ser por essas e outras (BRICs, blocos do cone sul, apoio a não alinhados como Venezuela e Cuba, Projeto FX2, rentistas, etc. etc.) que os norte-americanos estão fazendo tanta força para derrubar Dilma e botar um tucano falador no seu lugar. Assim como fizeram com Getúlio Vargas, Jânio e Jango Goulart.

Fernando Henrique esqueceu os bons tempos das privatizações

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Neste domingo (5), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na convenção nacional do PSDB, que, na opinião dele, nunca “se roubou tanto neste país”, criticando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as gestões dos PT no Palácio do Planalto.

Lula é conhecido por usar a expressão “nunca antes na história deste país”.

“Eu ouvi durante 13 anos alguém que dizia ‘nunca como antes’. É verdade, nunca como antes se roubou tanto neste país”, disse FHC, em tom irônico.

Segundo o site G1, no evento que teve a participação de Fernando Henrique, os integrantes do PSDB reconduziram o senador Aécio Neves (MG) para mais um mandato de dois anos à frente do partido.

FHC fez um análise sobre os principais movimentos políticos no Brasil e disse que nunca viveu um período político tão conturbado como a governo Dilma Rousseff.

“Cada momento tem suas peculiaridades, mas eu raramente vi momento como este, em que se acumulam crises de vários tipos. Crise econômica, desemprego, ao mesmo tempo, Congresso fragmentado. Um governo que, para se manter, cria ministérios, num sistema que se chama de presidencialismo de coalisão e hoje é de cooptação, compra. Estamos vendo a desmoralização do atual sistema político”, disse o ex-presidente.

“Estamos assistindo ao início de um mal-estar social que tem tudo para se agravar. Estamos assistindo à paralisação do Executivo”, complementou FHC.

Ao falar sobre um possível impeachment da presidente da República, Fernando Henrique disse que para ele, o partido precisa propor uma solução para a crise atual, porém, dentro da lei.

Fernando Henrique Cardoso esqueceu as privatizações dos seus governos, quando o País entregou o filé das empresas estatais ao capital privado estrangeiro. Sempre por uma ninharia. A Vale do Rio Doce, mesmo com os preços em baixa do minério de ferro, fatura, por semestre, o que foi pago pelo seu patrimônio. Estou relendo “O Brasil Privatizado”, de Aloysio Biondi. Mensalões e Lava Jato são coisas de escolares frente à privatização do neoliberalismo predador.

Agora eles estão querendo entregar a Petrobras e as reservas do pré-sal para a iniciativa privada. E vão fazer isso, nem que aquela camarilha instalada na Câmara e no Senado tenha que dar um golpe em Dilma.

Sim, se rouba muito na gestão pública brasileira. Mas isso não é novidade desde os tempos que Figueiredo entregou o poder.

2015_07_06

O Profeta do “Petrolão” vê um segundo mandato triste para Dona Dilma

Francis, o profeta do Petrolão.
Francis, o profeta do Petrolão.

Do espírito do jornalista Paulo Francis, redivivo no twitter, hoje:

Fernando Henrique Cardoso arrastou-se pelo segundo governo com uma faca nas costas. O racionamento de energia em 2001 completou o serviço.

Estaria o santo profeta preconizando o mesmo para o segundo mandato de Dona Dilma, logo hoje que as autoridades da área de energia falam sobre a possibilidade de apagão em 2015?

Sem energia, não há investimento. Sem investimento, não acontecem novas vagas de emprego. Como já asseverava minha Avó, pra baixo todo santo ajuda.

Paulo Francis morreu de doenças coronarianas, agravadas por um profundo stress, depois que a diretoria da Petrobras resolveu processá-lo nos Estados Unidos, onde residia.

Diz o blog Paçoca Com Cebola:

Paulo Francis morreu em fevereiro de 1997, em Nova Iorque, de um enfarte fulminante causado, em boa parte, pelo desgosto e sentimento de injustiça que corroeu sua alma e seu coração, e nos privou do cara mais chato e irremediavelmente brilhante e encantador que o Brasil já teve.  Francis estava sob a enorme pressão resultante de um processo judicial ardilosamente proposto contra ele nos Estados Unidos por suposta calúnia contra a Petrobras.

Pouco antes, no Programa de Tv a cabo do qual participava, o Manhattan Connection, transmitido pela GNT, à época, Paulo Francis sugeriu a privatização da Petrobras e chamou atenção para o fato de que seus diretores desviavam dinheiro para contas na Suíça.

Pois esperamos 17 anos para que ficassem provadas as denuncias de Francis. O Petrolão, que me desculpem os tucanos, não começou com o aparelhamento do PT. O PT apenas continuou a roubalheira na Petrobras.

 

Liga Nordeste novo

20 anos depois, o Plano Real ainda governa nossa vida financeira

plano real

“Era um sábado, 02 de julho de 1994. Fernando Henrique Cardoso amanhece em Poços de Caldas (MG) e se dirige para a agência do Banco do Brasil. Abre a carteira, pega seu dinheiro, sempre pouco, e os troca por Reais. Ao tomá-los nas mãos encheu-se de orgulho, e se lembrou do longo caminho percorrido, um ano inteiro trabalhando na formulação do plano econômico, explicando-o à sociedade, até chegar ao lançamento da nova moeda. Já candidato à Presidente, FHC sentiu o peso da responsabilidade. Das Minas Gerais, o Brasil inteiro lhe abria as portas para seu comando político.” Da página de FHC no Facebook.

Os mais velhos, como este editor, ainda lembram dos seis planos milagrosos, além das 4 moedas diferentes, a começar pelo Cruzado, em 1986, que acabaram não dando certo. Depois de 1994, 20 anos de estabilidade econômica e a inserção do País nas comunidades financeiras internacionais. Cada brasileiro deve uma pequena oração de gratidão a FHC, principalmente pela dureza dos seus dois mandatos na consolidação do plano Real.

FHC volta ao Maracanã 63 anos depois

Fhc e AécioFernando Henrique Cardoso, com Patrícia, e Aécio, com Letícia, foram ao novo Maracanã no domingo. Em conversa com o coleguinha Luiz Augusto Nunes, do site “CBF news”, o ex-presidente confessou que foi, então com 19 anos, um dos 200 mil brasileiros que testemunharam ao vivo a derrota para o Uruguai, na Copa de 1950. “Lembro-me até hoje do silêncio impressionante no fim do jogo”, recordou FHC.

Livres da caixinha de maldades de José Serra, o Ex-presidente e o Senador agora encaminham a Oposição contra a caneta avassaladora da Presidente Dilma.

“Beijar a Cruz”.

Por Fernando Henrique Cardoso

Já passou da hora de o governo do PT beijar a cruz. Afinal, muito do que ele renegou no passado e criticou no governo do PSDB passou a ser o pão nosso de cada dia da atual administração. A começar pelos leilões de concessão para os aeroportos e para a remodelação de umas poucas estradas.

No início, procurava mostrar as diferenças entre “nós” e “eles”, em seu habitual maniqueísmo. Nossos leilões, diziam, visam a obter a menor tarifa para os pedágios. Ou então, afirmavam, nossos leilões mantêm a Infraero na administração dos aeroportos.Dessas “inovações”, resultou que as empresas vencedoras nem sempre foram as melhores ou não fizeram as obras prometidas.

Pouco a pouco, estão sendo obrigados a voltar à racionalidade, como terão de fazer no caso dos leilões para a construção de estradas de ferro, cuja proposta inicial assustou muita gente, principalmente os contribuintes. Neles, troca-se a vantagem de a privatização desonerar o Tesouro pela obsessão “generosa” de atrair investimentos privados com o pagamento antecipado pelo governo da carga a ser transportada no futuro…

Ainda que renitente em rever acusações feitas no passado (alguns insistem em repeti-las), a morosidade no avanço das obras de infraestrutura acabará por levar o governo petista a deixar de tentar descobrir a pólvora. Já perdemos anos e anos por miopia ideológica.

O PT não conseguiu ver que os governos do PSDB simplesmente ajustaram a máquina pública e as políticas econômicas à realidade contemporânea, que é a da economia globalizada.

Tomaram a nuvem por Juno e atacaram a modernização que fizemos como se tivesse sido motivada por ideologias neoliberais e não pela necessidade de engajar o Brasil no mundo da internet e das redes, das cadeias produtivas globais e de uma relação renovada entre os recursos estatais e o capital privado.

Sem coragem para fazer autocrítica, o petismo foi pouco a pouco assumindo o programa do PSDB, e, agora, críticos do mais variado espectro cobram deste o suposto fato de não ter propostas para o Brasil… Entretanto, a versão modernizadora do PT é “envergonhada”. Fazem mal feito, como quem não está gostando, o que o PSDB fez e faria bem feito se estivesse no comando.

Agora chegou a vez dos portos. Alberto Tamer — e presto homenagem a quem faleceu deixando um legado de lucidez em suas colunas semanais —, na última crônica que fez em “O Estado de S.Paulo”, “Foi Fernando Henrique Cardoso que abriu os portos”, recordava o esforço, ainda no governo Itamar Franco, quando Alberto Goldman era ministro dos Transportes, para dinamizar a administração portuária, abrindo-a à cooperação com o setor privado pela Lei 8.630 de 1993.

Caro custou tornar viável aquela primeira abertura quando eu assumi a Presidência. Foi graças aos esforços do contra-almirante José Ribamar Miranda Dias, com o Programa Integrado de Modernização Portuária, que se conseguiu avançar.

Chegou a hora para novos passos adiante, até porque o Decreto 6.620 do governo Lula aumentou a confusão na matéria, determinando que os terminais privados só embarcassem “carga própria”. Modernizar é o que está tentando fazer com atraso o governo Dilma Rousseff.

Mas, aos trancos e barrancos, sem negociar direito com as partes interessadas, trabalhadores e investidores, sem criar boas regras de controle público nem assumir claramente que está privatizando para aumentar a eficiência e diminuir as barreiras burocráticas.

Corre-se o risco de repetir o que já está acontecendo nos aeroportos e nas estradas: atrasos, obras mal feitas e mais caras etc. No futuro, ainda dirão que a culpa foi “da privatização”… Isso sem falar do triste episódio das votações confusas, tisnadas de suspeição e de resultado final incerto no caso da última lei dos portos.

A demora em perceber que o Brasil estava e está desafiado a dar saltos para acompanhar o ritmo das transformações globais tem sido um empecilho monumental para as administrações petistas. No caso do petróleo, foram cinco anos de paralisação dos leilões.

Quanto à energia em geral, a súbita sacralização do pré-sal (e, correspondentemente, a transformação da Petrobras em executora-geral dos projetos) levou ao descaso no apoio à energia renovável, à de biomassa (como o etanol da cana-de-açúcar) e à eólica.

Mais ainda não houve preocupação alguma com programas de poupança no uso da energia. Enfim, parecem ter assumido que, já que temos um mar de petróleo no pré-sal, para que olhar para alternativas?

Ocorre, entretanto, que a economia norte-americana parece estar saindo da crise iniciada em 2007/8 com uma revolução tecnológica (de discutíveis efeitos ambientais, é certo) que barateará o custo da extração dos hidrocarburetos e colocará novos desafios ao Brasil.

A incapacidade de visão estratégica, derivada da mesma nuvem ideológica a que me referi, acrescida de um ufanismo mal colocado, dificulta redefinir rumos e atacar com precisão os gargalos que atam nossas potencialidades econômicas ao passado.

Não é diferente do que ocorre com a indústria manufatureira, quando, em vez de perceber que a questão é a de reengajar nossa produção nas cadeias produtivas globais e fazer as reformas que permitam isso, se faz uma política de benefícios esporádicos, ora diminuindo impostos para alguns setores, ora dando subsídios ocultos a outros, quando não culpando o desalinhamento da taxa de câmbio ou os juros altos (os quais tiveram sua dose de culpa) pela falta de competitividade de nossos produtos.

As dificuldades crescentes do governo em ver mais longe e administrar corretamente o dia a dia para ajustar a economia à nova fase do desenvolvimento capitalista global (como o PSDB fez na década de 90) indicam que é tarde para beijar a cruz, até porque o petismo não parece arrependido. Melhor mudar os oficiantes nas eleições de 2014.

rizzo grande

Fernando Henrique diz que programas de Dilma não saem do papel

dilmaFernando Henrique Cardoso, em artigo veiculado neste final de semana, pega pesado com o Governo do PT:

Contra o risco de baixo crescimento econômico, escreveu FHC, “vão sendo anunciados a cada dia novos planos e programas” que “só saem do papel morosamente e, muitas vezes, nem isso.” Por quê? “Talvez porque acreditemos demais em grandes planos salvadores e menos no método, na rotina, na persistência e na inovação para acelerar o caminho.”

Vai mais longe, o ex-Presidente: “Falta método ao Governo, que insiste nas piruetas virtuais.”

“O Brasil reincide em equívocos voluntaristas do passado. Faz isso com uma grandiosidade que não corresponde à realidade.”

Contra o risco de baixo crescimento econômico, escreveu FHC, “vão sendo anunciados a cada dia novos planos e programas” que “só saem do papel morosamente e, muitas vezes, nem isso.” Por quê? “Talvez porque acreditemos demais em grandes planos salvadores e menos no método, na rotina, na persistência e na inovação para acelerar o caminho.” Com comentários do jornalista Josias de Souza.

Interessante foi que na manhã de ontem nos referimos “às firulas” do Governo, no artigo “Um pouco de seriedade é necessário”. FHC definiu melhor: “Piruetas virtuais”.

A realidade é que dona Dilma e o Governo do PT lembram o grande meio-campista Bráulio, do Internacional, que tinha um domínio de bola exemplar, com dribles, chapéus e firuletas, mas que dificilmente chegava ao gol.

Dona Dilma joga para a torcida, para os eleitores. Não tem um projeto sério de gestão. Tem apenas um projeto de poder.

Como Lula não foi, Dona Dilma não é uma patriota. Não quer ficar na história deste País. Quer apenas participar das deliciosas fatias do mando e da caneta na mão. 

Topvel S10 retangular

Fernando Henrique: “Houve crime.”

Fernando Henrique, o ex-presidente que não se mete em conluios com procurados pela Interpol, sobre o julgamento que corre na suprema corte do País: 

“Calo sobre quem deva ser punido e em que grau, mas não se deve obscurecer o essencial: houve crime.”

Dilma recebe FHC e Jimmy Carter.

A presidenta Dilma Rousseff recebeu para um jantar no Palácio da Alvorada integrantes do grupo Os Elders, que reúne líderes mundiais em defesa da paz e da resolução de conflitos. Fundado em 2007 pelo ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, o grupo tem entre seus membros o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter e ex-alta comissária da ONU para Direitos Humanos Mary Robinson, todos presentes ao encontro com Dilma Rousseff.Foto de Roberto Stuckert Jr., da Presidência da República.

Fernando Henrique conta como o mundo mudou depois do 11 de setembro.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso relembra o 11 de setembro de 2001, há dez anos, quando era Presidente da República, e comenta sobre o panorama global após essa fatídica data.

O legado do presidente que refundou o Brasil.

O Instituto Fernando Henrique Cardoso  publicou um estudo que analisa o governo de FHC e lista 80 ações de seu governo que mudaram o Brasil. O documento destaca “que a herança deixada por Fernando Henrique Cardoso ao seu sucessor ultrapassa certos números simplistas comumente utilizados no mundo político para se comparar a gestão presidencial” e que os pontos selecionados são “de natureza estruturantes, executadas pela equipe dirigente que governou o país nos 8 anos de FHC na presidência da República do Brasil”. 

Entre as medidas realizadas no governo de FHC estão a abertura da exploração dos serviços públicos de telecomunicações ao capital privado, a privatização de estatais como a Vale do Rio Doce e a Telebrás, a criação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além dos programas de distribuição de renda como o Bolsa Alimentação, o Programa Auxílio-Gás e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.

Vale a pena ler a lista inteira, para concluir como FHC refundou este País. Seu único pecado foi deixar a continuidade do seu governo na mão deste povinho singular que hoje habita a “Esplanada dos Mistérios”. Continue Lendo “O legado do presidente que refundou o Brasil.”

FHC lança página de mobilização e debate na internet.

FHC explica os motivos que o levaram a idealizar o Observador Político e afirma que que as ferramentas digitais são fundamentais para a mobilização e para a discussão da sociedade.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) apresentou, nesta quinta-feira (21), o seu braço digital para tentar refundar a oposição ao governo federal. A página da internet batizada de “Observador Político” terá como mote o princípio de olhar, participar e espalhar a informação. Com a contribuição de tucanos e intelectuais, FHC lança a comunidade virtual para a discussão de propostas políticas e econômicas para o país. O portal adotará um padrão de rede social, com a extensão de conteúdos para o Twitter e Facebook, tem a meta de reunir até um milhão de usuários e deve contar com um amplo time de blogueiros.”Queremos promover um debate abrangente, democrático e com conteúdo sobre o Brasil e o mundo. Comente, opine, espalhe. Sua participação é fundamental”, publicou.

O culpado, por favor!

Se 55 navios esperam ao largo, no porto de Santos, para carregar açúcar e a fila para descarregar soja em Paranaguá já alcança mais de 30 kms, fica uma pergunta no ar: depois de 8 anos de Governo do PT ainda se vai colocar a culpa dos gargalos da infraestrutura do País em Fernando Henrique Cardoso? Aeroportos, estradas federais, portos, saúde, educação, navegação de cabotagem, energia, saneamento, tudo isso vai mal. FHC fez um governo contido. E a alegre gestão lulista, fez o quê?

O Brasil será a quinta economia do mundo em menos de duas décadas. À revelia de seus gestores.

“Tempo de Muda”, o artigo de Fernando Henrique Cardoso no Estadão.

Novo ano, nova presidente, novo Congresso atuando no Brasil de sempre, com seus êxitos, suas lacunas e suas aspirações. Tempo de muda, palavra que no dicionário se refere à troca de animais cansados por outros mais bem dispostos, ou de plantas que dos vasos em viveiro vão florescer em terra firme. A presidente tem um estilo diferente do antecessor, não necessariamente porque tenha o propósito de contrastar, mas porque seu jeito é outro. Mais discreta, com menos loquacidade retórica. Mais afeita aos números, parece ter percebido, mesmo sem proclamar, que recebeu uma herança braba de seu patrono e de si mesma. Nem bem assume e seus porta-vozes econômicos já têm de apelar para as mágicas antigas (quanto foi mal falado o doutor Delfim, que nadava de braçada nos arabescos contábeis para esconder o que todos sabiam!), porque a situação fiscal se agravou. Até os mercados, que só descobrem estas coisas quando está tudo por um fio, perceberam. Mesmo os “velhos bobos ortodoxos do FMI”, no linguajar descontraído do ministro da Fazenda, viram que algo anda mal.

Seja no reconhecimento mal disfarçado da necessidade de um ajuste fiscal, seja no alerta quanto ao cheiro de fumaça na compra a toque de caixa dos jatos franceses, seja nas tiradas sobre os até há pouco tempo esquecidos “direitos humanos”, há sinais de mudança. Os pelegos aliados do governo que enfiem a viola no saco, pois os déficits deverão falar mais alto do que as benesses que solidarizaram as centrais sindicais com o governo Lula.

Aos novos sinais se contrapõem os amores antigos: Belo Monte há de vir à luz por cesariana, esquecendo as preocupações com o meio ambiente e com o cumprimento dos requisitos legais; as alianças com os partidos da “governabilidade” continuarão a custar caro no Congresso e nos Ministérios, sem falar no “segundo escalão”, cujas joias mais vistosas, como Furnas (está longe de ser a única), já são objeto de ameaças de rapto e retaliação.

Diante de tudo isso, como fica a oposição?

Digamos que ela quer ser “elevada”, sem sujar as mãos (ou a língua) nas nódoas do cotidiano nem confundir crítica ao que está errado com oposição ao País (preocupação que os petistas nunca tiveram quando na oposição). Ainda assim, há muito a fazer para corresponder à fase de “muda”. A começar pela crítica à falta de estratégia para o País: que faremos para lidar com a China (reconhecendo seu papel e o muito de valioso que podemos aprender com ela)? Não basta jogar a culpa da baixa competitividade nas altas taxas de juros. Olhando para o futuro, teremos de escolher em que produtos poderemos competir com China, Índia, asiáticos em geral, Estados Unidos, etc. Provavelmente serão os de alta tecnologia, sem esquecer que os agrícolas e minerais também requerem tal tipo de conhecimento. Preparamo-nos para a era da inovação? Reorientamos nosso sistema escolar nessa direção? Como investir em novas e nas antigas áreas produtivas sem poupança interna? No governo anterior os interesses do Brasil pareciam submergir nos limites do antigo “Terceiro Mundo”, guiados pela retórica do Sul-Sul, esquecidos de que a China é Norte e nós, mais ou menos. Definimos os Estados Unidos como “o outro lado” e percebemos agora que suas diferenças com a China são menores do que imaginávamos. Que faremos para evitar o isolamento e assegurar o interesse nacional sem nos guiarmos por ideologias arcaicas?

Há outros objetivos estratégicos. Por exemplo, no caso da energia: aproveitaremos de fato as vantagens do etanol, criaremos uma indústria alcoolquímica, usaremos a energia eólica mais intensamente? Ou, noutro plano, por que tanta pressa para capitalizar a Petrobrás e endividar o Tesouro com o pré-sal em momento de agrura fiscal? As jazidas do pré-sal são importantes, mas deveríamos ter uma estratégia mais clara sobre como e quando aproveitá-las. O regime de partilha é mesmo mais vantajoso? Nada disso está definido com clareza.

O governo anterior sonegava à população o debate sobre seu futuro. O caminho a ser seguido era definido em surdina nos gabinetes governamentais e nas grandes empresas. Depois se servia ao País o prato feito na marcha batida dos projetos-impacto do tipo trem-bala, PACs diversos, usinas hidrelétricas de custo indefinido e serventia pouco demonstrada. Como nos governos autoritários do passado. Está na hora de a oposição berrar e pedir a democratização das decisões, submetendo-as ao debate público.

Não basta isso, entretanto, para a oposição atuar de modo efetivo. Há que mexer no desagradável. Não dá para calar diante de a Caixa Econômica ter-se associado a um banco já falido, que agora é salvo sem transparência pelos mecanismos do Proer e assemelhados. E não foi só lá que o dinheiro do contribuinte escapou pelos ralos para subsidiar grandes empresas nacionais e estrangeiras, via BNDES. Não será tempo de esquadrinhar a fundo a compra dos aviões? E o montante da dívida interna, que ultrapassa R$ 1,6 trilhão, não empana o feito da redução da dívida externa? E dá para esquecer os cartões corporativos usados pelo Alvorada, que foram tornados “de interesse da segurança nacional” até ao final do governo Lula para esconder o montante dos gastos? Não cobraremos agora a transparência? E o ritmo lento das obras de infraestrutura, prejudicadas pelo preconceito ideológico contra a associação do público com o privado, contra a privatização necessária em casos específicos, passará como se fosse contingência natural? Ou as responsabilidades pelos atrasos nas obras viárias, de aeroportos e de usinas serão cobradas? Por que não começar com as da Copa, libertas de licitação e mesmo assim dormindo em berço esplêndido?

Há, sim, muita coisa para dizer nesta hora de “muda”. Ou a oposição fala, e fala forte, sem se perder em questiúnculas internas, ou tudo continuará na toada de tomar a propaganda por realização. Mesmo porque, por mais que haja nuances, o governo é um só Lula-Dilma, governo do PT ao qual se subordinam ávidos aliados.

Descolar de FHC, o grande erro de Serra.

Fernando Henrique Cardoso, nesta sexta-feira, no Financial Times:

“Nós gastamos toda nossa vida nos preocupando com a quantidade – se o PIB cresce ou não. Agora a questão é de qualidade. Que tipo de educação é essa? O principal motivo do filho ir à escola não é mais econômico. Eles perderam o interesse, porque a qualidade do ensino é péssima. Precisamos de uma nova onda de reformas”, continua Cardoso. Como vamos aumentar a produtividade para competir? Isso significa a reforma fiscal, impostos mais baixos, o investimento em capital humano e infra-estrutura.”

Os tucanos hoje sabem que a campanha de José Serra deveria ser, ao contrário do que ele temia, plebiscitária, comparando os governos de FHC e Lula. Falar em salário de 600 reais é besteira. Ninguém, nem o trabalhador, quer saber de um salário de fome. Só os pobres nordestinos aposentados se satisfazem com um salário-mínimo.

Por outro lado, pergunta-se: Lula sabe o que é educação de qualidade? Dilma sabe o que é educação de qualidade? O Brasil só vai deixar de ser o País do futuro o dia que investir 30% do orçamento em educação.

Para Fernando Henrique, Lula é “chefe de facção”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de agir como “militante e chefe de facção” durante a campanha eleitoral e pregou que o Supremo Tribunal Federal (STF) atue para impedir esses excessos. “Eu vejo um presidente que virou militante, chefe de uma facção política, e acho que isso está errado”, disse. Segundo reportagem do Estadão, FHC citou também o escândalo envolvendo Israel Guerra, filho da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. “Isso é o mensalão de novo, não é lobby”.

Democracia virtual.

Fernando Henrique Cardoso, o homem que reiventou o País após 20 anos de ditadura e da incúria dos governos que a seguiram, faz, neste domingo, no jornal O Estado de São Paulo e em outros importantes periódicos do País, um exemplar libelo contra a situação de desmazelo frente às nossas mais sagradas instituições democráticas. O artigo em sua íntegra:

Vivemos uma fase de democracia virtual. Não no sentido da utilização dos meios eletrônicos e da web como sucedâneos dos processos diretos, mas no sentido que atribui à palavra “virtual” o dicionário do Aurélio: algo que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito atual. Faz tempo que eu insisto: o edifício da democracia, e mesmo o de muitas instituições econômicas e sociais, está feito no Brasil. A arquitetura é bela, mas quando alguém bate à porta a monumentalidade das formas institucionais se desfaz num eco que indica estar a casa vazia por dentro. Continue Lendo “Democracia virtual.”

Não verás país nenhum como este?

Ontem, um analista experimentado, perguntava: “Quantos anos tem o caro jornalista? Mais de 60 respondi. Ao que arrematou: “Então com certeza não verás o PT fora do poder”. O bom humor do amigo não deixa de ter uma pitada de humor negro. Por outro lado, já somos experimentados em ver mudanças radicais. Por exemplo, Getúlio Vargas voltar ao poder, nos braços do povo, em 50, depois de 5 anos de ostracismo e sair, menos de quatro anos depois, morto do Catete; ou ainda, Jânio Quadros, eleito com a maior votação proporcional até hoje, renunciar 7 meses depois; ou então, torcer por Tancredo Neves e ganhar 6 anos de José Sarney. Vimos, da nossa janela no Anexo IV da Câmara, a instalação da CPI do Orçamento, em 93, e a movimentação da Polícia Federal levando e trazendo detidos para depor. Vimos ainda o Congresso fechado no final de 67, os comícios-relâmpago no centro de Porto Alegre, o fenômeno midiático Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso organizar a economia do País. Já vimos muita coisa e soubemos que a política e o poder, como as nuvens, sofrem mutações a cada minuto.

A foto, onde o general Costa e Silva medita no plenário da Câmara, fechado pelo Ato Institucional nº 5, foi uma das mais famosas capas da revista Veja. Foi tirada por fotógrafo da Folha (não conseguimos identificar o autor), e transportada dentro da camisa de um repórter para São Paulo. A capa da revista não tinha chamada. Precisava?

Tucanos e democratas na UDN? Isso é notícia do PT!

“O futuro não é o que tememos. É o que ousamos”. A frase é atribuída a Carlos Lacerda e se destaca no site do movimento que objetiva recriar a UDN – União Democrática Nacional. Seus organizadores proclamam que “a UDN é um partido de direita, norteado por princípios republicanos, comprometido como a Democracia e as liberdades individuais, retorna à cena política nacional”.
“Forjado para combater o populismo getulista, a UDN renasce para enfrentar adversários ainda mais maliciosos: o patrimonialismo petista e a hegemonia cultural e política da esquerda estatista do Brasil”. A notícia já está espalhada na internet. Essa eu li no Blog do Aluizio Amorim.

Ontem, um democrata roxo, dizia que a nova UDN seria formada pelo Democratas e PSDB. Eu afirmo: “Que sonho doirado! Como misturar Mário Covas e Fernando Henrique com Carlos Lacerda?” Só em factóides veiculados na internet.

Serra diz que pobres pagam mais impostos que ricos.

Neste momento, o candidato José Serra está na TV Brasil, dando uma entrevista. Ele afirma que no Brasil pobre paga mais imposto que rico. Isso acontece por causa de impostos embutidos nas mercadorias, diz Serra. Ele diz que é possível resolver a questão com uma legislação que não dependa de emendas à Constituição e se propõe a criar a nota fiscal brasileira.

Serra não é pai dos transgênicos, Fernando Henrique não estabilizou o País, nem criou o Bolsa Escola. Mas e as idéias do PT? Onde estão? Taxando com 25 a 30% coisas básicas como o celular pré-pago, luz e água. Como dizem os baianos, ai, ai!

O proverbial paodurismo do tucano mor.

Aniversário de casamento entre o então presidente Fernando Henrique Cardoso e a falecida Dona Ruth. Resolvem jantar fora. O restaurante escolhido foi o Francisco (Asbac), localizado às margens do Lago Paranoá, com um visual pra lá de romântico, em área nobre de Brasília.

O chef catarinense Francisco Ansiliero, um mago do bacalhau e dos cortes de carne brasileiros, resolve oferecer de presente o vinho predileto de FHC, não por acaso, um dos mais caros da adega.

A adega é uma das maiores do Brasil e o vinho é um “La Romanée-Conti”, produzido na Côte de Nuits (França), que não sai por menos de US$ 6 mil a garrafa, ou seja, cerca de R$ 10,5 mil.

O casal, cercado por seguranças, pede uma entradinha e beberica lentamente o vinho reverenciado por enólogos e enófilos do mundo inteiro. Não se sabe se, ou pelo efeito da quantia em dinheiro que passava por suas gargantas – equivalente a 20 salários mínimos – ou se pelo efeito embriagante do maior vinho da Borgonha, deu um soninho nos dois. FHC pede a conta.

Lá vem a dolorosa e nela consta algumas garrafinhas de água e uma entrada, que não devem ter custado R$ 50. O Presidente da República Federativa do Brasil deixa a pompa de lado e cutuca com o cotovelo um de seus seguranças. O segurança tira R$ 50 do bolso e paga a conta.

FHC: “acho que Serra é mais seguro para o Brasil”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2003) considera o resultado da corrida presidencial de 2010 imprevisível. Entrevistado pelos jornalistas Boris Casoy, Fernando Mitre, Joelmir Betting e José Paulo Andrade na edição deste domingo no programa Canal Livre, da Band, FHC disparou contra os petistas Lula e Dilma Rousseff e defendeu seu colega de partido no PSDB José Serra como melhor opção na disputa.
Para FHC, a candidata do PT ao Planalto ainda é uma incógnita. Apesar de ter sido ministra de Minas e Energia e da Casa Civil no governo Lula, ela não tem a experiência de Serra como prefeito e governador. “Acho que (Serra) é mais seguro para o Brasil”, opinou. Continue Lendo “FHC: “acho que Serra é mais seguro para o Brasil”.”

Dilma, é certo, não se envergonha de Lula.

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A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse ontem que a oposição evita comparar os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso por sentir vergonha da gestão do tucano. “Eu preciso comparar. Eu vou fazer o quê? Eu vou fingir que não participei do governo Lula porque os outros têm vergonha de ter participado do governo FHC?”

Dilma deveria comparar coisas mais simples do povo entender. Como por exemplo, o fato do nosso Grande Timoneiro ter gasto mais de 600 milhões em 7 anos de Governo, enquanto Fernando Henrique gastou 58 milhões de reais em 8 anos. Ou como Lula ficou quase 400 dias fora do País, em nome de uma ação institucional diplomática que até agora trouxe poucos frutos para o País. Veja bem: em 7 anos, Lula ficou mais de um ano fora do País. E mais de 80% de seu Governo, fora do seu gabinete, fazendo campanha em proveito próprio e de seus candidatos. O povo adora isso. E Dilma, pelo jeito, também.

Hora de União, artigo de Fernando Henrique Cardoso.

O ex-presidente da República, analisa através de perspectiva histórica, o momento político atual, a ameaça do “capitalismo de estado” e as condições de Dilma Rousseff, na eventualidade de sua eleição, de “segurar” o PT:

A visão de futuro mostra quem é verdadeiramente líder. No auge das lutas pela volta às eleições diretas e pelo fim do autoritarismo, três personagens, cada qual à sua maneira, foram decisivos para que conseguíssemos mudar o rumo do país. Não foram os únicos. Muita gente se empenhou desde a campanha das Diretas Já com o mesmo propósito. Nem se deve esquecer o papel desempenhado pelas grandes greves do ABC e por seus líderes. Mas, a partir da derrota da emenda Dante de Oliveira, quando se colocou a possibilidade de derrotar o candidato do Sistema utilizando-se o próprio Colégio Eleitoral, a condução do processo passou a depender de Ulysses Guimarães, Franco Montoro e Tancredo Neves.

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Farra dos contratados é grande. Muito grande.

José Serra tem que melhorar a pontaria e enfrentar suas mazelas eleitorais.

O Globo Online publica manchete informando que o trem da alegria não pára no Planalto Central:

Governo Lula aumentou em 119% as despesas com cargos de confiança. Nos últimos sete anos, cresceu 35% o número de pessoas que ocupam esses cargos e não têm vínculo com o governo.

Folha de São Paulo afirma que Serra está com medo das consequências da cassação de Gilberto Kassab.

O candidato do PSDB é cauteloso demais para o gosto da maioria dos eleitores. Tanto que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é que está tomando a frente na confrontação com o Governo. Se o Kassab for cassado, se a Justiça chegar a conclusão que deve ser cassado, Serra tem que ir para a televisão e dizer que “está certo”, que corrupto não pode ter vez no Governo. Ou não?

Já o Estado de São Paulo mancheteia que os grandes projetos nas áreas de energia elétrica e de telecomunicações continuarão a liderar a expansão da infraestrutura do País, que deve receber R$ 274 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos – a maioria dos recursos será aplicada durante a administração do próximo governo.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: e os investimentos no pré-sal, que devem demandar mais U$160 bilhões – de um total de 600 bilhões de dólares? E os investimentos em ferrovias, rodovias, portos e, principalmente, em saneamento, o grande vexame brasileiro? E a saúde e a educação? E a segurança pública?