China está criando dificuldades para a exportação de fertilizantes.

Trabalhador em terminal de exportação de fertilizantes na China (Foto: Reuters)

Em meados de Setembro já se especulava que a China poderia restringir as exportações de fertilizantes.

Agora a posição oriental está se formatando, com o Governo Chinês criando entraves burocráticos para autorizar o embarque de fertilizantes.

Algumas cargas de fertilizantes da China, prontas para serem embarcadas, estão passando por inspeções adicionais ou precisando de novos certificados de exportação para poderem, efetivamente, serem exportadas.

O mercado continua especulando como estas restrições que têm sido impostas pelo governo chinês poderiam culminar em uma restrição ainda mais severa nas exportações do país, agravando esse choque de insumos pelo qual passa o mundo.

O Brasil é dependente dessas exportações chinesas. No último dia 15 de outubro, a Administração Geral das Alfândegas da China trouxe um comunicado informando que as inspeções sobre os fertilizantes já estaria em vigor, contabilizando 29 produtos, entre eles: ureia, DAP, MAP, NPK, NP / NPS, MOP, SOP, cloreto de amônio e fertilizantes de nitrato de amônio.

Diante disso, os preços internacionais – e consequente os formados para os produtores rurais brasileiros – seguem encontrando espaço para altas que parecem não encontrar um teto.

O Brasil é quase auto-suficiente em Fósforo e era auto-suficiente em nitrogenados. Mas a Petrobras fechou, à revelia da importância estratégica, seis plantas de produção de Ureia. A par disso, o petróleo deu outro saldo no dia de ontem, junto com o dólar, o que deve fortalecer os preços de importação de nitrogenados.

A soja não depende da ureia, pois a leguminosa é capaz de retirar do ar o nutriente do qual precisa, com a ajuda de bactérias inoculadas. No entanto, lavouras básicas como o arroz e o milho dependem fortemente de nitrogenados, além de uma gama grande de cultivos como café, algodão, frutas, legumes e verduras.

Yara inicia operação de unidade adquirida em Catalão (GO)

O presidente da Galvani, Lieven Cooreman, e o vice-presidente de Nutrição de Plantas da Yara, Cleiton Vargas.
O presidente da Galvani, Lieven Cooreman, e o vice-presidente de Nutrição de Plantas da Yara, Cleiton Vargas.
 A partir desta semana, a Yara passa a operar em Catalão (GO). Após a aprovação da aquisição da unidade industrial misturadora da Adubos Sudoeste pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a unidade foi preparada para atuar com os mesmos padrões globais da Yara. Com o início da operação, a empresa reforça sua presença na região e se aproxima de agricultores de um dos principais polos agrícolas do país, o Centro-Oeste.

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A unidade possui capacidade total de 300 mil toneladas por ano, com potencial para ampliar a produção de acordo com a demanda. “Com a operação em Catalão passamos a nos beneficiar de uma boa estrutura energética e ótima malha rodoviária e ferroviária, facilitando o escoamento da produção e nossa presença junto aos clientes”, explica Cleiton Vargas, vice-presidente de Nutrição de Plantas da Yara Brasil.

Segundo o executivo, a nova unidade possibilita à Yara acelerar a oferta das melhores soluções nutricionais aos produtores rurais de Goiás e região. “Por meio de produtos e programas nutricionais completos, como o Supersoja e +Mays, para milho safrinha, a Yara apoiará ainda mais o agricultor a aumentar sua produtividade de maneira sustentável”, afirma.

Desde novembro, a nova equipe de colaboradores passou por treinamentos e por processos de integração para atuarem segundo as políticas globais da Yara, especialmente no que diz respeito à segurança e ética.

A transação, assinada em agosto e aprovada pelo Cade, é parte da estratégia de expansão da empresa no mercado brasileiro, que recebeu aproximadamente US$ 1,5 bilhão de investimentos nos últimos cinco anos. Dentre os principais aportes estão a aquisição da Bunge Fertilizantes (2013), a joint venture com a Galvani (2014), a construção e revitalização das unidades industriais de mistura mais modernas do Brasil, em Sumaré (SP) e Porto Alegre (RS), os investimentos para o desenvolvimento da unidade de mineração em Serra do Salitre e o anúncio do grande investimento em seu complexo industrial de Rio Grande (RS), no início deste ano.

 

Vem aí a estatal dos fertilizantes. Vai dar certo?

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, e um representante do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, participam hoje (23) de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) para discutir a criação de uma empresa estatal destinada a produzir fertilizantes no país. A sessão está marcada para as 9h30.

A intenção de criar a estatal de fertilizantes foi divulgada nas últimas semanas. O objetivo é a redução do preço do produto em um prazo de dois anos. A administração da empresa ficará a cargo de um conselho de administração, uma diretoria executiva e um conselho fiscal.

Racionalidade em fertilizantes poderá suprir 20% da demanda

Pesquisas realizadas pela Rede FertBrasil podem ajudar a suprir 20% da demanda nacional de fertilizantes, afirmou José Carlos Polidoro, um dos líderes da rede, coordenada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A FertBrasil é formada por mais de 200 pesquisadores de instituições de pesquisa, universidades e empresas privadas do setor.

O Brasil é o segundo maior produtor de grãos do mundo e o terceiro maior consumidor de fertilizantes. De acordo com Polidoro, a indústria nacional de fertilizantes estagnou na década de 90 e a demanda cresceu, a ponto do país importar mais de 90% do produto. “Hoje, consome-se 22,5 milhões de toneladas de fertilizantes, mas 92% é importado”, afirmou.

Estudos desenvolvidos pela rede de pesquisadores atuam em três frentes. A primeira objetiva ensinar os agricultores a aproveitar melhor os fertilizantes e os corretivos agrícolas para que, com a mesma quantidade, se produza mais.

A segunda frente visa a viabilizar fontes alternativas de nutrientes de resíduos agroindustriais (dejetos suínos e de aviários) ou resíduos minerais (fontes de potássio e fósforo de baixo teor não aproveitados pela indústria) para utilização na produção de fertilizantes.

“Se pegarmos 60% dos dejetos de suínos e 80% dos de aviários nos polos produtores [Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Goiás e Mato Grosso] e montarmos algumas fábricas que produzam fertilizantes agrominerais, temos potencial para atender até 20% da necessidade do país”, explicou Polidoro.

A terceira linha de trabalho é reduzir a perda dos nutrientes dos fertilizantes, agregando tecnologias que possam diminuir as perdas, utilizando a mesma quantidade.

O pesquisador disse que a Rede Fert Brasil é responsável pela parte da pesquisa do Plano Nacional de Fertilizantes, que deve ser concluído até o final de março e tem o objetivo de tornar o Brasil autossuficiente até 2020.

Ele afirmou que para aumentar a produção nacional é necessário ampliar a produção das jazidas já existentes, de onde se extraem fósforo e potássio, e explorar novas. “Foram contatadas indústrias produtoras e muitas já se manifestaram e estão montando novas fábricas no país.”

De acordo com a coordenadora de Assuntos Econômicos, da Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosimeire Santos, cerca de 30% do custeio da safra é gasto com fertilizantes, um montante que varia entre R$ 18 bilhões e  R$ 19 bilhões.

“É extremamente importante que seja criada uma política nacional [para a produção de fertilizantes]. Sabemos que não resolverá o problema a curto prazo, mas é estratégico para o país, já que abordará desde o marco regulatório de fertilizantes até questões tributárias que desonerarão a tributação para as empresas”, destacou Rosimeire. PorLisiane Wandscheer, repórter da Agência Brasil.

A Vale negocia com a Bunge capital da Fosfértil.

A Vale informou que negocia aquisição de ativos de fertilizantes com a Bunge no Brasil. Mais cedo hoje, a Fosfertil, controlada pela Bunge, havia comunicado o mercado sobre negociações entre as empresas, sem dar detalhes. De acordo com nota, a Vale está em negociações “por meio de uma de suas controladas”, de ativos de fertilizantes do Grupo Bunge por até US$ 3,8 bilhões.
A transação inclui a participação de 42,3% que a Bunge detém no capital da Fosfertil e um portfólio de ativos que compreende minas de rocha fosfática e unidades de produção de fertilizantes intermediários com base em fósforo (fosfatados) e nitrogênio (nitrato de amônio e uréia). Em nota, a Vale afirma que as negociações “poderão ou não” resultar na aquisição desse portfólio.