Valec consegue liberar obra da ponte sobre o rio São Francisco

De André Borges para o Valor Econômico.

Fiol: obra anda a passos de cágado e sem vontade,  parodiando Lulu Santos.
Fiol: obra anda a passos de cágado e sem vontade, parodiando Lulu Santos.

Depois de três anos de paralisação total, a Valec finalmente conseguiu destravar a construção daquela que pretende ser a maior ponte ferroviária do Brasil. Com custo estimado em R$ 135 milhões, as obras da estrutura que vai cruzar as águas do rio São Francisco fazem parte do traçado da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). A malha de ferro está projetada para cortar todo o Estado, ligando a região de Barreiras a Ilhéus. A ponte, que tem extensão de 2,9 km, será erguida no município de Bom Jesus da Lapa.
Licitada em 2010, a construção da ponte da Fiol foi assumida pelo consórcio Lotec, Sanches Tripoloni e Sobrenco. O Tribunal de Contas da União (TCU), no entanto, determinou a paralisação das obras antes mesmo de seu início, por conta de irregularidades encontradas nos projetos de engenharia apresentados pela Valec.
Em agosto, a reportagem do Valor percorreu todo o traçado da Fiol. No local previsto para a construção da ponte sobre o São Francisco, as empreiteiras montaram alojamentos. Por dois anos, as estruturas ficaram sem nenhum tipo de utilização, ocupadas apenas por vigias.
A decisão do TCU de suspender os efeitos da liminar que impedia o início das obras deve-se, basicamente, a novos esclarecimentos prestados pela Valec e o consórcio construtor, além de justificativas sobre a decisão de mudar o projeto de engenharia que será utilizado na travessia. “A utilização de diferentes concepções de elementos de fundação da ponte, além de apresentar a melhor técnica, é favorável ao aspecto da segurança, uma vez que foi reduzida a utilização de tubulões a ar comprimido, diminuindo os riscos de exposição dos trabalhadores”, argumentou a estatal.
Segundo o TCU, a nova proposta de construção, além de mais simples, terá impacto de apenas 1,5% sobre o valor original do contrato. Pesou ainda o fato de que, caso exigisse a realização de nova licitação, o prejuízo seria muito maior, por conta do prazo para recontratação da obra e rescisão do contrato com as atuais empreiteiras.
Com a liberação da ponte, a Valec tem aval para dar andamento a mais um dos oito lotes que compõem todo o traçado da ferrovia baiana. De todo o traçado da ferrovia, que soma 1.022 quilômetros, o trecho de 500 quilômetros, entre Ilhéus e Caetité, já não possui nenhum tipo de impedimento, tanto do TCU quanto do Ibama, que durante um bom tempo reteve as licenças das obras, por conta da baixa qualidade dos estudos ambientais. O desafio, agora, é resolver as pendências com as empreiteiras.
O contrato do lote 5 da ferrovia, um trecho de 162 km que cruza a região de Caetité, com obras inicialmente estimadas em R$ 720 milhões, foi devolvido pela construtora Mendes Júnior, que já não se interessa mais em fazer a obra, por conta das mudanças feitas no projeto e os custos que essas alterações acarretaram.
A segunda colocada, a Andrade Gutierrez, informou que não assumiria o projeto. A Valec tenta agora um acordo com o terceiro colocado. Caso contrário, terá que partir para uma nova licitação. A estatal também enfrenta dificuldades para destravar o primeiro lote da ferrovia, traçado de 125 km que chega em Ilhéus, devido a problemas financeiros da empreiteira SPA. Tudo indica que a Valec terá de fazer nova licitação para o trecho.
Apesar de todas as dificuldades, a Fiol já não possui pendências com licenciamento ambiental em seu traçado. No TCU, porém, anda há dois lotes paralisados, os quais somam 320 quilômetros de extensão, entre Serra do Ramalho e Barreiras. Em outubro, a Valec realizou leilão para compra de 147 mil toneladas de trilhos para a ferrovia, material que deve começar a ser entregue no início do ano.
A tendência na Valec é redobrar as atenções sobre a Fiol, dado que o ministro dos Transportes, César Borges, que é da Bahia, acaba de trazer para a presidência da estatal o engenheiro civil baiano José Lúcio Machado, que ocupava a presidência da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder).

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Leão lidera grupo de políticos em audiência com Jaques Wagner

João Leão

O deputado João Leão liderou um grupo de políticos, na tarde de hoje, para  audiência com o governador Jaques Wagner .

Estavam presentes os prefeitos Antonio Henrique/Barreiras, Humberto Santa Cruz/Luís Eduardo Magalhães, Lenildo Alves/IBICARAÍ e presidente da AMURC,  Maria Quitéria/presidente da UPB e prefeita de Cardeal da Silva, o prefeito Jabes Ribeiro/Ilhéus, o prefeito Márcio Paiva/Lauro de Freitas, o deputado Cacá Leão, o Secretário da SEINP, Dr. Carlos Costa, além dos Srs. Marco Antonio/presidente do CREA/BA, Clóvis Soares/Pres. da Assoc de Engenheiros e Técnicos Ferroviários da Bahia e Sergipe e  Alfredo J. Santos/Cord. Executivo do Seminário FIOL.

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Entre as pautas, a entrega do convite, apresentação dos objetivos, apoiadores e participantes do seminário FIOL, que acontecerá em Barreiras, neste próximo dia 26.

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Ferrovia para novamente, agora por ordem do TCU.

Imersa desde o início na crise dos Transportes, que resultou na saída do então ministro Alfredo Nascimento e de uma série de funcionários de outros órgãos, a estatal de ferrovias Valec teve, na quarta-feira, nova determinação de paralisação de obras por irregularidades encontradas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Segundo o tribunal, são quatro os lotes da Fiol (Ferrovia Oeste-Leste) -que liga a cidade Ilhéus a Barreiras, ambas na Bahia- que devem ter suas obras paradas. Esses trechos estão orçados em R$ 2 bilhões.
Por nota, a Valec afirmou que “ainda não foi notificada oficialmente da decisão” e que, quando for, tomará as devidas providências.
Para o relator do processo, ministro Weder de Oliveira, os projetos básicos estão desatualizados.
Somente em um lote, metade do traçado deverá ser mudado por causa dessa desatualização.
Apesar de estar ainda no início, o tribunal de contas calcula que a obra já tem um prejuízo de R$ 21 milhões.
Somente em um caso, 230 mil grampos elásticos foram pagos por R$ 2 milhões e o material não foi entregue. 

INTERINIDADE
Em junho, quando denúncias sobre irregularidades nos Transportes iniciaram a chamada “faxina” no governo da presidente Dilma Rousseff, o então diretor da estatal, José Francisco das Neves, o Juquinha, foi um dos primeiros a perder o cargo.
Ele havia sido indicado pelo PR, partido do ex-ministro Alfredo Nascimento.
Antonio Felipe Sanchez Costa, que era diretor administrativo, assumiu a presidência interinamente.
Quase três meses depois da troca de cargos, Costa permanece na presidência de forma interina, e o governo federal ainda não indicou um nome para substituí-lo de forma definitiva.

Amanhã, projeto de Leão e da AIBA tem finalmente ordem de serviço.

O trem não tem apito, mas, os produtores rurais do Oeste da Bahia já sentem que ele está chegando. Amanhã (10), uma comitiva da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) segue até Ilhéus, no Sul da Bahia, para assistir ao presidente Luís Inácio Lula da Silva assinar a ordem de serviço para a construção da Ferrovia Oeste Leste, para a qual estão reservados R$1,2 bilhão no orçamento de 2011. Para o agronegócio da região Oeste, um dos principais pólos agrícolas do país, a Ferrovia da Integração Oeste Leste (Fiol) terá forte impacto na diminuição dos custos com o frete. Para o Estado, será uma considerável economia na manutenção das rodovias e uma alavanca para o desenvolvimento regional.

“São menos 1,6 mil carretas, circulando diariamente nas BRs, emperrando o tráfego, degradando a pavimentação asfáltica e pondo em risco a segurança de milhares de motoristas. Para o produtor, será uma alternativa 50% mais barata de frete e muito mais eficaz”, defende deputado federal João Leão, quem primeiro levou ao presidente Lula, em 2004, junto com os representantes da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), e da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), um estudo preliminar de viabilidade econômica da Fiol, que, pelo projeto original, se chamava Ferrovia Bahia Oeste.

A entrega do projeto, elaborado pela empresa Hydros Engenharia, com a assinatura do engenheiro Nelly Regis, e pago com verba parlamentar, foi feita diretamente ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, ao ministro do Planejamento, Guido Mantega, e ao secretário executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Participaram do grupo capitaneado por Leão, os presidentes da Aiba e da Abapa, à época, respectivamente, Humberto Santa Cruz e João Carlos Jacobsen, o diretor executivo da Aiba, Sérgio Pitt, e os empresários e, então, membros da diretoria da Abapa, Walter Horita e Marcos Busato.

“Lula demonstrou interesse pelo projeto, reafirmou a relevância do ramal para o desenvolvimento baiano e incumbiu o ministro Mantega e o secretário Paulo Sérgio Passos de dar continuidade ao projeto de viabilidade”, lembra Horita, hoje, presidente da Aiba. Depois de encampado pelo Governo Federal, o projeto original passou por alterações para contemplar o minério de Caetité, descoberto posteriormente. Com o minério somado à safra agrícola, a ferrovia tem garantidas 45 mil toneladas de carga ao ano, segundo explica o deputado baiano. Ele afirma que está será a mais importante intervenção governamental na história do cerrado baiano.

“Hoje, seis anos depois, queremos estar presentes neste momento histórico, assim como estivemos no nascimento desse grande sonho que se concretiza”, diz o vice-presidente da Aiba, Sérgio Pitt.

A pergunta que não quer calar: por que não aparecem na foto o Pai e a Mãe da ferrovia? Ou é mais um caso de apropriação indevida de paternidade? Ou de adoção espúria, como foi aquela do aeroporto de Barreiras?