Um palhaço de verdade deixa a Câmara. Restam mais de quinhentos.

O deputado federal Tiririca (PR-SP), codinome do cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva, realizou seu primeiro e último discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (6), após sete anos de mandato.

O discurso de Tiririca durou cerca de oito minutos, e ele afirmou estar deixando a política “decepcionado, mas de cabeça erguida”.

O discurso não deixou claro, porém, se o deputado irá renunciar ao mandato.

Um número pequeno de deputados estava presente no plenário no momento.

“Subo nesta tribuna pela primeira vez e última vez. Não por morte. Porque estou abandonando a vida pública”, disse o deputado.

“Estou saindo triste para caramba. Estou saindo muito chateado, muito chateado mesmo com a nossa política, com o nosso Parlamento. Como artista popular que sou e político que estou, estou saindo chateado”, acrescentou.

“O que eu vi nos sete anos aqui, eu saio totalmente com vergonha. Não vou generalizar, não são todos. Tem gente boa aqui dentro”, afirmou. 

Tiririca teve, como deputado federal mais votado nas eleições de 2014,  1.016.796 votos. Um pouco menos do que no seu primeiro mandato, quando ultrapassou 1,3 milhão de votos. O Deputado é um artista popular bem remunerado, ganha mais de R$100 mil por show e o mandato da Câmara estava atrapalhando seu principal ofício, até pelo fato que não abriu mão da assiduidade, comparecendo de segunda à quinta-feira à Câmara.

Tiririca votou pelo impeachment de Dilma Rousseff e deveria saber, tão experimentado, que aquela pantomima era um golpe. 

Tiririca votou também a favor da PEC que congela o orçamento da área social por 20 anos.

E, finalmente, votou a favor da entrega do pré-sal às multinacionais.

A verdadeira tiririca, a erva daninha, causa menos mal às lavouras que o Deputado causou à Nação.

“A maioria não pode tudo na democracia”.

O promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes, que questionou a validade da candidatura do deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, afirmou que a campanha do candidato foi feita com desigualdade. “A campanha não foi feita com o homem, mas com o personagem. Queria ver ele sem fantasia.”

O promotor afirma que está preparado para comprovar que Tiririca é analfabeto, com um “arsenal de conhecimento” formado para o caso. Ao comentar os ataques que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou ser uma “cretinice” o processo contra Tiririca, e “um desrespeito com os 1,3 milhão de eleitores dele”, Maurício Lopes afirma:

“A maioria não pode tudo numa democracia, a maioria não está acima da lei, que vale para todos. Não é por ter tantos votos que a pessoa está acima da lei”.

(Com informações da Folha).