Portos estrangulados, estradas saturadas, frete caro. Assim é o Brasil exportador.

Estradas saturadas com trânsito de caminhões pesados.
Estradas saturadas com trânsito de caminhões pesados.

Os problemas operacionais registrados no últimos meses nos portos brasileiros durante o escoamento de uma safra de grãos recorde devem se repetir na próxima temporada, uma vez que investimentos em infraestrutura deverão ser sentidos apenas no médio prazo, afirmou nesta terça-feira a associação que reúne as principais empresas do setor de soja no país.

Os portos de Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC), por onde o Brasil escoa a maior parte de sua safra agrícola, estão operando no limite da sua capacidade, disse a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), em um boletim.

“Os portos estão trabalhando com a capacidade máxima e precisam, de forma urgente, resolver os seus gargalos internos”, disse o gerente de economia da entidade, Daniel Furlan Amaral, na nota.

O jornal Valor Econômico, numa grande série de reportagens sobre a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, onde relata a estagnação das obras, refere-se assim ao drama vivido pelos produtores do Oeste:

“Nesta época do ano, em plena safra do algodão, nada menos que 1,5 mil caminhões têm circulado diariamente no eixo que liga as cidades de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Para complicar a situação, a estrada de pista simples passa diretamente pelo centro das cidades, em vez de contorná-las. O asfalto da BR-242 acusa o golpe. Nas entradas e saídas dos municípios visitados pelo Valor, o peso das carretas abre valas profundas no chão. Carros são obrigados a circular em ziguezague para tentar fugir dos buracos. Os acidentes são frequentes.” Da Reuters e do Valor Econômico.

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Ministros e deputados se reúnem para adequar Lei dos Caminhoneiros.

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural ouvirá os ministros da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho; dos Transportes, Paulo Sérgio Passos; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; e das Cidades, Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro, para prestarem esclarecimentos sobre a Lei 12.619/12, que trata do exercício da profissão de motorista de cargas. A audiência, solicitada pelos deputados Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Moreira Mendes (PSD-RO), será realizada nesta terça-feira (4).

Pela lei, que entrou em vigor em 1º de agosto, todos os caminhoneiros são obrigados a cumprir período de descanso de 11 horas a cada 24 horas. Além disso, os profissionais devem fazer uma parada de meia hora a cada quatro horas ao volante. O objetivo é reduzir o número de acidentes nas estradas.

Os setores da indústria e comércio e da agricultura deverão adotar medidas de adequação, de modo a atender a lei, tais como, aquisição de veículos e substituição de outros com capacidades diferentes para fazerem o serviço, o que exigiria investimentos em um momento de economia delicado para os transportadores.

A categoria reclama que o atendimento a essa lei ocasiona, também, a necessidade de contratação e treinamento de motoristas. Os caminhoneiros reivindicam o aumento do valor do frete, a redução dos preços do óleo diesel e dos pedágios. Além disso, eles querem a redução de 35 para 25 anos de trabalho para ter direito a aposentadoria; fim do cartão de frete; não receber pagamento em vale; e ter programas de saúde para a categoria. Os motoristas pedem, também, pontos de apoio nas rodovias para que possam parar e cumprir a jornada de descanso.

Os transportadores do Oeste baiano, um dos principais polos de geração de fretes do País, aguardam com ansiedade a adequação e a definição de regulamentação acessória da Lei. Os frotistas encaram com pessimismo o passivo trabalhista criado pela lei.