Brasil deve dobrar produção agrícola em 40 anos, diz Ministério da Agricultura.

O mapa – áreas alaranjadas – assinala mais de 20 milhões de hectares agricultáveis somente no Maranhão e Piauí.

Projeções do Ministério da Agricultura para os próximos 40 anos indicam que o Brasil deve aumentar sua produção atual de grãos em 88% e a de carnes em 98%. A colheita de grãos, estimada em 159 milhões de toneladas para a safra 2011/2012, deve chegar a 299,5 milhões de toneladas em 2050. A produção de carnes, que este ano totalizou 26,5 milhões de toneladas, será de 52,6 milhões de toneladas, de acordo com a previsão.

Segundo o coordenador-geral de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques, o aumento da produtividade, gerado principalmente pela adoção de tecnologias e pelo melhoramento do processo de gestão e da qualificação do agricultor, é o principal fator do incremento na produção. A taxa de aumento de produtividade da agricultura brasileira nos últimos anos atingiu uma média de 3,6%, enquanto a dos Estados Unidos, por exemplo, ficou em 1,95%.

Segundo Gasques, o crescimento na produção de grãos será acompanhado pelo aumento da área plantada, projetado em 39%. Assim, a área cultivada deve passar de 46,4 milhões de hectares para 64,5 milhões de hectares. De Danilo Macedo, para a Agência Brasil.

Uma das fronteiras agrícolas com maior capacidade de expansão, com sustentabilidade ambiental, da lavoura agrícola é o chamado MATOPIBA, uma grande região com identidade geopolítica entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, cuja produção deve beirar os 10 milhões de toneladas nesta safra. A cidade de Luís Eduardo Magalhães é e deverá continuar sendo o principal polo de serviços do agronegócio desta imensa região, que vai da Vila do Rosário, em Correntina, até a cidade de Balsas, no Maranhão, no sentido sul-norte.

“Matopiba”, a nova fronteira agrícola, produz quase 10% da safra de grãos do País.

Uma região que abrange parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia vem se destacando nos últimos anos na produção de grãos e já é reconhecida como a nova fronteira agrícola do país. Segundo o Ministério da Agricultura, o lugar chamado de Matopiba, uma junção das sílabas iniciais dos quatro estados, teve grande expansão nos últimos dez anos, com a chegada de produtores de outras regiões do Brasil.

O clima com chuvas bem distribuídas e uma topografia plana, característica do cerrado, são alguns dos atrativos econômicos da região. Com uso de tecnologia em áreas extensas, a produção de Matopiba chegou a 12,2 milhões de toneladas de grãos, representando 8,2% da safra brasileira de 149 milhões de toneladas.

Segundo o gerente de Levantamento e Acompanhamento de Safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestétti, a tendência é que essa proporção aumente. Enquanto a previsão de crescimento da safra de grãos 2010/2011 é de 3% em relação à safra anterior, para a nova fronteira agrícola a previsão de crescimento é de 17%. A área plantada teve aumento de 10%.

“As boas perspectivas da região apontam para uma crescente produção nos próximos anos, devido à grande área de cerrado que, sem desobedecer à legislação ambiental, possibilita avançar para novos polos produtivos”, afirmou Bestétti por meio de nota do ministério.

Matopiba, no entanto, ainda sofre com a falta de infraestrutura para escoamento da produção. O ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, o primeiro a visitar a região, disse que os próprios agricultores tiveram que construir estradas para retirar a produção das propriedades. “Aquela região pode ser o grande abastecedor da Região Nordeste, carente em alimentos, mas o Estado nunca tinha ido lá”, afirmou.

Uma das soluções para o escoamento da lavoura é a Hidrovia do Rio Tocantins. No final de 2010 foi inaugurada a Eclusa do Tucuruí e estão em andamento a construção da Ferrovia Norte-Sul e da Eclusa de Lageado, também no Rio Tocantins. Com essas e outras obras já previstas, o potencial de transporte de grãos de Matopiba pode chegar a 18 milhões de toneladas, de acordo com o Ministério da Agricultura.

Segundo o coordenador de Serviços de Infraestrutura Rural, Logística e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, Carlos Alberto Nunes, as obras permitirão o aumento da produção de grãos em diversos municípios, com a conversão de áreas de pastagem em lavouras, sem novos desmatamentos. “Representará mais um grande passo a favor do agronegócio brasileiro”. Danilo Macedo, Repórter da Agência Brasil, com edição de Vinicius Doria.