Petrobrás vende metade da distribuidora de gás natural

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A empresa Mitsui Gás e Energia do Brasil Ltda (Mitsui-Gás) pagou, hoje (28), à Petrobras, R$ 1,93 bilhão pela participação de 49% na Petrobras Gás S.A. (Gaspetro), holding que consolida as participações societárias da Petrobras nas distribuidoras estaduais de gás natural.

Segundo a Petrobras, a transação foi concluída nesta segunda-feira com o pagamento depois da empresa atender a todas as condições precedentes previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações, firmado em 23 de outubro deste ano. A Petrobras acrescentou que houve também a aprovação definitiva e sem restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Petrobras destacou ainda que, com a venda, foi atingida a meta do Programa de Desinvestimento da empresa. “Esta operação, feita por meio de processo competitivo, faz parte do Programa de Desinvestimentos previsto no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 e permitiu atingir a meta de US$ 700 milhões estabelecida para 2015, conforme anunciado em 5 de outubro de 2015”, concluiu a nota da companhia. Da Agência Brasil.

Houve um tempo em que se chamava de privatização. Agora o nome é outro: desinvestimento. De vez em quando é interessante jogar um osso com bastante carne à fera do Sr. Mercado e aos lobos vorazes do neoliberalismo.

Afinal, não queremos nos tornar uma Venezuela, não é mesmo? Por lá, os chavistas estão prestes a afivelar as malas pra pegar o primeiro avião com destino ao exílio, tão grande são as pressões dos ianques sobre os 4 milhões de barris diários de petróleo.

 

Maria Lucia Fattorelli, auditora aposentada da Receita Federal e fundadora do movimento “Auditoria Cidadã da Dívida” no Brasil, deu uma importante entrevista à Carta Capital, que o leitor poderá ver na íntegra clicando aqui, sobre o aumento vertical da dívida pública brasileira e a alienação do patrimônio estatal. Veja uma passagem:

Por que o mercado – quando eu falo em mercado, estou me referindo aos dealers (bancos) – está aceitando novos títulos da dívida como pagamento em vez de receber dinheiro moeda?

Eles não querem receber dinheiro moeda, eles querem novos títulos, por dois motivos.

Por um lado, o mercado sabe que o juros vão virar novo título e ele vai ter um volume cada vez maior de dívidas para receber.

Segundo: dívida elevada tem justificado um continuo processo de privatização. Como tem sido esse processo? Entrega de patrimônio cada vez mais estratégico, cada vez mais lucrativo.

Nós vimos há pouco tempo a privatização de aeroportos. Não é pouca coisa os aeroportos de Brasília, de São Paulo e do Rio de Janeiro estarem em mãos privadas.

O que no fundo esse poder econômico mundial deseja é patrimônio e controle. A estratégia do sistema da dívida é a seguinte: você cria uma dívida e essa dívida torna o pais submisso.

O país vai entregar patrimônio atrás de patrimônio. Assim nós já perdemos as telefônicas, as empresas de energia elétrica, as hidrelétricas, as siderúrgicas. Tudo isso passou para propriedade desse grande poder econômico mundial.

E como é que eles [dealers] conseguem esse poder todo? Aí entra o financiamento privado de campanha. É só você entrar no site do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e dar uma olhada em quem financiou a campanha desses caras. Ou foi grande empresa ou foi banco. O nosso ataque em relação à dívida é porque a dívida é o ponto central, é a espinha dorsal do esquema.