E não se matam cavalos?* Quem são os patriotas que promovem mortes piedosas?

Foto “O Tempo”

Matutando aqui com meus botões, fico imaginando quem seria o autor do crime que distribuiu marmitas envenenadas ou cachaça misturada com veneno para ratos para moradores de rua em Belo Horizonte.

Em quem votou nas últimas eleições esse criminoso?

Será que vai à Igreja nos sábados ou domingos pedir perdão a Deus pelos seus pecados?

Será que leu o livro de Horace McCoy, “Mas não se matam cavalos?” (They Shoot Horses, don’t they?).

Será que ele pensou, como pensam alguns governantes, que eliminando velhos, índios e negros favelados, estarão fazendo um bem para a humanidade?

Se os cavalos com membros fraturados e os maratonistas de dança na Grande Depressão mereciam um ato piedoso de execução, por que não os nossos moradores de rua, os nossos velhos e índios contaminados pela Covid?

Vejam o relato do jornal O Tempo, de BH, sobre o episódio estarrecedor:

Uma mistura de cachaça com chumbinho, veneno usado para matar ratos, pode ter provocado a intoxicação de oito moradores de rua, na manhã de ontem, em uma praça, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, em Belo Horizonte.

De acordo com testemunhas, a bebida estava em uma garrafa de 600 ml de pinga e teria sido dada a uma das pessoas por um desconhecido, durante a madrugada. Depois de consumir a bebida, as vítimas – sete homens e uma mulher – tiveram vários sintomas, como diarreia, náuseas e vômito, provocando tumulto e correria. Pelo menos seis viaturas do Serviço da Atendimento Móvel de Urgência (Samu) participaram do socorro.

“Eu estava chegando para abrir a banca de revistas, por volta das 6h30, quando vi os moradores de rua bebendo. Depois de quase meia hora, eles começaram a passar mal. Liguei para o Samu”, contou um jornaleiro de 44 anos, que pediu para não ser identificado.

A dona de casa Maria de Fátima Cardoso, 54, passava pelo local quando resolveu ajudar os moradores. “Foi uma cena terrível de ver. As pessoas agonizavam e gritavam de dor”, lamentou. Maria de Fátima disse que, após o consumo da bebida, testemunhas encontraram a garrafa com várias bolinhas pretas, semelhantes a chumbinho.

Com o celular, a dona de casa filmou o drama das vítimas e o tumulto provocado na região. Muitos moradores e comerciantes protestaram e reclamaram da demora do atendimento médico.

 “Só depois que várias pessoas chamaram por socorro, as viaturas finalmente vieram para o local”, afirmou o médico veterinário Edésio Vieira. Com a chegada dos socorristas, os moradores de rua receberam os primeiros atendimentos ainda na praça. Eles tomaram soro e foram colocados em macas.

As vítimas foram encaminhados às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da região. Um dos moradores, cujo o estado era mais grave, foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, as vítimas apresentavam sinais de intoxicação, mas nenhuma delas entrou em coma.

Militares do 49º Batalhão da Polícia Militar estiveram no local e registraram um boletim de ocorrência, mas não conseguiram localizar o suspeito do envenenamento. A perícia da Polícia Civil também esteve na praça para localizar pistas que levem ao homem, autor da tentativa de homicídio. A garrafa de cachaça foi apreendida pela polícia e encaminhada ao Instituto de Criminalística para análises. O resultado sai em 30 dias.

*A tradução do título em Inglês seria “E não se atira em cavalos?” Nas primeiras traduções, estava traduzido como “E não se mata cavalos?”

Como diz o Emicida, “alguns tem pele alva, outros tem pele alvo”, lembrando o pai de família, negro, que foi assassinado com 80 disparos no Rio de Janeiro.

Um artigo que confirma: “Por que o Ministério da Saúde está falsificando dados sobre o número de mortos pela Covid-19?”

Os genocidas

O Governo armou uma mega-operação para falsear dados e minimizar a crise sanitária.

Por Marcos Cesar Danhoni Neves*, na Revista Fórum.

“É verdade que centenas, mais, milhares de famílias fugiram desta peste, mas muitas fugiram tarde demais e, então, não apenas morreram durante a fuga como levaram consigo a doença (…) por onde andaram, contaminando aqueles a quem procuravam por segurança. Isso confundiu muito as coisas, causando a propagação da doença através do que seria o melhor meio de evita-la”
(“Um Diário do Ano da Peste”, Daniel Defoe)

Desde o primeiro óbito no Brasil pela COVID-19 venho coletando dados tanto do contágio quanto do número de mortes, comparando primeiro com os países onde a pandemia mais matou: Itália, Espanha, França, Inglaterra.

Como estamos no início da pandemia que chegou com atraso ao hemisfério sul, resolvi fazer a comparação com países do hemisfério norte que apresentavam número de contágio ou de taxas de óbitos diários semelhantes aos nossos. Outro critério para minha seleção foi o descaso de certos governos com as consequências da pandemia, ou a adoção da tese absurda da “imunização por rebanho”, onde se despreza o isolamento social, esperando que todos se infectem, gerando imunidade. A Inglaterra, a Holanda e a Suécia pagaram um preço demasiadamente elevado por isso.

O gráfico abaixo mostra a curva mortal para cinco países: Bélgica, Suécia, Irã, Holanda e Brasil, analisando 33 dias desde o primeiro óbito em cada um destes países. Em relação ao nosso país, construí duas curvas, denominadas: BRASIL I e BRASIL II. O primeiro trata do número oficial; o segundo considera uma subnotificação média de 48% a mais, como relatado num semanário baseado em pesquisas estatísticas (levando em consideração o exagerado número de mortes por falência respiratória, além da média conhecida).

Ao final da tarde do nosso 33º dia, recolhi o dado brasileiro: 383 mortes em 24 horas! Comparei com os dados dos demais 4 países a partir dos sites www.covidvisuaizer.com e www.covid19graph.work . Acresci os 48% de subnotificações aos dados da ramificação BRASIL II (ver gráfico).

A partir do vigésimo dia e pelo número de mortes registrados no país, pela progressão geométrica registrada passei a tentar prever os números futuros (sob um isolamento social que vai se esfacelando rapidamente, graças aos desvarios fascistas de Bolsonaro).

Fiz algumas contas e tentei uma equação exponencial e havia chegado aos seguintes números: 30º dia = 1.900 mortos (deu 1.947); 31º dia = 2.200 (deu 2.171); 32º dia = 2.400 (deu 2.462); 33º dia = 2.800 mortos (havia dado 2.846, mas depois corrigido para 2587).

O gráfico acima foi fechado no final da tarde do dia 20/04/2020, poucas horas antes da “correção” do Ministério da Saúde.

Claramente, este é um ponto fora da curva, literalmente falando, posto que é falsificado!

A saída de Mandetta, um político conservador, que aniquilou o Mais Médicos, o Farmácia Popular e queria liquidar o SUS, agiu na tangência da civilização, seguindo as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), e evitando a falsificação dos dados (desconsiderando as subnotificações que se devem, grandemente, à ausência de um número apreciável de testes).

O novo Ministro, Teich, além de evitar contato público e declarações públicas aos jornalistas, está envolvido numa mega-operação de fantasiar dados, diminuindo o número de vítimas fatais da pandemia, para ajudar no discurso de Bolsonaro para o término do isolamento social.

Conseguirá o seu intento, mas de forma muito provisória, pois logo, logo o nosso número de mortos será semelhante àqueles europeus (Itália, Espanha, França, Inglaterra) e ao dos EUA.

O genocídio só está começando: quem morrer, não verá país (civilizado) algum! Aos vivos, restará a lúgubre frase-lamento: “O horror, o horror, o horror!”, de Joseph Conrad em “O Coração das Trevas”.