A morte de Getúlio, em 1954, adiou o golpe de 64 por 10 anos.

61 anos do suicídio de Getúlio Vargas - Cursinho Pré-Vestibular - Cursos iPED

De Ricardo Westin para a Agência Senado

De acordo com o historiador Antonio Barbosa, professor da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), o suicídio de Getúlio Vargas mexeu tanto com as emoções do país que parte dos brasileiros que tinham aversão ao presidente passou a encará-lo como vítima.

— Os adversários de Getúlio, então, perderam as forças para tomar o poder. O golpe teve de ser abortado. A ditadura militar só seria imposta dez anos mais tarde — explica.

Por que Getúlio Vargas se matou? Os militares de fato dariam um golpe?

Getúlio sabia que haveria um golpe para depô-lo. Na última reunião que fez com o ministério, pouquíssimas pessoas ficaram do seu lado. Já idoso [tinha 72 anos] e experiente das lutas políticas, Getúlio sentiu que o cerco havia se fechado e preferiu o gesto dramático do suicídio. Foi, na minha avaliação, o gesto mais inteligente que poderia ter feito. Quando deu o tiro no peito, ele estava, claro, pensando em si, em sua biografia, mas também estava pensando muito no Brasil. Ele sabia que o suicídio impediria de chegar ao poder aquelas forças que lutavam contra ele, contra o trabalhismo e contra as reformas sociais que vinha implementando. Com o suicídio, as emoções afloraram pelo Brasil afora e Getúlio conseguiu reverter a oposição que já estava ganhando as ruas. O suicídio mexeu com o imaginário do país inteiro. Em toda a história do Brasil, não houve nenhum outro presidente que tenha se suicidado. O país levou um susto tão grande que os adversários do presidente perderam as forças para tomar o poder. O golpe que se planejava teve de ser abortado. Em outras palavras, o suicídio de agosto de 1954 retardou em dez anos o golpe de Estado. A ditadura militar só seria imposta em 1964.

revoltasuicidioGV

Populares empastelaram jornais e atacaram órgãos de imprensa que faziam oposição a Getúlio, principalmente no Rio e em Porto Alegre.

Por que a situação de Getúlio ficou insustentável a ponto de a oposição cogitar um golpe?

No primeiro semestre de 1954, a corrupção chegou a pessoas muito próximas de Getúlio [um de seus filhos foi acusado de fazer negócios escusos] e isso o desgastou muito. O presidente, entretanto, nunca foi corrupto. Cito um caso corriqueiro para ilustrar. Depois que foi deposto, em 1945, após 15 anos no Catete, ele voltou para o Rio Grande do Sul. Lá, teve a intenção de ampliar um pouco sua fazenda, comprar alguns hectares de terra. Para isso, ele precisou tomar um empréstimo no Banco do Brasil. Veja a situação: aquele que havia sido o homem mais poderoso do país simplesmente não tinha dinheiro suficiente para ampliar sua fazenda. Em 1954, Getúlio não foi capaz de enxergar os desvios que ocorriam ao seu redor, de perceber que pessoas muito próximas faziam negócios à sombra do Estado e enriqueciam. A oposição aproveitou bem a oportunidade e conseguiu criar a imagem de um governo submerso na corrupção.

A oposição era tão forte assim?

Getúlio não mantinha boas relações com o Congresso nem respondia de forma adequada às críticas da oposição. Tal inabilidade se explica pelo fato de Getúlio simplesmente não saber conviver com a democracia. Isso, de certa maneira, é compreensível. Ele era um homem saído do século 19. Para ele, a centralização do poder era indispensável para que o Brasil se desenvolvesse. Foi por isso que, entre 1937 e 1945, governou como ditador. Em 1951, porém, voltou ao poder pelo voto popular. Sob o regime democrático, enfrentou dificuldades crescentes para governar. Getúlio foi incapaz de lidar com o contrário, típico da democracia, e sucumbiu.

Em 1945, poucas semanas depois de ter sido derrubado da Presidência, Getúlio foi eleito para o Senado. Como foi o Getúlio senador?

Getúlio Vargas é um exemplo clássico do político sem a menor vocação para o Legislativo. Posso compará-lo a Leonel Brizola, que em 1962 foi eleito deputado com a maior votação da história do Brasil, mas jamais se notabilizou na Câmara. Nenhum dos dois nasceu para o debate parlamentar, para o discurso. Eles foram feitos para o Executivo. A passagem de Getúlio pelo Senado foi muito apagada.

Nota sobre os 63 anos do suicídio de Getúlio Vargas

A comoção popular tomou conta da população.

Motins causados pelo suicídio de Getúlio Vargas – Rio Memórias

 

Os militares agem como militares, dizia Getúlio Vargas

No filme “Getúlio”, de João Jardim, o presidente Getúlio Vargas é questionado  por um interlocutor.

-Como os militares estão agindo assim?

-Os militares agem como militares, respondeu Getúlio, experiente, aos 72 anos de idade, mais da metade deles na vida pública.

O suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954 encerrou o golpe da “República do Galeão” e do corvo Carlos Lacerda.

Mas 10 anos depois descambou para o Golpe de 31 de março – ou 1º de abril – que acabou vitimando o próprio Carlos Lacerda, que achava que os militares iam lhe entregar o poder.

Ele não sabia que os militares agem como os militares.

61 anos depois, suicídio de Vargas é lamentado por todos os brasileiros

getulio manchete

Há 61 anos, numa madrugada morna do mês de agosto, nesta data, o presidente mais influente da história da jovem República, dava um tiro no coração, pressionado pela reação e pelo ódio de seus opositores. Foi Getúlio quem refundou o País, com as reformas sociais e a indústria. De fato, como expressou em sua carta testamento, Getúlio, inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, tardiamente, em 2010, deixava a vida para entrar na História.

Assim Tancredo Neves, ministro da Justiça, relatou o suicídio de Vargas:

Por volta das sete e meia, oito horas da manhã, ouviu-se o estampido seco. Desceu o elevador, às pressas, o Coronel Dornelles, um dos oficiais de serviço na presidência. Nós subimos apressadamente para o quarto onde o presidente se achava. Os primeiros a entrar foram o General Caiado, Dona Darci, Alzira, Lutero e eu. Encontramos o presidente de pijama, como meio corpo para fora da cama, o coração ferido e dele saindo sangue aos borbotões. Alzira de um lado, eu do outro, ajeitamos o presidente no leito, procuramos estancar o sangue, sem conseguir. Ele ainda estava vivo. Havia mais pessoas no quarto quando ele lançou um olhar circunvagante e deteve os olhos na Alzira. Parou, deu a impressão de experimentar uma grande emoção. Neste momento, ele morre. Foi uma cena desoladora. Todos nós ficamos profundamente compungidos; esse desfecho não estava na nossa previsão. O presidente em momento nenhum demonstrou qualquer traço de emoção, nunca perdeu o seu autodomínio, jamais perdeu sua imperturbável dignidade, de maneira que foi um trágico desfecho, que surpreendeu a todos e nos deixou arrasados.”

A Revolução de 1930 que inscreveu o País no processo de desenvolvimento industrial e avanços sociais
A Revolução de 1930 que inscreveu o País no processo de desenvolvimento industrial e avanços sociais

A Carta Testamento

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

Vargas e Roosevelt: com a chegada da II Guerra Mundial, o Brasil entrou na era da siderurgia e da industrialização.
Vargas e Roosevelt: com a chegada da II Guerra Mundial, o Brasil entrou na era da siderurgia e da industrialização.

Governos para o povo costumam ficar um longo tempo no poder. Não se queixem!

GVFOTO33Você, caro leitor, sabe por que Getúlio Vargas, depois de 15 anos de ditadura, foi reeleito e que, quando foi apeado do poder, via suicídio, o povo foi às ruas fazer quebra-quebra? Porque ele governava para base da pirâmide, preocupando-se com direitos trabalhistas e emprego, apoiando, no entanto, a lavoura, através do Banco do Brasil, e a indústria.

Pois, então? Vamos ler mais um pouco sobre a história do século passado e teremos um retrato fiel do século XXI. Regimes que se preocupam com o povo tendem a permanecer no poder.

Recomendo “Getúlio Vargas”, do brasilianista John W.F. Dulles, uma biografia isenta e apurada. Tem nos websebos e no Mercado Livre. Baratinho. Acabei de consultar.

Recomendo inclusive para os pedetistas Renato e Rogério Faedo, brizolistas de marca na testa, que fizeram campanha para Aécio Neves, desconhecendo as origens do trabalhismo brasileiro.

Hay gobierno? Soy contra!

Borges, o chimango
Borges, o chimango

Será que vai se confirmar a velha história de que gaúcho sempre vota com a Oposição? Candidato à reeleição, Tarso Genro continua em desvantagem no Datafolha em relação à rival Ana Amélia Lemos. Coisa de 37% a 27% no primeiro turno, anotou pesquisa divulgada nesta quinta. No segundo turno, Ana Amélia prevalece por 49% a 36%.

Os gaúchos não gostam da mesma gente muito tempo no poder, desde que Julio de Castilhos foi governador por 10 anos e, depois seu discípulo, Borges de Medeiros, ficou no poder de 1913 a 1928.  Os maragatos tiveram que fazer uma revolução em 1923, sob a liderança de Assis Brasil, para se assegurar, através do tratado de Pedras Altas, que o Chimango não fosse reeleito. Mesmo assim, foi sucedido por gente do mesmo partido, Getúlio Vargas, que só saiu do Governo para fazer a revolução de 30 e ser entronizado como ditador do País.

PSD aprovado em 9 estados, quer colar imagem no passado glorioso do século 20.

A repercussão dos casos de fraude no recolhimento das assinaturas para a fundação do Partido da Social Democracia (PSD) não impediram que a nova legenda conseguisse, com o aval dos tribunais regionais eleitorais, a instalação de diretórios regionais em 9 estados pelo país.

O último estado em que o TRE homologou o registro foi o Acre, dispensando até a Bahia, um dos principais redutos do novo partido, liderado nacionalmente pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, mas que tem sua organização conduzida pelo vice-governador Otto Alencar.

Também deram o aval Santa Catarina, Tocantins, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro, Paraná, Rondônia e Mato Grosso.

Com os 9 diretórios, o PSD ingressará com o pedido de registro nacional Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se concedido antes do dia 8 de outubro, dará à legenda o direito de filiar eleitores e participar das eleições municipais de 2012.

Kassab, em entrevista ao G1, comemorou: “É lógico [que vamos disputar as eleições de 2012]. Estamos habilitados. A partir de agora, vamos começar o processo de filiação no país inteiro, transformando em filiados aqueles que eram associados. E, assim como qualquer partido, estamos nos preparando para entregar à Justiça no dia 7 de outubro a relação de nossos filiados, em especial aqueles que serão candidatos a vereador e a prefeito”, declarou.

O PSD informa ter recebido 538.263 assinaturas de apoio para sua criação. Por lei, são necessárias aproximadamente 490 mil assinaturas.

Ulysses, Luiz Vianna Filho e Juscelino Kubitscheck, três grandes políticos, do tempo em que eles morriam pobres e pautavam a vida pública pelos verdadeiros interesses da Nação.

A nova agremiação quer aproveitar um pouco da imagem do antigo Partido Social Democrático (PSD), fundado em 17 de julho de 1945 e extinto pela ditadura militar, pelo Ato Institucional Número Dois (AI-2), em 27 de outubro de 1965.

Foi formado sob os auspícios de Getúlio Vargas, de caráter liberal-conservador, reunindo antigos interventores do governo federal nos estados, como Benedito Valadares em Minas Gerais, Fernando de Sousa Costa de São Paulo, Almirante Ernâni do Amaral Peixoto do Rio de Janeiro, seu irmão Augusto, no então Distrito Federal, depois Guanabara e Agamenon Magalhães de Pernambuco. Entre 1945 e 1964, junto com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), formava o bloco pró-getulista da política brasileira, em oposição à União Democrática Nacional (UDN), antigetulista.

Durante sua existência, foi o partido majoritário na Câmara dos Deputados, tendo eleito dois presidentes da República: Eurico Gaspar Dutra, em 1945, e Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 1955; na breve experiência parlamentarista, teve um primeiro ministro de sua legenda, o mineiro Tancredo Neves; o PSD teve próceres como o cearense Armando Falcão, o pernambucano Etelvino Lins, o baiano Luiz Vianna Filho, o gaúcho Ildo Meneghetti, o catarinense Carlos Luz ou os paulistas Auro de Moura Andrade e Ulysses Guimarães, ou ainda o mineiro Negrão de Lima, que chegou a ser eleito Governador da Guanabara.

Após a extinção do PSD, seus membros se dividiram: uns foram para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), único partido de oposição à ditadura permitido após a instituição do bipartidarismo com o AI-2; e outros ingressaram na Aliança Renovadora Nacional(Arena), o partido que apoiava o regime instalado em 1964; em ambas as legendas, os ex-pessedistas se organizavam como alas à parte, em sublegendas. Com informações dos jornais e da Wikipédia.

Democracia de Dilma nem começou, que pena, vai terminar.

Béria, com a família de Stálin: dizem que ele sequestrava mulheres bonitas na rua, trazendo-as para o Chefe estuprá-las. Em 1953, foi fuzilado e o seu nome apagado dos registros do Partido. Quem se prestará, no Governo Rousseff, a fazer o serviço sujo de perseguir a imprensa livre?

Reunião da Executiva Nacional do PT deixa às claras as metas do partido:

– erradicar a pobreza absoluta;
– reagir à crise internacional que hoje assume a feição do conflito cambial;
– fazer a reforma política;
– democratizar os meios de comunicação.

O que significa “democratizar” os meios de comunicação? Ah, deixa ver se adivinho: alguma coisa parecida com Departamento de Imprensa e Propaganda(DIP) de Getúlio Vargas; ou Departamento de Censura da Polícia Federal do Governo Garrastazu Médici; ou ainda a NKVD, chefiada pela fera Lavrenti Beria, entre 1938 e 1953, durante o governo de Joseph Stálin. A fase de democracia pura de Dilma Rousseff está por se encerrar, antes mesmo até de começar.

Em algum lugar do passado

Brizola e Adhemar ao lado de Getúlio. Atrás do Presidente, Gregório Fortunato, o anjo negro, pivô da queda de Getúlio em 1954. Ao lado de Gregório, Jango, que viria a ser presidente da República, apeado do poder em 1º de abril de 1964.

Duas historinhas de políticos, antigas e conhecidas, mas muito boas. Quem as relembrou esta semana foi o Adroaldo Streck, jornalista e político gaúcho, em seu blog:

Neste caso dos nomes ministeriáveis lembro-me do famoso Dr. Adhemar de Barros, o homem cujo slogan era “rouba, mas faz”.
Adhemar, dono da rádio Bandeirantes, mandou seu repórter Tico-Tico para acompanhar o Dr. Getulio, eleito democraticamente, Presidente da República em 1950, da fazenda do Itu até o Rio de Janeiro onde tomaria posse.
Adhemar queria ser prefeito do Distrito Federal e instruiu Tico-Tico sobre como abordar o assunto. Tico-Tico enrolou e largou a pergunta: “Dr. Getulio, fala-se muito que o Dr. Adhemar poderá ser o novo prefeito do Distrito Federal”. Getúlio deu uma longa baforada, ele fumava charutos, e respondeu a pergunta com outra pergunta: “e o Dr. Adhemar não seria um bom nome para prefeito do Distrito Federal?”

Outro terror político era Tancredo Neves. Eleito governador de Minas, um amigo do peito, cabo eleitoral, perguntou: “Tancredo o dia da tua posse este chegando, e as pessoas me perguntam se eu fui convidado para algum cargo. Respondo o que?”. Tancredo, a velha raposa, deu resposta lapidar: “diz que tu foste convidado e não aceitou”.

Serra tem nova orientação de campanha.

Getúlio Vargas em seu último ano de vida. Depois de 19 anos de poder, saiu morto do Catete.

“O Brasil que a Dilma mostra na TV não é o Brasil que a gente vê”. Este é a nova linha de frente do candidato José Serra em sua campanha. Reforça o head-line, a afirmação do governo de garupa, dizendo: “As pessoas mais humildes me conhecem, eu não cheguei na vida pública agora, indicado por algum padrinho”. E cita sua experiência como deputado, ministro, prefeito e governador. Fatos que efetivamente são contudentes para Dilma, que nunca disputou uma eleição e quer ser presidente apenas para criar o interregno legal para Lula assumir de novo e ficar mais 8 anos. Estes pouco desejáveis 20 anos de poder para o PT podem custar caro para o País. Como custaram os 19 anos de Getúlio Vargas e os 20 anos da ditadura militar.

Não verás país nenhum como este?

Ontem, um analista experimentado, perguntava: “Quantos anos tem o caro jornalista? Mais de 60 respondi. Ao que arrematou: “Então com certeza não verás o PT fora do poder”. O bom humor do amigo não deixa de ter uma pitada de humor negro. Por outro lado, já somos experimentados em ver mudanças radicais. Por exemplo, Getúlio Vargas voltar ao poder, nos braços do povo, em 50, depois de 5 anos de ostracismo e sair, menos de quatro anos depois, morto do Catete; ou ainda, Jânio Quadros, eleito com a maior votação proporcional até hoje, renunciar 7 meses depois; ou então, torcer por Tancredo Neves e ganhar 6 anos de José Sarney. Vimos, da nossa janela no Anexo IV da Câmara, a instalação da CPI do Orçamento, em 93, e a movimentação da Polícia Federal levando e trazendo detidos para depor. Vimos ainda o Congresso fechado no final de 67, os comícios-relâmpago no centro de Porto Alegre, o fenômeno midiático Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso organizar a economia do País. Já vimos muita coisa e soubemos que a política e o poder, como as nuvens, sofrem mutações a cada minuto.

A foto, onde o general Costa e Silva medita no plenário da Câmara, fechado pelo Ato Institucional nº 5, foi uma das mais famosas capas da revista Veja. Foi tirada por fotógrafo da Folha (não conseguimos identificar o autor), e transportada dentro da camisa de um repórter para São Paulo. A capa da revista não tinha chamada. Precisava?