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Vai ter golpe?
Artigo de Eliane Brum* para El País.
“O que você acha? Vai ter golpe ou não?”. Esta é a pergunta recorrente, do sul ao norte do Brasil. Diferentes grupos têm marcado reuniões privadas pela Internet para debater o assunto. Encontros virtuais com a família, a versão pandêmica do famoso almoço de domingo, desde a eleição de 2014 mais perigoso do que um vidro inteiro de pimenta malagueta, foi tomado pelo tema. Eu mesma ouço essa pergunta várias vezes por dia. Há pessoas respondendo a convites internacionais com um texto padrão: “Atualmente, a média de mortes por covid-19 no Brasil é de mais de 1000 por dia, a variante Delta está se espalhando pelo país, a vacinação é lenta e Jair Bolsonaro pode dar um golpe a qualquer momento. Assim, torna-se difícil confirmar minha presença com tanta antecedência. O mais prudente seria confirmar o mais perto possível da data….”. Quando se torna corriqueiro falar sobre a possibilidade de um golpe de Estado e planejar os dias já incluindo essa “variável” é porque o golpe já está acontecendo —ou, em grande medida, já aconteceu. O golpe já está.
Já sabemos como morrem as democracias, é assunto exaustivamente esmiuçado nos últimos anos. Mas precisamos compreender melhor como nascem os golpes. A morte de uma e o nascimento do outro são parte da mesma gestação. Os golpes não acontecem mais como no século 20, ou não acontecem apenas como no século 20. Tenho trabalhado com o conceito de crise da palavra para analisar as duas primeiras décadas do século 21 no Brasil. Me parece claro que o estupro da linguagem é parte fundamental do método. Não apenas um capítulo do manual, mas uma estratégia que o atravessa inteiro.
Escrevo há mais de um ano que o golpe de Bolsonaro está em curso. O golpe de fundo começou antes de Bolsonaro assumir o poder no Brasil e se realiza e aprofunda a cada dia de Governo. Se o caso brasileiro é o mais explícito, a formulação atual dos golpes de Estado pode ser percebida em diferentes partes do globo, de Donald Trump, nos Estados Unidos, a Viktor Orbán, na Hungria. É importante perceber isso porque, se não o fizermos, não teremos como barrá-los.
No caso dos Estados Unidos, é verdade que, no último momento, as instituições, muito mais sólidas do que em qualquer outro país das Américas, mostraram-se capazes de impedir a tentativa de golpe de Trump. Mas também é verdade que, mesmo com Joe Biden no poder, o trumpismo cumpriu o objetivo de produzir um impacto profundo sobre a estrutura do país, impacto que segue ativo. Conseguiu, principalmente, produzir uma imagem, corrompendo a linguagem da democracia americana para sempre ao realizar o impensável, na cena da invasão do Capitólio. A porta agora está aberta.
No Brasil, o esgarçamento da linguagem é muito anterior à eleição de 2018, aquela que formalmente colocou a extrema direita no poder. É possível localizar pelo menos três momentos decisivos para o impeachment de Dilma Rousseff (PT), apontado por grande parte da esquerda como um golpe “branco” ou “não clássico”. Quando a presidenta é chamada de “vaca” e de “puta” em estádios de futebol, na Copa de 2014; quando, em 2015, um adesivo com sua imagem de pernas abertas se populariza nos tanques de combustível dos carros, de forma que a mangueira a penetre, simulando um estupro; e, finalmente, em 2016, durante a sessão que aprova a abertura do impeachment, em que Jair Bolsonaro, então deputado, dedica seu voto ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, “o pavor de Dilma Rousseff”.
Ao evocar a tortura da presidenta durante a ditadura civil-militar (1964-1985), Bolsonaro a tortura mais uma vez, cometendo o crime (artigo 187 do Código Penal) de apologia à tortura, e conecta explicitamente os dois momentos históricos, o da ditadura e o do impeachment, expondo a ruptura democrática que os une. “Puta” e “vaca” na boca da massa espumando ódio (e também de algumas jornalistas), estuprada na traseira dos carros da classe média, torturada mais uma vez pelo elogio à sua tortura feito por Bolsonaro em pleno parlamento. Depois disso, qual seria a dificuldade de arrancar Rousseff do poder? Se tudo isso já tinha sido aceito como “normal”, qual seria o empecilho para aceitar o impeachment?
É isso que chamo de estupro, corrosão ou esgarçamento da linguagem. A preparação do golpe é primeiro um investimento nas subjetividades. Pela capacidade de viralização dos discursos nas redes sociais, assim como pela velocidade na produção e reprodução de imagens na Internet, a sociedade vai “aceitando” o inaceitável. Em seguida, passa a assimilá-lo —e finalmente a normalizá-lo e até mesmo a reproduzi-lo. Aquilo que até então era considerado regra básica de civilidade, fundamental para permitir a convivência, é convertido em “politicamente correto” —e o politicamente correto passa a ser maliciosamente tratado como “censura” ou “cerceamento da liberdade”. Quando o golpe formalmente se efetiva, o inaceitável já está aceito e internalizado.
O mesmo fenômeno permitiu a Bolsonaro executar seu plano de disseminação do coronavírus, espalhando mentiras para atacar primeiro as máscaras e o isolamento físico, depois as vacinas, resultando (até agora) em mais de 550.000 mortos. Afirmando publicamente, como figura pública máxima, o inconcebível, Bolsonaro tornou corriqueiro milhares de pessoas desaparecem da vida da família e do país a cada dia. Hoje, a média atual de mil mortes por dia, depois de já ter ultrapassado 4.000, é motivo de comemoração. Pelo mesmo esgarçamento da linguagem, Bolsonaro tornou possível a volta dos militares ao poder em um país ainda traumatizado pelos torturadores nas ruas, assim como a rearticulação da direita que sustentou a ditadura militar no passado. Ao romper os limites primeiro no discurso, ele abre espaço e prepara o terreno para o ato.
É também pela corrosão da linguagem que, aperfeiçoando o roteiro de Trump, Bolsonaro se prepara para 2022, atacando o sistema eleitoral para contestar a eleição em que poderá ser derrotado. Quando a eleição chegar, a repetição do discurso de fraude já terá corrompido a realidade. Nessa operação sobre a subjetividade coletiva, a fraude acontece antes, fazendo com que o que efetivamente acontecerá na eleição, o voto, não importe. É assim que o direito constitucional de eleger o presidente do país vai sendo roubado de mais de 200 milhões de brasileiros sem nenhum tanque na rua. A narrativa da fraude se infiltra e se realiza nas mentes antes de qualquer ato, descolando-se dos fatos. O que importa é a crença na fraude. Que ela não se comprove porque não aconteceu não faz a menor diferença. “Acreditar se tornou um verbo muito mais importante do que “provar” —e essa distorção é apresentada como virtude. O principal papel de figuras como Bolsonaro e outros, e antes deles Trump, é pronunciar o impronunciável, abrindo um caminho subjetivo para a concretização do assalto ao sistema democrático.
A corrosão da linguagem culmina com a corrosão da própria verdade. Este é o ataque final ao “comum”. Já vimos outros bens comuns essenciais para a vida da nossa e de outras espécies —como ar puro e água potável, por exemplo— serem privatizados, mercantilizados e reembalados para a minoria que pode pagar por eles. A estabilidade do clima, outro bem comum, foi destruída. Os novos velhos golpistas fizeram —e seguem fazendo— o mesmo com o conceito compartilhado de verdade. Assim como acontece com os teóricos da conspiração nos Estados Unidos e em suas versões brasileiras, a autoverdade —ou o poder auto-ortorgado de escolher a verdade que mais convém ao indivíduo ou ao grupo— se torna mais “real” do que os fatos. De certo modo, é um retorno a um tipo de teocracia. No caso, a “verdade” é corrompida e controlada pelos sacerdotes deste novo tipo de seita.
Obviamente, a verdade se afirma e acaba por se impor no plano da realidade, como a emergência climática acabou de demonstrar, colocando países como a Alemanha debaixo d’água e deixando o Canadá mais quente do que o deserto do Saara. Mas, enquanto isso, charlatões como Bolsonaro e outros provocam uma destruição acelerada do comum que, em grande parte, é irreversível, comprometendo não só o futuro das novas gerações, mas também o presente.
Bolsonaro é protagonista, sim, mas é também instrumento. Conhecido como uma metralhadora giratória de asneiras violentas e violências boçais durante seus sete mandatos no parlamento, seu “dom” foi instrumentalizado. A destruição do tecido social por uma operação na linguagem aposta nas chamadas “guerras culturais”. É na desumanização dos negros, das mulheres, dos LGBTQIA+ que começa o ataque. É na chamada “pauta dos costumes” que a violência vai sendo formulada como se fosse seu oposto. Quando Bolsonaro afirma preferir um filho morto em acidente de trânsito a um filho gay, por exemplo, ele coloca a abominação na homossexualidade, encobrindo a abominação que é sua afirmação. O inaceitável é ser gay —e não defender a morte de gays. O inaceitável é o aborto de um embrião —e não a morte de uma mulher com história e afetos por complicações em procedimentos sem cuidado. E assim por diante. A cada afirmação de extrema violência, Bolsonaro foi destruindo o conceito de inviolabilidade da vida e normalizando a destruição dos corpos. A principal função de figuras como Bolsonaro é tornar tudo possível —primeiro na linguagem, em seguida no ato.
Neste momento, Bolsonaro já cumpriu sua missão maior, o que pode eventualmente torná-lo descartável. Ele claramente vai se tornando um incômodo para os grupos que agora mais uma vez se rearticulam e que, com ele, conquistaram avanços inimagináveis até então, como os próprios militares, os representantes e lobistas do agronegócio, os evangélicos de mercado e o campo da direita. Assim como Fabrício Queiroz se tornou descartável e um incômodo para a quadrilha familiar dos Bolsonaro, ele mesmo se torna perigoso para os articuladores do projeto maior, que o reconhecem como uma peça importante do jogo, mas jamais como o dono do tabuleiro. Muito vai depender da capacidade de Bolsonaro se adequar, uma capacidade que nele parece inexistente. Suspeito que é esta parte de seu próprio fenômeno que Bolsonaro não compreende. Ao miliciarizar o Governo central, acreditou que estava no comando absoluto.
As democracias morrem por muitas razões, na minha opinião a mais importante delas é o fato de serem seletivas, em diferentes graus: só funcionam para determinada parcela da sociedade, deixando outras de fora. As democracias morreriam então pela corrosão provocada pela sua própria ausência. Ou morreriam pelo tanto de arbitrariedade com que são capazes de conviver. No Brasil, o nível de exceção que a minoria dominante da sociedade é capaz de tolerar é uma enormidade. Desde que as arbitrariedades sejam contra os pretos e contra os indígenas, contra as mulheres e contra os LGBTQIA+ está tudo “dentro da normalidade”. A possibilidade de as forças de segurança do Estado derrubarem portas, invadirem casas e executarem suspeitos e não suspeitos nas periferias e favelas urbanas durante todo o período democrático é, sem dúvida, o exemplo mais evidente do caso brasileiro.
As ditaduras nascem em diferentes tempos e espaços. Assim como as parcelas da sociedade beneficiadas pela democracia convenceram-se durante décadas de que viviam numa democracia, mesmo sabendo que grande parte da população era submetida a uma rotina diária de arbitrariedades, estas mesmas parcelas têm hoje dificuldade para enxergar que a ditadura já está consolidada em várias partes do Brasil, onde pessoas precisam abandonar suas casas para não morrer e as forças de segurança e o judiciário estão a serviço dos violadores. Hoje, nas áreas “nobres” das capitais e cidades, os ataques autoritários usam o judiciário e a Polícia Federal para se realizar, como nas recentes ofensivas a colunistas da imprensa tradicional, a mais recente delas contra Conrado Hübner Mendes, colunista da Folha de S. Paulo e professor da prestigiosa faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Há outras partes do Brasil em que os ataques são a fogo e bala, como na floresta amazônica, onde casas de indígenas como Maria Leusa Munduruku são queimadas e lideranças camponesas como Erasmo Alves Theofilo têm a cabeça a prêmio. Na floresta e nas periferias urbanas, corpos humanos tombam sem provocar alarde e as execuções pelas forças policiais explodem.
A percepção de golpe se alastra quando os que não costumam ser atacados passam a ser atacados, no Brasil a minoria branca e mais rica. É uma percepção legítima, porque é ela que mostra que o tecido social se rasgou em partes consideradas até então intocadas e intocáveis. A quebra destes limites sinaliza que outras forças se moveram, ameaçando o precário equilíbrio mesmo dos mais privilegiados. Em 2017, ao testemunhar a execução de um morador de rua pela polícia no bairro nobre de Pinheiros, a classe média se mobilizou para denunciar e protestar, celebrando uma missa na simbólica Catedral da Sé. Era ainda o Brasil de Michel Temer (MDB), mas a ditadura foi largamente lembrada. Ali, o “limite” estabelecido pela lei não escrita de que o Estado pode executar pessoas, mas apenas em bairros de periferia, havia sido rompido. A quebra demandava reação, pelas melhores razões e também para impedir que a violência policial rompesse outro limite e o próximo a tombar fosse alguém que habitasse não as ruas, mas os apartamentos e casas com um dos metros quadrados mais caros da cidade.
Ao se infiltrar no imaginário coletivo, o debate do “será que vai ter golpe” cumpre ainda outra função estratégica: a de interditar e ocupar o espaço do debate urgente do impeachment de Bolsonaro. Sobre isso, há um flagrante assalto à linguagem, ao normalizar o fato de Arthur Lira (Progressistas), o corrupto presidente da Câmara de Deputados, ter seu traseiro esparramado sobre mais de 120 pedidos de impeachment ou sobre o superpedido de impeachment. Pela repetição, a crítica legítima a Lira vai se esvaziando e passa a se assimilar que assim é: a mobilização da sociedade pela democracia, traduzida em pedidos de impeachment mais do que legítimos, é pervertida e usada como instrumento de chantagem do Centrão para tomar os cofres públicos. Sempre que aceitamos o abuso de poder e de função como inevitável, acostumando-nos às arbitrariedades, o golpe avança.
Hoje, com Bolsonaro, vários limites foram ultrapassados. Limites que, mesmo para um país de marcos civilizatórios tão elásticos como o Brasil, até bem pouco tempo atrás seria impensável tê-los rompido. Quando o assunto principal é se haverá golpe ou não, tema abordado com a mesma naturalidade do aumento do preço do feijão, o último jogo do Corinthians ou a mais recente série da Netflix, o que resta de democracia? O golpe já pedalou a linguagem, infiltrou-se no cotidiano e está ativo. O golpe já foi dado. A dúvida é só até onde ele será capaz de chegar.
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora de sete livros, entre eles Brasil, Construtor de Ruínas: um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro (Arquipélago).
Militares perderam todo pudor e anunciam golpe claramente.
O general Walter Braga Netto, ministro da Defesa (?), teria ameaçado diretamente o presidente da Câmara dos Deputados, mandando um recado: sem voto auditável em 2022, não tem eleições.
O presidente da Câmara viu aquele momento “com preocupação” classificando a situação como “gravíssima” e “considerou o recado dado como uma ameaça de golpe”. Procurou Bolsonaro e “teve longa conversa”, diz o jornal Estadão.
“O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um importante interlocutor político.”
O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
As informações constam em reportagem publicada no Estado de S. Paulo, na manhã desta quinta-feira (22).
Segundo as jornalistas Andreza Matais e Vera Rosa, Lira viu o momento “com preocupação” classificando a situação como “gravíssima”.
O texto da matéria afirma que o presidente da Câmara “considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro. Teve uma longa conversa com ele, no Palácio da Alvorada.
O presidente da Câmara disse ao chefe do Executivo que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional. Líder do Centrão, bloco que dá sustentação ao governo no Congresso, Lira assegurou que iria com Bolsonaro até o fim, com ou sem crise política, mesmo se fosse para perder a eleição, mas não admitiria golpe.
“O recado dos militares e a reação de Lira são de conhecimento de um restrito grupo da política e do Judiciário”, escreveram Matais e Rosa.
A motivação dos militares, imiscuindo-se no Legislativo e no Judiciário do País, tem precedentes. Em 2018, o então ministro do Exército, Villas-Boas, mesmo acometido de grave doença, Esclerose Lateral Amiotrófica, ameaçou a Suprema Corte do País para evitar a libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato, contra Jair Bolsonaro, com ampla margem de preferencia do eleitorado.
Dados os fatos, vê-se que os militares dão continuidade à sua opção golpista, fortalecendo um candidato a ditador, autor de vários e diversos crimes de responsabilidade. Não fossem outros os motivos, vê-se igualmente que o aparelhamento do Governo Civil, com a presença de militares em todos os postos de importância, motiva as forças armadas a descumprirem a sua missão institucional.
O dia que começou o golpe foi aquele no qual Lula sujou os 9 dedos de petróleo
Dizer que o golpe começou com a greve dos R$ 0,20 em São Paulo não corresponde à realidade. O golpe começou quando o Brasil descobriu o pré sal. Dilma aprovou a lei de partilha dos recursos petróleo. Precisavam retirar o PT e prender Lula para roubar nosso petróleo. É o que diz o internauta de codinome José Hilton, no Twitter.
Fizeram mais que isso. Em conjunto com agências de informação norte-americanas acionaram um juiz federal de primeira instância, comprovadamente venal e amistoso com os EUA e uma quadrilha de procuradores venais, na caça de dinheiro fácil, e armaram a pior conspiração político-jurídica da nossa história.
Tiraram Dilma do poder com forceps, prenderam Lula e acabaram, de plano, com a indústria da construção pesada no País. As plataformas que construíamos em Rio Grande e Rio de Janeiro hoje são produzidas na Ásia, acabando com centenas de milhares de empregos no Brasil.
E como gran finale da opereta bufa, colocaram, a custo de muito dinheiro um fronteiriço, no sentido psiquiátrico do termo, na Presidência da República.
Hoje se arranham e se cospem como em um cabaré de quinta em busca de poder. Repete-se a velha sentença: todo golpe é autofágico.
A Tesla vai construir a maior fábrica de carros elétricos no Texas. De onde virá o lítio para as baterias?

Linha de veículos da Tesla | Foto: Mariordo/Wikimedia
A maior fabricante de carros elétricos do mundo, a norte-americana Tesla quer começar a construir uma nova fábrica nos EUA, a terceira do país. A fábrica seria localizada no Texas. Conforme documentos divulgados nesta semana, as obras devem começar no terceiro trimestre deste ano.
Como informa o G1, as autoridades de Travis, no Texas, foram informados que a montadora pretende investir cerca de US$ 1 bilhão para a construção desta nova planta. A fábrica terá 465 mil metros quadrados e criará cerca de 5 mil novos empregos no Estado do Texas.
Atualmente, a Tesla só possui uma fábrica em funcionamento. Ela está localizada no condado de Fremont, na Califórnia. A fábrica possui cerca de 490 mil metros quadrados e não possui a capacidade para atender ao crescimento projetado para a empresa e a cada vez maior demanda por veículos elétricos em todo o mundo.
Piscina em pleno deserto do Salar: aí o lítio é separado da água e do sal.
Ah! Ia esquecendo sobre o lítio. Não sei direito, mas é melhor perguntar ao ex-presidente da Bolívia, Juan Evo Morales Ayma, que ora se encontra exilado na Argentina. Pergunte a ele sobre as reservas do Salar de Uyuni.
O ex-presidente golpeado Evo Morales denunciava, quando estava no poder, que o lítio não deveria ser vendido a multinacionais. Após o golpe, a tendência, como acenou o candidato a vice da atual presidente usurpadora Jeanine Áñez, é abrir as portas para que empresas como a Tesla explorem o recurso no país.
Agora você está começando a entender que rolou muito dinheiro no golpe dos militares na Bolívia. Sempre tem um cara com o fuzil na mão pronto para entregar as riquezas do seu país por 30 dinheiros.
Chile, Bolívia e Argentina possuem, juntos, 75% de todas as reservas mundiais de lítio.
A entrega do maior patrimônio mineral do País por um punhado de dinheiro.

Um grupo de petroleiros entrou com uma ação popular pedindo a suspensão do megaleilão do pré-sal, marcado para esta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro.
A petição enviada à Justiça Federal de São Paulo em 30 de outubro fala em danos ao patrimônio público e falta de suporte legal ao leilão.
Segundo os autores, a Lei de Cessão Onerosa e a Lei 12.351 – Marco do Pré-Sal – não tratam, por exemplo, da possibilidade de entrada de novas empresas nas áreas cedidas à Petrobras em 2010.
“O prejuízo ao País é absolutamente incalculável. É inusitado que qualquer nação do planeta tenha leiloado petróleo encontrado. Isso é como jabuticaba: só o Brasil está fazendo”, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, João Antonio Moraes, dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo.
Enquanto o Governo anseia faturar 100 bilhões com o leilão dos excedentes da Cessão Onerosa – 35% para a Petrobras, 35% para o Governo e 30% para estados e municípios – está entregando às grandes petrolíferas internacionais um patrimônio de trilhões de reais, que deveria ser destinado à Saúde e à Educação dentro da políticas de royalties e exploração pela empresa brasileira.
Bem: temos que concordar. Foi para isso que Dilma foi ejetada do poder, na maior conspiração internacional que este País já conheceu.
Viva o Brasil! E viva os patriotas conservadores! Viva Silvério dos Reis! Viva Calabar!
Golpista arrependido diz que impeachment de Dilma foi farsa.
Um dos defensores do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) agora considera que houve uma “manipulação política do impeachment” pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e pelo ex-juiz Sergio Moro, atual ministro do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o tucano disse que isso ficou provado após a divulgação de mensagens trocadas entre procuradores da operação, obtidas pelo site The Intercept Brasil por meio de fonte anônima e também analisadas por outros veículos, entre eles a Folha.
“Eles manipularam o impeachment, venderam peixe podre para o Supremo Tribunal Federal. Isso é muito grave”, afirma Aloysio.
Em outro trecho da entrevista, o ex-senador diz que a divulgação de telefonema entre a então presidente Dilma e o ex-presidente Lula em 2016 impediu o governo petista de recompor sua base e barrar o impeachment. À época, o vazamento resultou em decisão do Supremo Tribunal Federal que barrou a posse de Lula como chefe da Casa Civil do governo.
No ano seguinte à queda de Dilma do Planalto, Aloysio Nunes se tornou ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer (MDB). Neste ano, passou a chefiar a Investe SP (agência de fomento de São Paulo) no governo João Doria (PSDB), mas deixou o cargo em fevereiro, após ser alvo de busca e apreensão na 60ª fase da Lava Jato, a Ad Infinitum.
Pedido de propina
No último mês, também foi revelado que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro relatou, em sua proposta de acordo de delação, que Aloysio teria pedido propina a campanhas do PSDB em troca da liberação de recursos de obras em São Paulo.
Questionado pela Folha, Aloysio diz que o relato de Pinheiro é absurdo e cita apenas informações que não podem ser sujeitas à comprovação.
Já sobre a Lava Jato diz que após as revelações das mensagens de procuradores ficou “profundamente chocado com o que aconteceu”.
Instado a avaliar a atuação da Lava Jato até aqui, ele diz:
“Acho que os diálogos divulgados pelo Intercept e por vários veículos, entre os quais a Folha, carimbam muitos desses procedimentos de absoluta ilegitimidade. Não é possível, em um processo judicial, em um país civilizado, um juiz e os procuradores se comportarem da forma como se comportaram. Processo judicial exige um juiz independente, imparcial, que dê iguais oportunidades tanto à defesa quanto ao Estado provarem seus argumentos”.
Uma nova noite de 21 anos se avizinha da nação brasileira?
Vladimir Palmeira, líder das oposições, discursa na passeata dos 100 mil. Depois disso os ditadores perderam a vergonha e implantaram um regime de força.
Na data da edição do Ato Institucional 5, em 1968, eu tinha 20 anos, estava no segundo ano da faculdade mas já trabalhava na redação de um jornal. Até aquela data a chamada “revolução de 1964” tinha sido uma pálida imagem do que viria a ser. Perdendo os seus principais apoiadores, entre empresários, mídia e grande parte do povo, o Golpe fazia água por todos os lados.
A tal linha dura tomou o freio nos dentes e aprofundou o golpe, cancelando as garantias individuais, entre elas o habeas corpus e anulando legislativo e judiciário.
Algo parecido com o que está acontecendo agora. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, uma excrescência na política brasileira, vai governar por menos de 30 dias e se hospitalizar. Daí por diante a Linha Dura novamente toma o poder.
Como disse o ex-ministro Delfim Netto, o único signatário do AI-5 ainda vivo, ontem, na conversa com Bial, “o brasileiro das classes dominantes não quer Justiça, quer vingança”.
E acrescento: quer vingança das medidas de amparo ao trabalhador, desde a revolução de 1930; quer vingança pelos governos populares de JK e Jango Goulart.
E agora quer vingança dos 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, que tirou milhões de miseráveis debaixo da linha da pobreza extrema.
Em 13 de dezembro de 1968, uma sexta-feira aziaga, entendi que os tempos eram outros, como entendo agora. Espero que a noite que se avizinha não dure mais 21 anos.

O capitãozinho quixotesco pedindo a volta do AI 5 depois de 30 anos. Ele deve ser a primeira vítima do fechamento do regime.
Descascado o ovo da serpente, nos certificamos que todo golpe é autofágico
Isso é uma verdade histórica incontestável, aprendida desde a Revolução Francesa, a qual levou à guilhotina os seus principais líderes, girondinos, jacobinos, republicanos, monarquistas e os centristas da Planície.
Pois bem: a grande imprensa ajudou fortemente a chocar o ovo da serpente no Brasil, incentivando uma conspiração que apeou o Partido dos Trabalhadores do poder, com participação efetiva do parlamento, da Justiça e do Capital.
Nascida a nova serpente, a autofagia já começou: hoje na entrevista coletiva que Jair Bolsonaro concedeu à imprensa, foram vetados os jornalistas da Folha de São Paulo, do jornal O Estado de São Paulo e do jornal O Globo.
Bolsonaro ainda tripudiou a grande imprensa, afirmando que quem o elegeu foram os ativistas da mídia social. Fez bem.
A Lava-jato é fraude e até a Folha reconhece isso

O editorial principal da Folha de São Paulo de hoje descobre o óbvio: a “Operação Lava-Jato” é uma fraude, engendrada com o objetivo de acabar com o Partido dos Trabalhadores, seus principais próceres e qualquer ação progressista e socialmente responsável no Governo.
Sob o título “Sem provas”, os editorialistas da Folha asseveram:
“(…) Quão vulgar se tornou o recurso ao encarceramento provisório? Como autoridades podem ser responsabilizadas por decisões açodadas e mal fundamentadas?
Colocam-se em dúvida, mais uma vez, inquéritos amparados basicamente em delações, por fundamentais que estas sejam. É lugar comum dizer que tal instrumento deve ser escorado por evidências mais concretas. Neste e noutros casos de ampla repercussão, não se pode dizer que tais cuidados tenham sido tomados.
Reputações, empreendimentos, a política nacional e a credibilidade das instituições da Justiça são maculados por denúncias do gênero. O anseio compreensível pelo fim da impunidade não pode levar a atalhos que contornem as exigências dos processos corretos.”
Quando a Lava-Jato se encerrar, os danos serão irreversíveis: já estarão (ou já estão) na mão dos estrangeiros, a indústria aeronáutica, a indústria farmacêutica, a maior empresa petrolífera do País, os recursos do sub-solo, o regime de águas, a indústria da construção pesada e qualquer tipo de orgulho nacional. Neste momento o complexo de vira-latas do brasileiro será apenas o reflexo congruente da nossa realidade. Voltaremos ao Brasil colônia e as legiões de miseráveis começarão a invadir as cidades. Aí será tarde demais para reagir.
Estão entregando tudo! Agora Petrobras entrega 4 refinarias.
Baianos perderão sua refinaria estatal. Landulpho Alves será privatizada.

Segundo o jornal O Globo, a Petrobras está apresentando na manhã desta quinta-feira proposta para privatizar quatro refinarias em dois blocos, duas no Nordeste e duas no Sul. Juntas, elas têm 37% da capacidade de refino total da companhia. O modelo de negócios, ainda não aprovado pela diretoria da empresa, prevê a venda de 60% das unidades. A estatal ficaria com os 40% restantes e manteria sob seu controle 75% do mercado de refino. A Petrobras tem 13 refinarias no Brasil.
Detallhes da apresentação da Petrobras estão disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiiários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais. O evento de apresentação acontece na Fundação Getulio Vargas, no Rio.
A Globo News e os programas jornalísticos da Globo não param de golpear?
Jornal Nacional, nos últimos 12 meses, apresentou 18 horas e 15 minutos de ataques ao ex-presidente Lula. E o Globo News continua a serviço do golpe, em tempo integra.
Às 6 da manhã o fanático acorda para ver no Globo Esporte o treino livre da Fórmula 1 e lá estão aqueles bonecos empalhados, Camarotti, Merval e os outros acólitos de Michel Temer e de Sérgio Moro, repetindo uma genuína ladainha contra Lula, Dilma e o PT.
Resta saber porque nunca falam sobre Operação Zelotes e dívidas tributárias dos Marinho. Com aquela voz esganiçada de Camisa Preta, fariseu vendilhão do templo, Sérgio Moro está mesmo é reivindicando uma vaguinha de anchor man no principal programa da emissora do Grupo Time-Life
MPF/ES denuncia 22 pessoas por esquema da Telexfree no Brasil
Três denúncias foram ajuizadas: por sonegação fiscal de quase R$ 90 milhões; por crimes contra economia popular pela pirâmide; e pelo funcionamento clandestino de instituição financeira
O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) ajuizou três denúncias contra 22 pessoas, todas envolvidas no funcionamento da Telexfree no Brasil. Entre os denunciados estão os sócios-administradores da empresa, Carlos Roberto Costa e Carlos Nataniel Wanzeler, além de investidores, divulgadores e familiares dos empresários.
As denúncias são os primeiros resultados de uma investigação conjunta entre MPF/ES, Polícia Federal e Receita Federal. Também houve compartilhamento de informações e de provas com as autoridades dos Estados Unidos e com a Justiça e o Ministério Público do Acre.
Carlos Costa, Carlos Wanzeler e a filha deste, Lyvia Mara Wanzeler, são acusados de sonegação fiscal de quase R$ 90 milhões e de prestar informações falsas à Receita Federal sobre a Ympactus Comercial S.A, popularmente conhecida como Telexfree. Também são acusados de cometer crimes contra a economia popular, em razão da pirâmide financeira, e emitir, oferecer e negociar valores mobiliários – no caso os contratos de adesão da Telexfree e a promessa de venda do empreendimento hoteleiro Best Western Tijuca Telexfree – sem registro e sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), induzindo e mantendo em erro os investidores da empresa; e de operar instituição financeira clandestina, inclusive realizando operações de câmbio e remessa de divisas para o exterior, empréstimos e adiantamentos.
Os outros 19 denunciados (confira a lista no fim do texto) são acusados dos crimes de pirâmide e de operar instituição financeira clandestina (artigo 16 da Lei 7.492/86). Ou seja, com as denúncias, o MPF/ES demostra que a Telexfree, além de ser um esquema híbrido de pirâmide e Ponzi, efetivamente atuava como instituição financeira clandestina, uma vez que captava, administrava e intermediava recursos de terceiros, mediante processos fraudulentos.
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Pré-sal já produz quase metade do petróleo brasileiro

A produção da exploração de petróleo do pré-sal correspondeu a 46% do total produzido no Brasil em dezembro. Entendeu agora o porquê do golpe, o impeachment e o posterior retalhamento da Petrobras? Por reservas menores que as do pré-sal, os EUA fizeram duas guerras e mantém estado de beligerância contínua no Golfo Pérsico.
Se não entendeu, vamos tentar desenhar.
O polígono do pré-sal do Brasil, uma área marítima que já resultou em algumas das maiores descobertas recentes de petróleo, pode conter ainda óleo e gás não descobertos suficientes para suprir as atuais necessidades do mundo por mais de cinco anos, disseram pesquisadores.
O polígono, que cobre a maior parte das bacias marítimas sedimentares de Campos e Santos, contém ao menos 176 bilhões de barris de recursos não descobertos e recuperáveis de petróleo e gás natural (barris de óleo equivalente), de acordo com um estudo publicado em agosto de 2015 por Cleveland Jones e Hernane Chaves, do Instituto Nacional de Óleo e Gás da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Isso é quatro vezes mais do que os 30 bilhões a 40 bilhões de barris que já foram descobertos na área.
Tínhamos medo, muito medo!
Não acho que o medo e o temor aos poderosos sejam características da covardia. Mas hoje, 46 anos depois, confesso, passamos muito medo nas redações em 1968. Nossa arrogância juvenil foi passo a passo se tornando em auto censura. Tínhamos muito medo de policiais de qualquer tipo ou farda e, mais ainda, das polícias secretas. Mas o que mais temíamos eram os alcaguetes, os dedos-duros, aqueles que trabalhavam por perto. Medíamos nossas palavras a cada instante, da redação aos botecos. Lá fora a Brigada Militar batia e prendia os manifestantes. Nossos colegas por vezes desapareciam das redações. Sabíamos que quem fosse convidado ao prédio da rua Paraná (Polícia Federal) dificilmente sairia ileso de lá. Sabíamos do cemitério clandestino de Viamão para onde eram enviados aqueles mortos em combate ou nos porões da ditadura. Sobrevivíamos do nosso medo e da desfaçatez de acreditar que nada estava acontecendo. Mas sempre com o temor que a “clava forte da Justiça” se abatesse contra os mais fracos.
Na época, fiz três coberturas de visitas presidenciais ao Rio Grande do Sul. Costa e Silva a Taquari, Médici em Bagé quando montou num cavalo que ganhou de seus conterrâneos e Médici ao Chuí, quando foi inaugurada a famosa “Rodovia do Inferno”, Vila da Quinta à fronteira com Uruguai. Médici almoçou com Pacheco Areco (também ditador no Uruguai) na Fortaleza de Santa Tereza, na fronteira. Sempre no quadradinho reservado aos jornalistas e fotógrafos. Ditávamos os textos para a redação, enquanto os fotógrafos se viravam com as tais radiofotos, um processo primitivo de enviar as imagens. Ou viajávamos a noite inteira na esperança que nossas viaturas (kombis na Caldas Júnior ou Willys Rural na Zero Hora) permanecessem sobre a pista.
E de quando em vez diagramávamos o jornalzinho da Faculdade de Economia da UFRGS, impresso em mimeógrafos a álcool, que trazia as notícias da clandestinidade.
Tínhamos medo. E depois que o regime foi apodrecendo, nunca mais tivemos medo de ninguém ou de nada. Porque já tínhamos passado a nossa overdose de medo e sabíamos que o que passou nunca mais iria se repetir.
Como o poeta Thiago de Mello escreveu em 1966, agora éramos noivos da Liberdade, e nada devíamos temer:
Quero dizer teu nome, Liberdade,
quero aprender teu nome novamente
para que sejas sempre em meu amor
e te confundas ao meu próprio nome.
Deixa eu dizer teu nome, Liberdade,
irmã do povo, noiva dos rebeldes,
companheira dos homens, Liberdade,
teu nome em minha pátria é uma palavra
que amanhece de luto nas paredes.
Deixa eu cantar teu nome, Liberdade,
que estou cantando em nome do meu povo.
Polícia Federal procura três envolvidos no golpe da Mega Sena
Por Mariana Jungmann, da Agência Brasil. Foto Valor Econômico.
Brasília – A Polícia Federal procura três envolvidos no desvio de R$ 73 milhões da Caixa Econômica Federal, no maior golpe registrado na história do banco público. Dez mandados de busca e apreensão em Goiás, no Maranhão e Tocantins foram cumpridos nas últimas horas. Permanecem presos o gerente-geral da agência da Caixa em Tocantinópolis (TO), Robson Pereira do Nascimento, e o suplente de deputado Federal, Ernesto Vieira Carvalho Neto.
Para o delegado federal Omar Pepow, entretanto, é improvável que novas prisões aconteçam em breve. “Nós estamos procurando os outros envolvidos. Nos próximos dias, os advogados devem entrar com os pedidos de revogação dos mandados de prisão. Eles devem ficar escondidos enquanto os advogados trabalham”, afirmou Pepow.
O delegado disse à Agência Brasil não acreditar que os procurados tenham fugido do país, porque muitos não receberam dinheiro suficiente para isso. Segundo Pepow, no primeiro momento, as investigações se concentraram na identificação das contas que receberam valores mais altos. Agora, um levantamento das contas que receberam valores menores começará a ser feito em conjunto com a Caixa.
“Essas pessoas vão ser chamadas a explicar de onde veio o dinheiro. Por que entrou o dinheiro na conta dele? Se entrar 750 mil na sua conta, você tem que saber dizer da onde veio esse dinheiro”, disse o delegado.
No início das investigações, um homem que tinha recebido R$ 5 milhões chegou a ser preso, mas conseguiu a liberdade provisória depois de apresentar indícios de que o dinheiro pode não estar relacionado com a fraude. O delegado optou por preservar a identidade dele diante da possibilidade maior de inocência.
Segundo a PF, a quadrilha usou documentos falsos para abrir uma conta-corrente em uma agência da Caixa de Tocantinópolis (TO). Pouco tempo depois, cerca de R$ 73 milhões foram depositados na conta. Desviado do banco estatal, o dinheiro foi depositado como sendo o pagamento de um prêmio da Mega Sena que nunca existiu. Por fim, o montante foi transferido para várias contas. Em nota, a PF informou ter recuperado aproximadamente 70% do total desviado.









