Polícia Federal na Faria Lima: quebrando as fontes de financiamento e lavagem de dinheiro do PCC. Por que isso causou tanta reação no Governo de São Paulo e por que a Oposição na Câmara está apoiando tal reação? Todos sabem: o tráfico é responsável pelo financiamento das operações políticas do Governo de SP e pelo financiamento de uma significativa porção da Oposição no Congresso. Por isso, estamos falando de uma blindagem a organizações criminosas, as quais estariam livres de investigação e controle dos órgãos federais.
Trata-se de mais uma ação conspiratória dos golpistas de 8 de janeiro: o ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o tal de Capitão Derrite, deixou a Secretaria para assumir, na Câmara, a relatoria do projeto Anti-facção.
Primeira providência: retirar a Polícia Federal de suas ações de repressão ao crime organizado, como aconteceu em São Paulo na Operação Carbono Oculto, quando foram identificadas as fontes da branqueamento de dinheiro e inclusive organizações da Faria Lima como operadoras do dinheiro do tráfico.
Agora, a PF rechaça a medida com veemencia em nota oficial:
A Polícia Federal acompanha com preocupação as alterações produzidas pelo relatório sobre o Projeto de Lei Antifacção, atualmente em debate no Congresso Nacional.
A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público.
Pelo relatório apresentado, o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime — especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance — poderá sofrer restrições significativas. A execução de operações pela Polícia Federal dependeria de solicitação do governo estadual da região investigada, o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado.
Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros.
É importante ressaltar que, em agosto, a Polícia Federal realizou a maior operação contra o crime organizado da história do país. Pelas regras propostas no relatório em discussão, operações como essa estariam sob ameaça de não ocorrerem ou de terem seus efeitos severamente limitados.
A Polícia Federal reafirma que continuará defendendo suas atribuições constitucionais e a preservação da sua autonomia funcional, a fim de garantir o cumprimento da lei e a defesa da sociedade brasileira.
Coordenação-Geral de Comunicação Social
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Recuo miraculoso
Nesta segunda-feira (10), Derrite se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, para achar uma forma de estruturar” um novo texto que “não tire poderes da Polícia Federal, segundo o blog da Natuza Nery.
A versão original do parecer de Derrite causou forte reação do governo e de especialistas. O texto previa que a PF só pudesse atuar em investigações de facções se fosse acionada, ou provocada, pelo governador do estado.
Em nota divulgada mais cedo nesta segunda-feira, a PF disse que acompanha com preocupação as alterações feitas pelo relator. Segundo a PF, a proposta original do governo buscava endurecer o combate ao crime organizado, mas o texto apresentado por Derrite “compromete o interesse público” ao promover mudanças que podem enfraquecer o papel histórico da corporação em investigações de grande alcance.
Em entrevista ao Estúdio i, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que a escolha de Derrite como relator do projeto está “contaminada com a questão política” e que o tema da segurança pública “tem tudo a ver com 26“.

