BNDES lucrou e muito com o dinheiro emprestado a Joesley Batista

Paulo Rabello assumiu a presidência do Banco em maio deste ano.

Se o caro leitor acredita que o dinheiro investido pelo BNDES no grupo JBS foi fruto de propinas, leia esta matéria do G1, publicada em 14 de julho, onde o Presidente do Banco afirma que a instituição já ganhou R$3,5 bilhões com o investimento. A BNDESPar, braço de investimento do banco público, é dona de 21,32% do frigorífico.

Joesley cedeu aos encantos da canalha política apenas para não sucumbir entre as explosões dos factoides dos bandidos. Primeiro cedeu, depois delatou. O seu destino era o esperado: acabar na cadeia, longe dos braços de Ticiana.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, disse que o investimento do banco na JBS foi “um dos negócios mais bem bolados e bem-sucedidos da BNDESPar”.

A afirmação foi feita durante coletiva com a imprensa para apresentação do “Livro Verde do BNDES”, um balanço das atividades do banco.

“Até a lambança da delação, a empresa estava cotada a quanto? Passava de R$ 10 [por ação]. O BNDEs quando entrou [no negócio], ela tava cotada a R$ 7, R$ 7 vírgula alguma coisa”, disse.

A BNDESPar, braço de investimento do banco público, é dona de 21,32% do frigorífico.

A empresa vem enfrentando dificuldades desde que seus controladores, Joesley e Wesley Batista, revelaram à Justiça que pagaram propina a políticos.

De acordo com informações do Livro Verde, o BNDES injetou na JBS via mercado de capitais, ou seja, comprando ações, R$ 8,1 bilhões desde 2007. Os valores já englobam o investimento na Bertin, que foi comprada pelo grupo.

Com a venda de papéis da empresa e o recebimento de dividendos, prêmios e comissões, o banco já “embolsou” R$ 5 bilhões. No fim de 2016, o valor de mercado da companhia era de 6,6 bilhões. Somados esses valores, o BNDEs teria “ganhado” R$ 11,6 bilhões com a operação, o que representaria um resultado líquido de R$ 3,5 bilhões.

Sem favores

Rabello defendeu os empréstimos concedidos pelo banco à JBS e negou qualquer favorecimento à empresa. Supostas irregularidades nesses contratos de financiamento estão sendo investigados na Operação Bullish, da Polícia Federal.

“É pura fantasia isso de que aqui tem um amigo do rei que pediu preferência e vai levar tudo. Longe disso”, afirmou.

O executivo também disse que a assembleia geral de acionistas para discutir a reorganização do conselho de administração da companhia já foi solicitada e deve acontecer “nos próximos dias”. Ele já havia defendido o afastamento da família Batista do comando.

Rabello afirmou que o banco reconhece que “a empresa passa por um momento delicado”, mas que quem mais está sendo prejudicado pelo escândalo é o mercado pecuarista do país, que sofre com a falta de liquidez e perda da capacidade de comprar da JBS.

Briga de cachorro grande

Uma empresa que fatura quase 70 bilhões de reais ao ano, a qual tem mais de 34% de ações nas mãos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDEs), foi colocada no centro de uma operação da Polícia Federal e perde mais de 11% do valor de suas ações em um só dia da bolsa.

O País deve enfrentar cancelamentos de contratos de exportações de carne de boi e frango e sofrer processo de novas certificações sanitárias, justo neste momento em que os Estados Unidos, maior exportador mundial de carne de aves, enfrenta um foco de gripe aviária.

O Brasil exporta hoje quase US$ 12 bilhões, cerca de R$40 bilhões, de carne de frango, para clientes importantes como Arábia Saudita, China e Japão.

O que está em jogo é muito dinheiro e fatias do mercado internacional.

Não se iluda, caro leitor, debaixo dessa cinza tem brasa viva e não é briga de cachorro pequeno não.

Grupo JBS faturou forte em financiamentos e agora quer mudar para a Irlanda

Foto de Paulo Giandalia para o Estadão
Foto de Paulo Giandalia para o Estadão

Por Vicente Nunes, do Correio Braziliense

Gente decente que trabalha no setor público anda se perguntando o que o governo fará com o grupo JBS (Friboi e subsidiárias) caso seja levada adiante a proposta de transferência da sede da corporação para a Irlanda.

O grupo empresarial, do qual fizeram parte o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e seu secretário de Política Econômica, Carlos Hamilton, quer fugir dos impostos pagos no Brasil. A proposta prevê a criação da JBS Foods International,cujas ações serão listadas na Bolsa de Nova York.

Acontece que o JBS entrou de vez na Operação Lava-Jato, desde que a Polícia Federal fez buscas e apreensões na casa de seu presidente, Joesley Batista. Uma das empresas do grupo, a Eldorado Celulose, pegou R$ 940 milhões emprestados do FI-FGTS, fundo de investimentos bancado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Desse total, R$ 9,4 milhões teriam sido pagos em propina ao deputado afastado Eduardo Cunha.

DOADOR DE CAMPANHAS  

O grupo JBS é um dos maiores doadores de recursos para campanhas políticas. Também se notabilizou por crescer com a ajuda de recursos públicos. No início do primeiro governo Lula, o grupo foi escolhido pelo então presidente Lula como um dos campeões nacionais. Com isso, estima-se que tenha recebido mais de R$ 12 bilhões de bancos federais.