Sob forte comoção nacional e recrudescimento do esforço diplomático pela retomada do arquipélago das Malvinas, a Argentina relembra hoje a tragédia da Guerra das Malvinas. Há 20 anos, durante uma viagem a Buenos Aires, visitamos o memorial aos caídos das Malvinas. O sentimento de perda pelas vidas e a humilhação sofrida permanece a flor da pele.
No entanto, a aventura militar da ditadura foi o estopim do retorno à democracia. Os militares foram ejetados do poder depois do ato insano. Leia mais sobre o assunto, em matéria publicada aqui no dia 23/02/2010.

A Guerra das Malvinas explodiu em 2 de abril de 1982, quando 900 soldados argentinos desembarcaram em Puerto Argentino (Port Stanley para os britânicos), a capital das ilhas situadas a 740 quilômetros ao leste do litoral sul-americano, e expulsaram as autoridades britânicas.
Os analistas coincidem em que o conflito serviu para que o Governo conservador de Margaret Thatcher recuperasse a popularidade entre os britânicos enquanto na Argentina se constituiu no princípio do fim de uma cruel ditadura militar (1976-1983).
Em 30 de março de 1982, quando os navios de guerra argentinos viajavam em direção às Malvinas, o rachado regime liderado pelo então geral Leopoldo Galtieri havia reprimido com violência uma greve e uma passeata pacífica em direção à Praça de Maio, em frente à sede do Governo, para reivindicar o retorno da democracia.
O mesmo passeio histórico onde Galtieri havia sido aclamado em manifestações populares foi palco de grandes distúrbios em 14 de junho de 1982, quando as tropas argentinas se renderam às britânicas.
O que para a Argentina – de 40 milhões de habitantes – é ‘a façanha das Malvinas’, é lembrado nas ilhas – de 3 mil habitantes de origem inglesa – como ‘o dia da invasão’, que deu passagem a uma guerra que causou a morte de três ‘kelpers’ (malvinenses) e 255 soldados britânicos.
A Argentina reivindica que o Reino Unido cumpra uma resolução do Comitê de Descolonização das Nações Unidas (ONU) que em 1965 opinou que as Malvinas são um enclave colonial britânico e convidou às partes a negociar a soberania das ilhas levando em conta os interesses da população, de origem inglesa.
Nas últimas semanas, argentinos e britânicos elevaram o tom de suas acusações em um conflito que data de janeiro de 1833, quando tropas inglesas ocuparam as ilhas e expulsaram a população argentina.
Argentina redobrou as pressões para frear explorações de pesca e de petróleo em torno das Malvinas e conseguiu que os países sul-americanos decidissem impedir o ingresso aos seus portos de navios com bandeira das ilhas ou de guerra britânicas.

Soldados argentinos chegam às Malvinas para lutar no gélido abril de 1982. Foto de Daniel Garcia, da AFP.
Recentemente, o Reino Unido enviou às Malvinas o destróier mais moderno da Marina Real e o príncipe William para tarefas de formação militar. Com informações da Agência EFE.
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