Pela primeira vez em sete anos, a China cortou completamente as importações de soja dos Estados Unidos, aprofundando os efeitos da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (20) pela Administração Geral de Alfândegas da China mostram que, em setembro, quando tradicionalmente são fechados novos contratos de exportação, nenhuma carga do grão americano desembarcou nos portos chineses.
O prêmio de exportação é a diferença entre o preço do produto físico em determinada praça e a cotação na bolsa de Chicago — Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
A paralisação das compras é reflexo direto das tarifas impostas pelos Estados Unidos durante a guerra comercial. Em resposta ao tarifaço americano sobre produtos chineses, Pequim elevou suas tarifas sobre a soja dos EUA, encarecendo o produto e reduzindo sua competitividade frente aos grãos da América do Sul.
Nos Estados Unidos, a colheita da soja começa em setembro, período que marca a transição entre safras e é crucial para a assinatura de novos contratos de exportação.
Em um ano típico, agosto é o mês em que as indústrias chinesas de ração animal fazem reservas antecipadas do grão americano, aproveitando preços menores e assegurando o abastecimento para o início do novo ano-safra.
Neste ano, porém, os compradores chineses não realizaram essas encomendas. Os embarques caíram devido às tarifas impostas pela China em março sobre as importações dos EUA e porque os grãos colhidos anteriormente, conhecidos como “safra antiga”, já haviam sido vendidos.
Segundo Wan Chengzhi, analista da Capital Jingdu Futures, “isso se deve principalmente às tarifas. Em um ano normal, alguns grãos de safra antiga ainda entrariam no mercado”.
Com o recuo americano, o Brasil reforçou sua posição de principal fornecedor de soja à China. Em setembro, as importações chinesas de soja atingiram 12,87 milhões de toneladas métricas, o segundo maior volume mensal já registrado.
