Dragagem no rio São Francisco vai desimpedir hidrovia

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Quando os trabalhos de revitalização da hidrovia do São Francisco, com 1.371 quilômetros de rios navegáveis, será possível tirar 150 mil carretas em circulação nas estradas baianas. O transporte de cargas na hidrovia ainda está suspenso.

“Há, nesse momento, duas dragas tratando de desimpedir 21 trechos da hidrovia do São Francisco. Isso quer dizer que vai ter navegabilidade entre Muquém de São Francisco e Juazeiro (cerca de 450 quilômetros). Quando a recuperação acabar pelo menos 150 mil carretas devem deixar de circular nas rodovias anualmente” disse o secretário da Indústria Naval e Portuária do Estado da Bahia (Seinp), Carlos Costa, ao Correio*.

Conexão ferroviária

De acordo com a Seinp, com a conclusão das obras – que deve oferecer melhor estrutura para navegação durante o ano inteiro – as quase cinco milhões de toneladas de produtos escoados por rodovias devem ser transportados pela hidrovia. De Juazeiro, as cargas se deslocariam em trem para os portos do litoral.

Segundo o Ministério dos Transportes informou, foram destinados R$ 23 milhões para obras na hidrovia do São Francisco, com recurso para serem investidos “na manutenção do canal de navegação e da sinalização náutica, no Rio São Francisco em uma extensão de 1.292 km”.

Ainda não há prazo para as obras de requalificação serem concluídas.

hidroviaEm maio, uma tentativa

Em maio deste ano, a Aiba – Associação dos Produtores da Bahia chegou a promover um embarque através da Icofort, empresa que realiza, desde 2007, o transporte fluvial. Na oportunidade,  Júlio Cézar Busato, definiu a mobilização para revitalização da hidrovia do São Francisco, como um importante passo para a retomada do transporte fluvial. A mobilização reuniu os principais agentes envolvidos com a navegação no rio: o secretário estadual da Indústria Naval e Portuária, Carlos Costa; a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Isabel da Cunha; o presidente da Icofort, Décio Barreto Jr, o diretor de Logística da Icofort, Marcelo Teixeira, e os prefeitos de Muquém do São Francisco, Márcio Mariano, e de Ibotirama, Terence Lessa.

Mais competitividade no Agronegócio

A inclusão da hidrovia no sistema de logística do Oeste da Bahia, por exemplo, dará mais competitividade à produção de grãos e fibras da região com a redução do frete em cerca de 20%. “ A América do Norte gasta, em média, US$ 25,00 para escoar uma tonelada de algodão, enquanto que no Oeste da Bahia, gasta-se, aproximadamente, US$ 90,00 para transportar a mesma quantidade por rodovia até o porto de Santos”, explica Júlio César Busato, presidente da Aiba. Segundo ele, a revitalização da hidrovia do São Francisco vai ainda, fomentar os mercados da avicultura, suinocultura e bovinocultura do Nordeste, uma vez que “ a população receberá carne, leite e ovos a um preço mais baixo”, disse.

Marco histórico

Para marcar este dia de mobilização, um carregamento de 2.400 toneladas de caroço de algodão saiu do município de Muquém do São Francisco com destino a Petrolina (PE) em maio deste ano.  Lá, o caroço de algodão será processado para transformação e produção de torta e farelo de algodão (consumo animal); óleo refinado de algodão (consumo humano) e óleo de algodão para transformação em biodiesel. Além disso, durante o processo de transformação, retira-se o linter (lã de celulose que envolve o caroço) que será exportado para Japão e China.

Este ano, na safra 2013/14, o Oeste da Bahia já colheu 3,3 milhões toneladas de soja; está em processo de colheita do milho que deverá produzir 2,3 milhões de toneladas e, na última semana de maio, dará início a colheita do algodão com previsão de 1,2 milhão de toneladas produzidas. Os dados são da Aiba que dimensionou em 4,8 milhões de toneladas o volume de grãos e fibras que poderá ser transportado pela hidrovia, gerando cerca de R$ 2,6 bilhões.

Governo dá garantia de dragagem da hidrovia do São Francisco

hidrovia do sao franciscoO Ministério de Infraestrutura e Transportes está elaborando um projeto executivo para dragagem de maior dimensão na hidrovia do rio São Francisco, não só nos pontos críticos, como seria feito no período de seca, mas uma operação mais efetiva em todos os trechos que podem ser, no futuro, limitantes para seu funcionamento pleno. A informação foi prestada pelo ministro da Infraestrutura e Transportes, o baiano Paulo Sergio Passos, ao secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, em Ilhéus, durante evento comemorativo ao centenário da Associação Comercial de Ilhéus, município onde o secretário esteve com o governador Jaques Wagner, para inauguração do terminal pesqueiro. Segundo o ministro, os recursos necessários para essa operação já estão alocados.

Salles havia reivindicado ao ministério a dragagem da hidrovia para ser feita antes do início das chuvas mas, de acordo com o ministro, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), não conseguiu a tempo hábil a licença ambiental para realizar o trabalho.

De acordo com o secretário da Agricultura, a dragagem da hidrovia do rio São Francisco é necessária e da maior importância para a logística de escoamento de produtos, principalmente agropecuários em todo Nordeste brasileiro. Durante a conversa com Salles, o ministro falou por telefone com seu secretário executivo, Miguel Mário Bianco Masella, confirmando então que o ministério trabalha com o objetivo de finalizar o projeto executivo e obter o licenciamento ambiental, antes da próxima seca, para que a dragagem possa ser efetivada completamente.

No início de agosto, os problemas voltaram a chamar a atenção pelos inúmeros prejuízos ocasionados ao transporte de produtos como grãos, gesso agrícola, minérios e fertilizantes. O trecho de 604 km da Hidrovia do São Francisco movimenta milhões com o transporte anual de milhares de toneladas de produtos. Os bancos de areia praticamente impossibilitaram a passagem de um comboio com seis chatas nas proximidades da Ilha do Mendonça. 

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O Oeste baiano precisa de uma saída para o mar.

Navegação na hidrovia Tietê-Paraná, através de eclusas.

A Rede Record transmitiu hoje a primeira de uma série de reportagens sobre o rio São Francisco. Falou-se muito em turismo, em belezas naturais, mostrou-se a hidrelétrica de Xingó, mas não tocou no assunto de que naquele lugar deveria haver uma eclusa para manter o transporte hidroviário ao longo de todo o curso.

Uma ampla mobilização que envolveu os governos federal, estadual e municipais, além de empresas, foi firmada para a recuperação da navegação, em escala comercial, na hidrovia do rio São Francisco. Seminário realizado no dia 10 de junho de 2010, pelo Ministério dos Transportes (MT), em Sobradinho (BA), levantou os gargalos e as soluções necessárias para que a hidrovia possa ser ativada e passe a ser rota de transporte, principalmente de fertilizantes e grãos.

Dizia-se na época que a hidrovia receberia investimentos do PAC 2, que incluiria a construção de estaleiros e portos. De acordo com o coordenador-geral do Departamento de Transportes Aquaviários do Ministério na época, Edison de Oliveira Vianna Jr., eram previstos investimentos de R$ 399 milhões até 2014 na hidrovia, que sai de Pirapora e segue até Juazeiro, perfazendo o total de 1.371 quilômetros. “Os recursos serão utilizados principalmente para a implantação de três terminais de carga, dragagem, derrocamento e sinalização”, dizia a autoridade.
Agora, com o esvaziamento da Ferrovia Oeste Leste e após concluirmos que era mesmo pura propaganda política aquelas cerimônias de ordem de serviço e inauguração de pedras fundamentais, a esperança do agronegócio para a implantação do transporte hidroviário deve ser mantida.

O Oeste baiano precisa de uma saída para o mar. Que seja viável economicamente e não dependa de arroubos de políticos.