Energia eólica atende quase 50% da demanda do Nordeste

Parque eólico de Caetité
Parque eólico de Caetité

O Nordeste poderia estar sob racionamento se não fossem as fazendas de energia do vento. Falta, ainda, infraestrutura de transmissão. 

A fonte eólica bateu o recorde de geração no subsistema Nordeste, com 3.689 MW, às 08:24 horas da última segunda-feira (12/10), o que representou 46% da demanda da região no momento, com um fator de capacidade de 84%. O novo marco ocorre em um momento de esvaziamento dos reservatórios hídricos do subsistema Nordeste, cujo nível de armazenamento está em 11,7%.

O percentual, por sinal, é menor do que o verificado um ano antes. O recorde, que superou o anterior de 3.495 MW no dia 22/9, reforça a contribuição da fonte para a segurança energética na região, segundo a Abeeólica. O presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, declarou que, não fosse a geração eólica e a térmica, o Nordeste provavelmente passaria por um racionamento neste ano.

Em todo o sistema interligado, o recorde de geração eólica é de 4.432 MW, alcançados no dia 9 de agosto deste ano, às 22:47 horas, quando representou 8% da carga de todo o sistema, com um fator de capacidade de 78%.

A entrada em operação de novos parques também contribui para os recordes alcançados pela fonte. Atualmente, a capacidade eólica instalada em todo o país é de 7.657 MW e deve chegar a pouco mais de 9 mil MW até o fim do ano.

Transmissão

O Nordeste concentra a maior parte das usinas eólicas contratadas no país, em operação ou em construção, e reserva os melhores aproveitamentos de vento. Entretanto, a falta de uma estrutura de transmissão na região é uma preocupação para a expansão da fonte.

Na última segunda-feira, por exemplo, a Aneel revogou a concessão de uma linha de transmissão no Rio Grande do Norte, por atrasos na implantação da obra, que seria destinada para a expansão da fonte no estado. Além dos atrasos, os leilões de transmissão pouco atrativos influenciam diretamente as chances de contratação de usinas eólicas nas próximas concorrências de geração, porque os parques só podem ser negociados se houver conexão contratada.

Bahia

Em 2014, a Bahia terminou o ano na liderança da corrida pela energia eólica, sendo o único estado a ter mais de quatro GW contratados, distribuídos em 165 empreendimentos. Desse total, 33 estão em operação, o que representa 841 MW espalhados em diversos municípios baianos – Brotas de Macaúbas, Sobradinho, Guanambi, Igaporã, Caetité, Sento Sé, Casa Nova, Bonito, Morro do Chapéu, Cafarnaum, Pindaí, Gentio do Ouro, Licínio de Almeida, Campo Formoso, Riacho de Santana, Itaguaçu, Umburanas, Mulungu do Morro e Xique-Xique.

A expectativa para este ano é que seja superada a marca de um GW em operação. Em 2015, caso projetos eólicos contratados venham a se equiparar aos de hidrelétricas em funcionamento, os ventos se tornarão a maior fonte da matriz energética da Bahia até o ano de 2020”.

Energia eólica ganha mais R$ 589 milhões na Bahia.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou empréstimo de R$ 588,9 milhões para a construção de nove parques eólicos na Bahia. Os empreendimentos serão instalados nos municípios de Igaporã, Guanambi e Caetité. O financiamento do banco corresponde a 74,35% do investimento total, estimado em R$ 792,2 milhões. De acordo com o banco, o projeto contribuirá para a criação de 2.970 empregos diretos e indiretos. As usinas são controladas pela Renova Energia e terão potência instalada total de até 195,2 MW. Os projetos foram vencedores do Leilão de Energia de Reserva de 2009. Isso permitiu que fossem fechados contratos de compra e venda de energia entre cada usina e a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), o que assegura a compra da energia elétrica gerada por um prazo de 20 anos.

As usinas contarão com 122 aerogeradores (gerador que converte energia eólica em energia elétrica) fornecidos pela subsidiária da General Electric INC no Brasil. A Renova Energia foi constituída em 2006. A empresa tem foco no desenvolvimento de projetos de energia elétrica a partir de fontes alternativas renováveis, como PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e parques eólicos. Ela conta com três PCHs em operação na Bahia. No ano passado, o BNDES já tinha investido na empresa por meio de um dos fundos ambientais dos quais participa, o FIP Caixa Ambiental. Com informações da Folha de São Paulo.