Exploração de Urânio em Caetité será retomada em 2016

Usinas de Angra: autossuficientes.
Usinas de Angra: autossuficientes.

Da Agência Brasil, com foto da Wikimedia Commons

A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) vai retomar a produção de urânio da mina de Caetité, na Bahia, em condições de atender à demanda do país, informou o presidente da INB, Aquilino Senra. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que a ideia é que, em 2017, a mina esteja preparada para atender à demanda atual de Angra 1 e 2, avaliada em 400 toneladas de urânio por ano, e a de Angra 3, cuja entrada em operação comercial está prevista para dezembro de 2018. Quando Angra 3 entrar em funcionamento, a demanda subirá para 780 mil toneladas/ano.

As reservas brasileiras de concentrado de urânio, estimadas em 309 mil toneladas, “são mais do que suficientes para atender às demandas das duas usinas nucleares existentes e da usina em construção (Angra 3), podendo atender também à demanda de até quatro novas usinas. E ainda sobra”, garantiu Senra. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), o Brasil detém a sétima maior reserva de concentrado de urânio do mundo.

O que ocorre, de acordo com o presidente da INB, é que o urânio está no solo e tem que ser extraído. “Essa é a prioridade do país, no momento”. Explicou que para abrir uma mina de urânio, são necessários entre seis a oito anos, segundo experiências mundiais. “Nós aqui estamos tentando fazer isso o mais rápido possível”.

Nesse sentido, disse que outro projeto importante é o da mina de Santa Quitéria, no Ceará, parceria com o setor privado (Galvani e Yara), em que o produto principal é o fosfato, utilizado na produção de fertilizantes, e o urânio é um subproduto.

A INB desenvolveu uma técnica junto com o setor de engenharia nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para separar urânio do fosfato “e, com isso, viabilizar a produção do fosfato de que o Brasil é dependente do mercado internacional”. Quase 50% desse material são importados pelo país para a produção de fertilizante, junto com o potássio, importado em maior quantidade. Continue Lendo “Exploração de Urânio em Caetité será retomada em 2016”

Urânio vaza em Caetité por falha humana

Uma falha durante uma operação no processo de embalagem na mina de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), localizada no município de Caetité (distante a 757 km de Salvador), resultou em um vazamento do material no último dia 18 de outubro.

Segundo Lucas Mendonça dos Santos, funcionário da INB – que trabalha na área do painel de controle da mina – e um dos diretores do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Microrregião, cerca de 120 kg de urânio vazaram. O incidente aconteceu quando era realizada a última etapa do processo de beneficiamento do material, na Área 170, onde ocorre a embalagem do produto. Nesta etapa, o urânio é colocado em tambores, que suportam cerca de 400 a 450kg do material, conforme o funcionário.

Após serem pesados e atingirem a capacidade máxima, um mecanismo veda os recipientes de forma automática, conforme o funcionário. “A falha aconteceu porque a válvula foi colocada no modo manual. O operador se confundiu e retirou o tambor do equipamento com a válvula ainda aberta”, afirmou Lucas. Editado pelo Política Livre. Leia mais em A Tarde.

Urânio que chega a Caetité é tema de polêmica na Assembleia da Bahia.

Os deputados Bruno Reis (PRP), Targino Machado (PSC) e Augusto Castro (PSDB) apresentaram um requerimento conjunto à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa solicitando a formação de uma comissão para acompanhar in loco a situação das 90 toneladas de material das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) que estão estacionadas no Batalhão da Polícia Militar de Guanambi. “O fato é que existe um grande problema de opinião pública e não adianta o governador Jaques Wagner dizer que o material transportado pelas carretas é urânio. A população precisa estar convencida, mas não está porque o governo da Bahia já deu mostras de sua leniência”, afirmou.
O deputado cobrou um laudo independente sobre o conteúdo do material transportado pelas carretas. Ele lembrou que o Brasil já testemunhou tragédias nucleares, como a provocada em Goiânia em setembr de 1987, quando dois catadores de lixo encontraram cápsulas de césio 137 e, poucas horas depois, dezenas de pessoas foram contaminadas, provocando a morte de mais de 600 pessoas.
Bruno Reis encerrou o discurso com um questionamento. “Cabe uma pergunta: a INB tem a sua sede localizada no Rio de Janeiro e está presente na Bahia, Ceará, Sâo Paulo e Minas Gerais. Por que esta carga tem de vir para a Bahia? Por que não vai para São Paulo ou outros estados?”.

Água com radioatividade em Caetité.

O consumo de água em três pontos de Caitité foi suspenso por ter sido detectada a presença de radioatividade alfa e beta acima do permitido pela portaria 518/04 de potabilidade de água, do Ministério da Saúde. Dos três, apenas um ponto é utilizado para abastecimento humano com radioatividade alfa acima do limite permitido.

O Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ) e a Secretaria de Saúde do Estado notificaram a prefeitura, por um poço do povoado Barreiro, da zona rural de Caetité, que abastece cerca de 15 famílias desde 2007, com o índice de radioatividade alfa 0,30, quando o padrão é 0,1bg/litro na água.Com informações do portal IBahia.

De acordo com denúncias encaminhadas ao Greenpeace, em novembro do ano passado, 30 mil litros de concentrado de urânio podem ter contaminado solo e água dos arredores da mina. Moradores de Caetité (BA) – onde está situada a mina de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que abastece as usinas Angra I e II – procuraram o Greenpeace para denunciar o vazamento de 30 mil litros de concentrado de urânio. De acordo com informações levantadas pela própria comunidade, o vazamento teria atingido 200 metros de profundidade e pode ter contaminado rios e lençóis freáticos. A operação da mina, ainda segundo os moradores, está suspensa.

Procurada pelo Greenpeace, a assessoria de comunicação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental responsável pela fiscalização das atividades nucleares no país, disse que o vazamento aconteceu no dia 28 de outubro. A assessoria, no entanto, não informou detalhes sobre os impactos e as medidas que serão tomadas. A INB não quis se pronunciar.

“Como nos vazamentos anteriores, esse acidente expõe a fragilidade da segurança nuclear e a falta de transparência dessa indústria. O acidente aconteceu há 13 dias e até agora ainda não há uma posição oficial da INB e da CNEN”, diz André Amaral, coordenador da campanha de energia nuclear do Greenpeace. “A população ainda não sabe a extensão da contaminação do solo, da água e quais os riscos para os moradores da redondeza.”