A noite dos desesperados: 19 agentes públicos indiciados

Das 28 pessoas responsabilizadas no inquérito de Santa Maria, 19 são agentes públicos. A divulgação do documento causou surpresa em Santa Maria, pois até as famílias de vítimas esperavam apenas pelo indiciamento de sócios da boate Kiss e integrantes da banda Gurizada Fandangueira. Já o governador Tarso Genro (PT) elogiou o trabalho e anunciou ainda ontem o afastamento do comandante regional do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, coronel Moisés Fuchs.

Fuchs é investigado por improbidade administrativa. “Uma pessoa que foi indiciada deve ser afastada do cargo”, justificou, em Brasília, durante entrevista à Rádio Guaíba. Tarso ressaltou que resultado da investigação, que responsabiliza o prefeito de Santa Maria, secretários municipais e bombeiros, deve levar a uma mudança de postura do gestor municipal. “No dia seguinte (à tragédia), já houve um surto de fechamento de estabelecimentos dessa natureza em todo o Brasil. Outro dia tive a oportunidade de dizer publicamente que é preciso apurar as responsabilidades. Essa mudança de postura já começou. Que o sacrifício dessas pessoas sirva para mudar regulamentos, leis, atitudes de todo o poder público, para que isso nunca mais aconteça.”

Foto de Fernando Bona
Foto de Fernando Bona

Quatro funcionários municipais, o secretário de Mobilidade Urbana Miguel Caetano Passini, o secretário do Meio Ambiente Luiz Alberto Carvalho Júnior, o chefe de fiscalização Beloyannes Orengo de Pietro Júnior e o funcionário da Secretaria de Finanças Marcus Vinicius Bittencourt Biermann foram acusados de homicídio culposo.

O nome do prefeito Cezar Schirmer (PMDB) será encaminhado, com cópia do inquérito, ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para apuração de responsabilidade criminal e improbidade administrativa. Ele deve ser responsabilizado porque a polícia entende que houve falhas da prefeitura na emissão de alvarás e na fiscalização da Kiss. Do Estadão.

No dia 30 de janeiro já anunciávamos aqui em O Expresso, ao comentar matéria do jornalista Políbio Braga, que o Estado era o maior responsável por funcionamento de arapucas como a Kiss. No dia 24 de fevereiro, noticiávamos que a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul entraria contra a Prefeitura e Governo do Estado. Os 241 tombados na noite dos desesperados clamam por Justiça.

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