Uma grande fábrica chinesa se prepara para produzir veículos no Brasil.

Haval H6 é SUV médio que pode competir com Jeep Compass e cia

© GWM/DivulgaçãoHaval H6 é SUV médio que pode competir com Jeep Compass e cia

As negociações já estavam em andamento, mas o jornal O Globo cravou que a chinesa Great Wall Motors (GWM) finalmente comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), desativada no fim de 2020, onde os modelos Classe C e GLA foram montados.

De acordo com o jornalista Marcelo Ninio, que é correspondente na China, a GWM é o maior fabricante de SUVs e picapes da China, com 1,1 milhão de carros vendidos em 2020. O flerte da empresa automobilística com o Brasil já era antigo, já que há mais de uma década eles aguardavam um momento favorável para fazer parte do nosso mercado. Ainda não há um anúncio oficial por parte da empresa, mas a aquisição foi registrada em um informativo interno da Great Wall Motors.

Haval H2 é um dos candidatos que podem ser fabricados no Brasil

© GWM/DivulgaçãoHaval H2 é um dos candidatos que podem ser fabricados no Brasil

A empresa vive uma fase de forte expansão mundial, com a meta ambiciosa de produzir 4 milhões de veículo até 2025, sendo que 80% deles seriam movidos a “novas energias”, como a elétricas e o hidrogênio. O plano de internacionalização da GWM  – que é privada, mas conta com a ajuda estratégica do governo chinês – teve inicio há dois anos, quando adquiriu uma fábrica na Rússia e uma na Tailândia. A gigante chinesa também está em vias de começar a fabricar na Índia.

Linha de picapes médias Poer, da GWM

© GWM/DivulgaçãoLinha de picapes médias Poer, da GWM

A Great Wall Motors possui quatro divisões de veículos: a Haval é especializada em SUVs; a GWM empresta seu nome à picapes; a Wey é focada em carros de luxo; e a Ora em elétricos. De acordo com o site Webmotors, a especulação é que o início das operações brasileiras seriam apenas em 2024, tempo necessário fara formar uma rede de concessionárias e homologar os veículos.

Haval H4 tem porte de médio, mas pode ter preço para competir com os SUVs compactos

© GWM/DivulgaçãoHaval H4 tem porte de médio, mas pode ter preço para competir com os SUVs compactos

Em um primeiro momento os veículos seriam importados, com um perfil de modelos mais caros como o SUV médio Haval H6 e a picape média Poer. Depois a gama passa a ter veículos de produção nacional com modelos menores como os SUVs Haval H2 e Haval H4. Um veículo elétrico da Ora e outro modelo da Wey também poderiam ser vendidos por aqui como uma vitrine da marca.

O dragão chinês vai acordar num futuro próximo.

Alguns conhecidos voltaram da China impressionados.
Um determinado produto que o Brasil fabrica em um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões.
A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é  impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas.
Com preços que são uma fração dos praticados aqui.
Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares.
Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares.
Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios. Estamos perante uma escravatura amarela e alimentando-a.
Horas extraordinárias? Na China? Esqueça !
O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que não vão receber nada  por isso.
Atrás dessa “postura” está a grande armadilha chinesa.
Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia de “poder” para ganhar o mercado ocidental .

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos ‘marqueteiros’ ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela “agrega de valor”: a marca.
Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos da América um produto “made in USA”. É tudo “made in China”, com rótulo estadunidense.
As empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares…
Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.
Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o que pode-se chamar de “estratégia preçonhenta”.
Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas táticas, cria unidades produtivas de alta performance, para dominar no longo prazo.
Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com o design, os chineses estão ficando com a produção, assistindo, estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais.
Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados pelo mundo ocidental. Só haverá na China.
Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus preços, produzindo um “choque da manufatura”, como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde de mais.
Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se ao poderio chinês.
Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.
Dragão este  que aumentará gradativamente seus  preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado, pois será quem manda,  pois terá o monopólio da produção.
Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é quem vai regular os mercados e não os “preçonhentos”.
Iremos, nós e os nossos filhos, netos… assistir a uma inversão das regras do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atômica… chinesa.

Nessa altura em que o mundo ocidental  acordar será muito tarde.
Nesse dia, os executivos “preçonhentos” olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando baralho na praça da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques fabris desmontados.
E então lembrarão, com muita saudade, do tempo em que ganharam dinheiro comprando “balatinho dos esclavos” chineses, vendendo caro suas “marcas- grifes” aos seus conterrâneos.
E então, entristecidos, abrirão suas “marmitas” e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas pois foram todas copiadas. Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e profissional de comunicação.