Jessé Souza: “A Lava Jato foi desde o começo uma máfia”

“Ideias envenenadas e juízes corruptos no lugar de bombas e balas”. Essa frase, que abre um dos capítulos do novo livro de Jessé Souza, Guerra ao Brasil (Estação Brasil), resume o conceito de soft power, utilizado pelo sociólogo para explicar a dominação estadunidense moderna.

Trata-se de um imperialismo indireto ou informal, baseado no poder simbólico de ideias e valores que se prestam à expansão econômica do capital estadunidense, no caso.

“Não existe exploração econômica duradoura se a inteligência do oprimido não for colonizada”, escreve.

Lava Jato, segundo ele, é resultado desse processo, no qual o discurso da corrupção é utilizado tanto para fragilizar instituições quanto a imagem que o brasileiro tem de si. São ideias que, de acordo com o autor, encontram respaldo na ciência, e por isso são tão poderosas. Ele cita Talcott Parsons, nos Estados Unidos, e Sérgio Buarque de Holanda, no Brasil, como expoentes de uma “pseudociência culturalista cujo fim é legitimar situações de dominação”.

A crítica a Sérgio Buarque não é inédita e aparece em A elite do atraso (2017), livro em que apontou pela primeira vez a influência estadunidense na Lava Jato.

“Moro ia para os Estados Unidos aprender com o FBI desde 2007. Isso foi montado. A Lava Jato foi desde o começo uma máfia”, diz em entrevista à Cult, por videoconferência. No início de julho, uma série de reportagens da Pública em parceria com o Intercept comprovou a proximidade entre a operação, Polícia Federal, procuradores e FBI.

Veja a íntegra da entrevista de Amanda Massuela, na Cult, clicando aqui.

Nota da Redação:

Particularmente, temos o prazer especial de ver e cheirar os miasmas da Força-Tarefa da Lava-Jato na briga pelo poder que foi estabelecida entre Jair Bolsonaro e Sérgio Fernando Moro, envolvendo a Procuradoria Geral da República, o MPF e o próprio STF, que numa decisão monocrática do ministro Fachin, ontem, vetou o compartilhamento, a abertura e a transparência dos documentos da Operação.

Jair, o deputado do baixo clero guindado, pelas manobras de Moro, à Presidência, deve ter sido escolhido a dedo pela dimensão diminuta de sua inteligência e por atender os anseios de um neo-fascismo assintomático, até 2018, no seio da middle class brasileira e das próprias elites.

O atual Presidente não vai enfrentar uma tarefa fácil: o establishment, liderado pelos norte-americanos, quer Moro, soldado de confiança. Apesar de que as ordens do Grande Irmão do Norte são transmitidas direta e publicamente ao Napoleão brasileiro, como fez o embaixador dos EUA há pouco mais de uma semana:

“Se o Brasil adotar o sistema da G5 da Huawei vai enfrentar sérias consequências”.

Ao final da novela, Jajá das Milícias desaparece. Eles querem é Moro, junto com o petróleo, os recursos minerais, as terras férteis e o agronegócio. Não para investir, mas para controlar e manter a China de língua de fora, nas cordas, no corner oposto do ringue.

O forte desenvolvimento chinês, o fato da China manter em suas reservas quase 4 trilhões de dólares de títulos da dívida pública ianque e a forte influência geo-econômica e militar sino-soviética no Mar da China, na África e no Brasil tem causado noites insones aos americanos. E eles, entre Jajá e Moro, já fizeram sua escolha.