Temer diz à revista semanal que cupincha não o delatará

Presidente da República diz que confia que Rodrigo Loures não o delatará

O presidente Michel Temer afirmou, em entrevista à revista Istoé publicada nesta sexta (2), duvidar que Rodrigo Rocha Loures faça acordo de delação premiada e que o denuncie.

“Acho que ele é uma pessoa decente. Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso”, disse.

Rocha Loures é ex-assessor de Temer, investigado no mesmo inquérito aberto contra o presidente após denúncias de executivos da JBS em acordo de delação premiada. Joesley gravou Temer em conversa comprometedora e diz que o presidente indicou Loures como seu homem de confiança. Já Loures foi filmado correndo com uma mala com R$ 500 mil em propina.

Nesta quinta-feira (1º), a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu pela segunda vez a prisão de Rocha Loures. Na primeira vez, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin recusou a prisão porque Rocha Loures tinha foro privilegiado e só poderia ser preso em flagrante. Loures era suplente do PMDB na Câmara, mas perdeu o cargo com a volta de Osmar Serraglio para o cargo de deputado.

“Agora, nunca posso prever o que pode acontecer se eventualmente ele [Loures] tiver um problema maior, e se as pessoas disserem para ele, como chegaram para o outro menino, o grampeador [Joesley]: ‘Olha, você terá vantagens tais e tais se você disser isso e aquilo’. Aí não posso garantir”, complementou Temer.

O presidente aproveitou para alfinetar o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que pediu a abertura de inquérito contra ele.

“Eu fui vítima do meu jeito de ser no tocante a receber as pessoas. Hoje eu começo a achar que, por exemplo, foi uma falha ter recebido o procurador-geral duas ou três vezes no Jaburu sem agenda. Como ter recebido inúmeros jornalistas e empresários fora da agenda. Foi uma falta de liturgia que, até digo, é inadmissível no cargo”, afirmou.

Questionado sobre as mudanças no ministério da Justiça e a possibilidade de troca no comando da Polícia Federal, Temer disse que a decisão cabe ao novo ministro da Justiça, Torquato Jardim.

“Quando ele [Jardim] me trouxer os argumentos eu vou examiná-los, mas a decisão é dele, avalizada por mim, sem dúvida nenhuma”, disse.

O presidente também afastou a leitura de que mudanças na PF seriam interpretadas como uma tentativa de interferência na Operação Lava Jato.

“Só seria mal interpretada se você dissesse assim: só existe uma pessoa na Polícia Federal capaz de comandá-la. Mas isso desmerece a instituição e tenho certeza que o próprio diretor não pensa dessa maneira”, desconversou. (Folhapress)

Quando um presidente precisar confiar que não será entregue à Justiça por um apaniguado é porque as coisas não andaram, não andam e não andarão, no futuro, muito bem. Confiar que os malfeitos ficarão sempre por debaixo dos panos já é meia confissão, não é?

As inverdades da revista “Isto é” sobre Delcídio não duraram 24 horas

A defesa do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) divulgou nota pública em que “não confirma” as informações publicadas em reportagem de hoje (3) da revista IstoÉ. A reportagem diz que o parlamentar firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).

“À partida, nem o senador Delcídio, nem sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tão pouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto”, diz a nota assinada pelo advogado Antônio Augusto Figueiredo Basto e pelo próprio senador.

Senador Delcídio do Amaral (Wilson Dias/Agência Brasil)
Senador Delcídio do Amaral divulga nota e não confirma delação premiada – Wilson Dias/Agência Brasil

A nota diz ainda que Delcídio não foi procurado pela reportagem da IstoÉ para se manifestar sobre “a fidedignidade” dos fatos relatados. E conclui dizendo que “o senador Delcídio do Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República”.

A reportagem da revista diz que, na delação premiada, Delcídio teria feito denúncias contra a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a revista, o senador teria informado que procurou a família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró por determinação de Lula para tentar impedir que Cerveró firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público em outubro do ano passado. De acordo com a revista, a Dilma Rousseff teria interferido nas investigações da Operação Lava Jato.

Sobre se teria firmado um acordo de delação premiada, a defesa e o Senador não mencionam. Se de fato existir, e para ser válido, o acordo precisa da homologação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, responsável pelos inquéritos da Lava Jato na Corte. Depois disso, Delcídio ainda terá que apresentar provas do que disser no âmbito da delação premiada. Da Agência Brasil.

A “Isto é” não é uma revistinha. Tem um tiragem de cerca de 350 mil exemplares, com o que deve obter mais ou menos 700 mil eleitores. Não deve e não pode sair por aí propagandeando inverdades, com o claro intuito de fortalecer a ideia de um levante que as oposições tentam organizar para o próximo dia 13.

Mesmo que a delação fosse verdadeira, só um ministro do STF poderia homologá-la. Então o que é apresentado como jornalismo investigativo não passa de jornalismo juvenil e mal intencionado.

Caixa tenta explicar o inexplicável

Foto da Agência Brasil
Foto da Agência Brasil

Ficou complicado para a Presidência da Caixa explicar a denúncia da revista Isto É e da Controladoria-Geral da União – CGU, segundo a qual o banco apropriou-se indevidamente dos saldos de mais de 500 mil contas, num valor de R$790 milhões de reais. Segundo a Caixa, o encerramento das contas se deu por motivo dos cadastros de CPF e CNPJ estarem irregulares na Receita Federal. O pior: a Caixa lançou o produto da apropriação no balanço financeiro como lucro. A instituição recuou prontamente no confisco, obrigando seu presidente vir a público para explicar o fato.

Os peronistas e as relações com a Rússia.

Evita e Juan Domingo Perón

Vale a pena dar uma passada na reportagem de ISTO É desta semana, sobre o livro “O Ouro de Moscou”, de Isidoro Gilbert, que trata das relações de Juan Domingo e Evita Perón com a então URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. As ligações financeiras e políticas dos autoritários e assistencialistas do Partido Justicialista são exemplo histórico marcante na América Latina, num modelo que se repete até hoje em vários países. Enquanto a revista e o livro não chegam às rarefeitas bancas de Luís Eduardo e Barreiras, leia a reportagem.