Por um cuco na Câmara de Luís Eduardo!

O vereador Alaídio Castilhos foi à tribuna, ontem, na sessão ordinária da Câmara Municipal de Luís Eduardo, para protestar contra o fato da segurança não ter deixado o insigne entrar no prédio fora do período de expediente. O presidente Cabo Carlos explicou o ocorrido e pediu desculpas ao vereador.

Acontece que um vereador que andou azeitonando nos últimos dias, tinha o hábito de entrar, tarde da noite, acompanhado por estranhos, no prédio da Câmara. E o Cabo proibiu. Daí ao segurança da casa entender que depois do meio dia ninguém poderia entrar foi um passo.

No entanto, o que deixou o vereador Alaídio mais estressado ontem foi a programação do cronômetro eletrônico que limita o tempo dos vereadores na tribuna. Janete da Saúde, na condição de segunda secretária, tentou várias vezes e não conseguiu. Alaídio foi em seu socorro e, depois de criar calo na ponta do dedo de tanto tentar, amuado, foi sentar-se à cadeira de primeiro secretário e deixou pra lá. Sugere-se a instalação de um relógio cuco na mesa diretora: quando o passarinho sair pra cantar, o vereador para de discursar.

Mais um dia de tensão na Câmara de Luís Eduardo.

Janete Alves

Os vereadores examinavam, hoje à tarde, dentro da sessão ordinária, o projeto que adapta o regimento interno e a Lei Orgânica do Município à Constituição e à estimativa de crescimento da população de Luís Eduardo. Explica-se: como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística estimou a população de Luís Eduardo em 52 mil habitantes, Luís Eduardo passaria a ter o direito e, a obrigação, no pleito de 2012, de abrir mais 6 cadeiras na Câmara. Mas para isso são necessárias as adaptações à lei vigente, dentro do previsto pela Carta Magna. Foi quando o vereador Ondumar Marabá pediu vistas do projeto e o presidente, Éder Fior, lhe concedeu 15 minutos. Ondumar protestou e veio em seu socorro a vereadora Janete Alves, que argumentou que a nova lei só favoreceria os vereadores e não a população. Nesse instante, o vereador Cabo Carlos aparteou a vereadora e lhe fez uma pergunta estranha:

– “Que diga Vossa Excelência há quantos anos a Senhora dirige seu automóvel”

Silêncio no plenário. E outra pergunta do Cabo Carlos: “Que diga Vossa Excelência há quantos anos a Senhora tem carteira de habilitação para dirigir.” Novo e constrangedor silêncio. Então a voz de trovão do Vereador foi implacável: “Quem é a Senhora para falar em lei, se a Senhora dirige há anos em Luís Eduardo e nunca teve carteira de habilitação?”

Como o silêncio da Vereadora Janete Alves foi ainda mais constrangedor, o Presidente da Câmara, lhe concedeu cinco dias para apresentar a Carteira de Habilitação e deixou implícito que a Vereadora pode ser processada por seus pares por falta de decoro parlamentar, já que o fato de dirigir sem habilitação é considerado crime, previsto pelo artigo 309 do Código de Trânsito Brasileiro. Apesar disso, a matéria é controversa, pois alguns entendem que o crime só estaria configurado se houvesse real perigo de dano a terceiros. A verdade é que pesa sobre o mandato da Vereadora, a partir de hoje, uma ameaça efetiva.

Vereador Cabo Carlos