
O nome do jogo é tráfico de influência. Dá muito dinheiro, mas pode acabar mal.



Matéria de O Globo publicada agora às 15h30m:
Em novo depoimento prestado à Polícia Federal na quinta-feira, o empresário Joesley Batista afirmou ter repassado R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB) durante a campanha eleitoral de 2014.
Segundo O GLOBO apurou com fontes ligadas ao caso, Joesley teria confirmado que os repasses milionários ao tucano estariam atrelados à futura atuação de Aécio em favor dos negócios do grupo J&F.
O repasse milionário teria sido dividido pelos tucanos com outros partidos que apoiaram Aécio. Para comprovar os repasses, Joesley ainda entregou aos investigadores uma extensa planilha de “doações” e um calhamaço de notas fiscais e recibos que comprovariam que parte da bolada foi repassada via doações oficias e outra parte, via caixa dois.
Aécio sempre negou qualquer irregularidade nas suas relações com o dono do grupo J&F.
Conforme Romero Jucá previu em ligação telefônica, “o primeiro a ser comido” seria Aécio. Vai ser o boi de piranha entregue aos bichos, em troca da cabeça de Lula, uma maneira de “O Santo” Geraldo Alckmin chegar ao poder com o apoio de Marina, Bolsonaro e outros quetais.
Vai ser candidato a deputado federal por Minas, para não perder o foro, e andará como um autômato, um fantoche sem opinião pelos corredores da Câmara.Até o crime prescrever.
Não sei porque, cada vez que toco no assunto Aécio Neves, lembro da letra da música do Legião Urbana, “Faroeste Caboclo”:
Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar

Se o caro leitor acredita que o dinheiro investido pelo BNDES no grupo JBS foi fruto de propinas, leia esta matéria do G1, publicada em 14 de julho, onde o Presidente do Banco afirma que a instituição já ganhou R$3,5 bilhões com o investimento. A BNDESPar, braço de investimento do banco público, é dona de 21,32% do frigorífico.
Joesley cedeu aos encantos da canalha política apenas para não sucumbir entre as explosões dos factoides dos bandidos. Primeiro cedeu, depois delatou. O seu destino era o esperado: acabar na cadeia, longe dos braços de Ticiana.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, disse que o investimento do banco na JBS foi “um dos negócios mais bem bolados e bem-sucedidos da BNDESPar”.
A afirmação foi feita durante coletiva com a imprensa para apresentação do “Livro Verde do BNDES”, um balanço das atividades do banco.
“Até a lambança da delação, a empresa estava cotada a quanto? Passava de R$ 10 [por ação]. O BNDEs quando entrou [no negócio], ela tava cotada a R$ 7, R$ 7 vírgula alguma coisa”, disse.
A BNDESPar, braço de investimento do banco público, é dona de 21,32% do frigorífico.
A empresa vem enfrentando dificuldades desde que seus controladores, Joesley e Wesley Batista, revelaram à Justiça que pagaram propina a políticos.
De acordo com informações do Livro Verde, o BNDES injetou na JBS via mercado de capitais, ou seja, comprando ações, R$ 8,1 bilhões desde 2007. Os valores já englobam o investimento na Bertin, que foi comprada pelo grupo.
Com a venda de papéis da empresa e o recebimento de dividendos, prêmios e comissões, o banco já “embolsou” R$ 5 bilhões. No fim de 2016, o valor de mercado da companhia era de 6,6 bilhões. Somados esses valores, o BNDEs teria “ganhado” R$ 11,6 bilhões com a operação, o que representaria um resultado líquido de R$ 3,5 bilhões.
Sem favores
Rabello defendeu os empréstimos concedidos pelo banco à JBS e negou qualquer favorecimento à empresa. Supostas irregularidades nesses contratos de financiamento estão sendo investigados na Operação Bullish, da Polícia Federal.
“É pura fantasia isso de que aqui tem um amigo do rei que pediu preferência e vai levar tudo. Longe disso”, afirmou.
O executivo também disse que a assembleia geral de acionistas para discutir a reorganização do conselho de administração da companhia já foi solicitada e deve acontecer “nos próximos dias”. Ele já havia defendido o afastamento da família Batista do comando.
Rabello afirmou que o banco reconhece que “a empresa passa por um momento delicado”, mas que quem mais está sendo prejudicado pelo escândalo é o mercado pecuarista do país, que sofre com a falta de liquidez e perda da capacidade de comprar da JBS.

O grande condestável da República, Rodrigo Janot, num buteco de quinta em Brasília, conversando com o advogado da figura mais controversa da história recente, Joesley Batista?
Em um dia o Procurador Geral da República pede a prisão do açougueiro delator e em outro, como um gangster, de óculos escuros, conversa com seu advogado?
No dia em que gravou, na garagem do Jaburu, as anuências do Presidente da República, Joesley selou o seu futuro. Minimizou a força dos golpistas e o grau de banditismo da quadrilha que tomou o poder em 2016.
O filho de Zé Mineiro, o dono do acanhado frigorífico de Formosa de Goiás, que transformou no maior conglomerado de proteína animal do mundo, hoje vai encontrar sua hora mais sombria, numa cela da Polícia Federal.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta sexta-feira (8) ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de uma ação cautelar, as prisões do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, de Ricardo Saud, executivo da empresa, e do ex-procurador da República Marcelo Miller.
O pedido está sob sigilo – nem a Procuradoria-Geral da República nem o Supremo confirmam que foi enviado. A decisão sobre o pedido será tomada pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF.
Você, meu caro e douto leitor, seria capaz de ligar esses três fatos? Vamos lá.
Se você concluir que afinal a sangria foi estancada, estará entendendo quase tudo. Então, reveja o diálogo entre o senador Romero Jucá, o tricoteiro de quatro agulhas, e o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nos dias que antecederam o impeachment de Dilma e previa essa desejada tranquilidade no respeitável cabaré da República.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o presidente Michel Temer fez uma “confissão espontânea” sobre a existência do encontro não registrado oficialmente com o dono da JBS, Joesley Batista, e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tomar o depoimento do peemedebista.
“Verifica-se que houve confissão espontânea quanto à existência do encontro não registrado no Palácio do Jaburu e do diálogo entre Michel Temer e Joesley Batista. Por outro lado, também há confissão espontânea nos pronunciamentos do presidente da República, dentre eles podemos citar o diálogo sobre possível corrupção de juízes; o diálogo sobre a relação de Joesley com Eduardo Cunha; o diálogo em que Michel Temer indica Rodrigo Loures para tratar com o colaborador Joesley Batista”, diz a petição.

No pedido, a PGR também solicita autorização para ouvir o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), também afastado do mandato. As diligências foram solicitadas nos inquéritos a que os acusados respondem na Corte, a partir das delações da empresa JBS.
Na manifestação, enviada ao ministro Edson Fachin, relator do processo, o procurador também defendeu a validade das gravações entregues pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, que gravou conversas com Temer, Aécio e Loures.
No caso do presidente, cuja defesa contestou a validade dos áudios, a PGR sustenta que Temer não negou o encontro com o empresário, no Palácio do Jaburu. Janot citou os pronunciamentos feitos por Temer, na semana passada. Da Agência Brasil, editado pelo JB e O Expresso.
Áudio divulgado pelo Estadão revela mais um detalhe sórdido nas relações que Michel Temer mantinha, secretamente, com o empresário Joesley Batista, da JBS.
O “homem da mala” Rodrigo Rocha Loures orienta Joesley a usar seu nome, Rodrigo, ao identificar-se na entrada do Palácio do Jaburu, residência oficial (por enquanto) de Michel Temer.
Era a senha para libertar a entrada para os “embalos da garagem” que antecediam a “festa da mochila”.
Basta a leitura do diálogo, que você pode ouvir no trecho que selecionei e coloco ao final do post, nem é preciso comentar. As conclusões são inevitáveis.
Loures pergunta a Joesley. “A conversa com ele (Temer) foi boa lá aquele dia?”
Joesley: “Muito boa, muito boa. Eu tava precisando ter aquela conversa lá com ele. Primeiro, brigado.”
Loures: “Imagina.”
Joesley: “Super, super discreto ali, bem, é, também dei meu nome nada. Entrei, entrei direto na garagem, desci, fui ali naquela salinha ali.”
Loures: “Protege você, te deixa à vontade, dá para fazer sempre assim. Quando for, quando você chegar e o cara pergunta, teu nome é ‘Rodrigo’. O menino… como aqueles militares ali da portaria não são controlados por nós, a gente nunca sabe quem vai estar naquela posição. O Comando fica trocando esses caras. Quando você chega, a placa do (inaudível). Diz: ‘O ‘Rodrigo’ vai chegar aí com o carro tal’. O menino que está na porta sabe nada.”
Joesley: “Funcionou super.”
Loures: “Ele queria acho que também falar com você, te ouvir, não é? E da outra vez, ele perguntou naquele dia, ele falou assim: ‘mas ele te disse o que é?’. Eu falei: ‘Presidente, nem disse, nem eu perguntei, porque (inaudível)’. Daí ele até disse assim: ‘é, então, mas diga a ele que se ele quiser falar, que ele pode falar com você’.”
Joesley: “Isso.”
Rocha Loures: “‘Ele só vai falar se ele quiser falar. Então, tem que deixar o Joesley à vontade’.”
Joesley: “Agora eu estou autorizado, porque ele me autorizou.”
Joesley aponta a Rocha Loures quem eram seus interlocutores no Planalto.
Joesley: “Então, primeira coisa que eu fui falar com ele era exatamente isso. (Inaudível) Eu disse assim: ‘Michel, eu falava (inaudível) com o Eduardo. Aconteceu o que aconteceu com o Eduardo, enfim, aí eu fui falar com o Geddel. Aí eu tava falando com o Geddel, tudo bem, aí aconteceu o que aconteceu com o Geddel, que eu falava com o Padilha aí, acho que hoje o Padilha está voltando, mas…”
Rocha Loures: “Voltou já.”
Joesley: “Isso, aí o Padilha estava naquela situação. Pô, eu tenho que achar com quem que eu falo. Aí ele falou: ‘Pode falar com o Rodrigo, o Rodrigo é da minha mais alta confiança. Tudo’. Então, pronto. Falei, então: ‘Então, pronto, agora eu tô em casa’. Aí, então, foi ótimo, foi conversa. Falei, então, o seguinte: ‘não vou ficar te enchendo o saco, vou falar tudo com o Rodrigo que eu precisar, nós vamos tocando. Se em algum momento tiver alguma coisa que eu ache que é importante, aí eu venho’.”
Loures: “Aí vocês se encontram.”
Joesley: “Isso.”