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O resumo da ópera de toda a bagaceira.
O artigo completo de Fernando Limongi, professor titular de ciência política na Universidade de São Paulo e pesquisador do Cebrap, pode ser lido no Valor Econômico, sob o título “O método Eduardo Cunha”, na edição impressa para assinantes.
A oposição não vai sossegar enquanto não tirar o PT do poder. Se não for pelas “pedaladas”, será pela via das contas de campanha. Não importam o método e as razões. O fim justifica a caça aos meios. A oposição optou pela radicalização. É uma decisão estratégica, política e que tem consequências. O PSDB hesitou em subir no barco. Aderiu, ciente de que entrava em uma aventura, pois o impeachment só sai forçando a barra. Vale a pena? Quem ganha com o impeachment?
Uma coisa é certa: perdem os democratas. Perde a democracia brasileira. A estratégia põe em risco os muitos avanços feitos ao longo dos últimos anos. É uma reversão, uma volta ao passado. Parece que estamos de novo nos anos 1960.
De onde vem essa radicalização? Por que se livrar do PT se tornou um imperativo? O PT é assim tão terrível, tão perigoso? O que está em jogo? Valores? Não há dúvida de que o PT financiou suas atividades recorrendo a meios ilícitos. A corrupção na Petrobras é indefensável e injustificável. Por ter feito o que fez, o partido já está pagando, e a fatura continua aberta. A conta vai crescer. A Justiça e o eleitorado estão tratando disso.
Quem ganha com o impeachment? Uma coisa é certa: perdem os democratas. Perde a democracia brasileira. Dizer que o PT fez da corrupção uma política de Estado, que a elevou a um novo patamar, que a tornou sistêmica, parte de um “projeto de poder”, é um exagero. Vale no plano retórico. Mas não se sustenta em fatos. O PT não inventou esse esquema, como não havia inventado o modelo do mensalão, criado pelo PSDB mineiro.
Basta ler o recente voto do ministro Gilmar Mendes para obter a comprovação de que o petrolão não foi criação do PT. Como demonstra o ministro, o mesmo esquema financiou a eleição de Collor. São as mesmíssimas empreiteiras e o mesmo “modus operandi”. O ministro não se lembrou, ou deixou escapar, que, no início dos anos 1990, o esquema passou a operar sob a batuta de João Alves e os chamados “anões do orçamento”.
O esquema se mantém, muda a gerência. O PT se tornou o acionista majoritário da firma. Um empreendimento do qual o PSDB também se beneficia. A despeito dos esforços feitos para obscurecer os dados, o ministro Gilmar Mendes mostra que as doações de pessoas jurídicas foram centrais, tanto para a campanha de Dilma quanto para a de Aécio. Se abrisse os dados, veria que as duas campanhas foram irrigadas com recursos vindos das mesmas empresas, as mesmíssimas empreiteiras que controlam as obras do Estado brasileiro pelo menos desde o regime militar.
Corruptores são “democráticos”. É assim ao redor do mudo. Quem ganha acesso aos cofres públicos quer manter seu privilégio. Alia-se a todo e qualquer candidato que tiver chances de vencer. Apressam-se em se tornar amigos íntimos dos poderosos e dos que podem vir a sê-lo.
Não querem perder a boquinha. Financiaram Dilma e Aécio. Isso não exime o PT de ter culpa no cartório. O partido deve pagar pelos desvios que cometeu. Já pagou pelo mensalão, mas o PSDB mineiro ainda não. Paulo Maluf, é bom lembrar, ainda tem mandato e está solto. José Dirceu foi cassado e já foi parar na cadeia duas vezes.
A revolta moral contra a corrupção tem se mostrado altamente seletiva. O PT é alvo preferencial. Os resultados da LavaJato mostram que o PT não agia sozinho. PP e PMDB também obtiveram vantagens.
Está com pena do Dunga?
Pois não precisa ter: só com o contrato com a OI, fechado em dezembro de 2009, Dunga faturou R$1,6 milhões e, obviamente, não deu garantias de vitória. Por outro lado, o leitor deve dar uma passada na página do Brasil Econômico, onde o diretor de redação, Ricardo Galuppo, analisa as “causas do fracasso”. Clique no link.
Cadê o trem?
O Brasil encontra sérios obstáculos para desenvolvimento na infraestrutura. Faltam estradas, ferrovias, portos e garantia de fornecimento de energia elétrica. Principalmente de ferrovias: hoje existe uma quilometragem menor de vias férreas, no País, do que em 1960. Um levantamento realizado pelo jornal Valor Econômico, que engloba sete projetos em andamento de grupos de minério de ferro, conclui que barreiras logísticas estariam dificultando o investimento de até US$ 12 bilhões nos próximos cinco anos. Grupos como ArcelorMittal, Ferrous, MMX, Mhag e Usiminas enfrentam dificuldades de transporte por ferrovias ou embarque em portos. Segundo a reportagem, o negócio de minério de ferro, por exigir produção em alta escala, baseia-se no tripé mina-ferrovia-porto para ser competitivo. Há projetos que correm o risco de não sair do papel se não forem encontradas soluções como porto público e direito de uso de ferrovias. Outros aguardam que ferrovias como a Oeste-Leste e a Transnordestina se concretizem para escoar a produção. Para amenizar o problema, o governo federal acaba de exigir do consórcio construtor da ferrovia Nova Transnordestina, a partir de janeiro, relatórios mensais sobre o andamento das obras. A ferrovia, de R$ 5,4 bilhões, controlada pela CSN, deveria iniciar as operações neste ano. A nova previsão ficou para 2012 ou 2013.

