Segundo estudos de universidades e outras instituições, colapso da Saúde deve começar na próxima terça-feira.

Com informe de Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil em São Paulo, editado

Mantido o nível atual de isolamento social, volume total de infectados pela covid-19 pode passar de 3 milhões e o de mortos, de 393 mil, diz estudo conduzido por pesquisadores brasileiros.

Em um cenário de isolamento vertical como aquele defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, com distanciamento social apenas daqueles com mais de 60 anos, seriam cerca de 26 milhões de infectados e 723 mil mortos.

No ritmo atual de evolução da pandemia de covid-19 no Brasil, o volume de unidades de terapia intensiva (UTIs) disponíveis no país não seria suficiente para atender a demanda a partir da semana do dia 21 de abril.

Essa é a projeção de um modelo matemático criado por um grupo de seis pesquisadores das áreas de Física e Medicina ligados às universidades federais de Alagoas e do Rio Grande do Norte, à Santa Casa de Maceió, ao Centro de Testagem e Acolhimento de HIV/AIDS de Itaberaba (BA) e à Escola Superior de Ciências da Saúde, em Brasília.

O estudo, publicado no dia 3 de abril, foi submetido a publicação internacional e é preliminar, ou seja, ainda não foi avaliado por pares – mas mostrou aderência aos dados reais pelo menos até o último dia 15 de abril: a evolução do número de mortos divulgados pelo Ministério da Saúde (um indicador com menor sub-notificação do que o volume total de casos e, por isso, mais confiável) tem sido consistente com as previsões apontadas pela equipe e usadas como base para o cálculo da utilização dos leitos de UTI nos hospitais.

O trabalho leva em consideração ainda as medidas de distanciamento social atualmente vigentes – a chamada “quarentena voluntária” -, seu impacto na redução da transmissão da doença e o percentual médio de infectados que precisam ser internados nas unidades de terapia intensiva por apresentarem quadros mais graves de infecção nos pulmões.

Em São Paulo, que concentra o maior número de mortos e infectados, o primeiro hospital atingiu nesta quarta (15/04) 100% de ocupação de leitos de UTI, o Instituto de Infectologia Emilio Ribas, como informou o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, em coletiva de imprensa.

O mesmo já aconteceu no Ceará, com todos os leitos disponíveis ocupados em Fortaleza e uma lista de 48 pessoas precisando de internação.