Este artigo foi escrito em 12 de agosto de 2005, por este editor, e publicado em vários jornais regionais do Rio Grande do Sul, bem como reproduzido em blogs. Recém vinha à tona o escândalo do Mensalão, Roberto Jefferson afirmava que Lula tinha chorado ao saber do plano de corrupção do seu partido e falava-se muito em planos secretos da Oposição para derrubar o então Presidente.
Santa ingenuidade a do jornalista que escreve no fragor dos acontecimentos. Mas já sentíamos que o PT tinha um plano de prolongar-se no poder a qualquer custo. Reproduzimos o artigo como testemunho que pressentíamos que a verdade ia prosperar. No entanto, os réus do mensalão, passado quase 6 anos, ainda não foram julgados pelo STF, apesar da condenação no Congresso e, pior, sentença tácita da sociedade. Leia o artigo:
“As nuvens negras que se abateram sobre o Governo nestes últimos dias, com a sucessão de denúncias sobre corrupção, impõem uma série de questionamentos ao cidadão comum:
1) As autoridades acreditam mesmo que, dentro dos parâmetros de uma democracia institucional, é plausível roubar o dinheiro público em completa impunidade? Ou a soberba e a prepotência do poder empanam a visão desses mesmos dirigentes da nação?
2) O deputado Roberto Jefferson, autor confesso de vários crimes eleitorais, pode permanecer por quanto durarem os processos investigatórios, titular de seu mandato eletivo e de suas imunidades parlamentares?
3) Roberto Jefferson foi apenas o estopim que uma grande conspiração oposicionista acendeu para colocar a administração Lula de joelhos ou é o resultado da prepotência do ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu?
4) Quem são os verdadeiros chefes e mandantes do crime de Santo André? Ali começa tudo ou foi apenas a porção visível e burra de um monstruoso plano de corrupção orquestrado para levar o Partido dos Trabalhadores ao poder?
5) A quem interessa, com exceção de Roberto Jefferson, salvaguardar a inocência do Presidente da Nação desde o processo eletivo até os dias de hoje? Lula pode alegar desconhecimento de causa, mas não o desconhecimento de aritmética. Sua campanha ao longo de 20 anos para ascender à presidência da República custou quanto e foi paga por quem?
6) Podem pessoas como Lula, José Dirceu e Genoíno, com personalidades políticas forjadas na dura luta pela volta do País à democracia, pensarem que a corrupção é o única saída para um plano de perpetuação no poder?
7) Pode o Governo nomear 20 mil cargos de confiança e ter confiança nos ocupantes desses cargos?
8 ) O poder corrompe? Todos são corruptos no poder? Existe salvação para esta jovem nação e seu jovem parlamento?
9) Pode o Governo imaginar que a corrupção instalada, em seus vários níveis, desde o início da República e até mesmo nos tempos do Império, não seria passível de permear-se no seio do empresariado, das instituições, da população? Quem veio primeiro: o eleitor descompromissado com o Governo, que não sabe exercer sua cidadania, ou os governos que perpetuam a ignorância no seio da Nação, e este é o pior dos crimes, com o objetivo precípuo de preservar o poder, obtido nem sempre por meios lícitos?
10) Estamos progredindo com a nossa capacidade de evitar a corrupção? Aprendemos alguma coisa com o casuísmo de Sarney para ficar mais um pouquinho na cadeira de Presidente; com a queda de Collor; com o processo de reeleição de Fernando Henrique; com as mazelas da privatização?
Na realidade não foi só Lula que chorou, se chorou, marido enganado da república. Nós choramos, nós os 53 milhões de eleitores que elegeram Lula, que pensaram, infantilmente, que a condução ao poder do Partido dos Trabalhadores era um pacto de integridade, que instalava-se na época um primado da ética e dos bons costumes, que a Nação finalmente encaminhava-se para o princípio do fim da injustiça social, da corrupção e do desgoverno. Pensávamos, ingênua e caricaturalmente, que se erguia, por fim, da justiça, a clava forte.
