O norte da África e o Oriente Médio estão em estado de cólera. Pura intolerância e fanatismo religioso. A maldita separação entre irmãos pelo credo religioso. E lá se vão os xerifes do mundo, os Estados Unidos, invadindo, matando e morrendo.
A ilação que se pode tirar da morte dos ditadores Muamar Kadafi e Sadam Hussein e da lenta agonia de Hosni Mubarak é uma só: os ditadores nunca terminam bem. A prisão em um buraco, como animais, fato comum a Kadafi e Hussein, é emblemática. Hoje secam as lágrimas daqueles que sofreram nas mãos desse esquizofrênico.
A revista Veja publica em seu site uma reportagem de arrepiar sobre os estupros coletivos que Muamar Kadafi ordenou que comandados fizessem no seio das comunidades ditas hostis. A revista arrola as consequências dos estupros promovidos pelas tropas russas na tomada da Alemanha ao final da Segunda Guerra Mundial e mostra o que está acontecendo na África, principalmente no Congo e na Líbia.
“A psicologia é a seguinte: se você mata alguém no campo de batalha, o transforma em herói. E a honra que vem disso faz seus concidadãos mais fortes. Mas o estupro só traz humilhação. Você não acaba com vidas, destrói a alma de uma sociedade”
Essa é a verdade proclamada por Thomas Hayden, autor de Sex and War: How Biology Explains Warfare and Terrorism and Offers a Path to a Safer World (Sexo e Guerra: como a Biologia explica a guerra e o terrorismo e oferece o caminho para um mundo mais seguro).
A reportagem conta ainda que na Líbia algumas tribos têm o hábito de assassinar as mulheres violentadas, como forma de afastar tamanha humilhação e a procriação de filhos dos inimigos em suas comunidades. Vale a leitura.
Agora pela manhã, um avião francês fez os primeiros disparos para estabelecer uma zona de exclusão aérea, prevista em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada na quinta-feira. O alvo do ataque foi um veículo militar, disse o Ministério de Defesa francês.
A ação começou horas depois de líderes ocidentais e árabes terem se reunido em Paris para chegar a um acordo sobre a ação para confrontar o líder líbio, Muamar Kadafi. “Nossa Força Aérea se oporá a qualquer agressão”, disse o presidente Nicolas Sarkozy, que previamente havia anunciado que aviões franceses já sobrevoavam a Líbia.
Segundo Sarkozy, caças franceses Rafale sobrevoavam a Líbia para realizar uma missão de reconhecimento do território. A aviação francesa tem o objetivo de “impedir ataques aéreos contra a população em Benghazi”, no leste do país.

O governo britânico ordenou à cúpula militar do País a finalização do plano de ação para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia, informou o jornal britânico The Guardian, nesta quinta-feira, 17. A Força Aérea Britânica (RAF, na sigla em inglês) está de prontidão. Os bombardeiros leves de araque ao solo Tornado devem ser as primeiras aeronaves de combate a serem utilizados nos ataques à defesa antiaérea do ditador Muamar Kadafi. Os aviões, baseados em bases na Escócia e em Norfolk devem utilizar bases no sul da França ou no Chipre. O Conselho de Segurança da ONU já autorizou a ação de europeus e norte-americanos.
Ninguém gosta de invasão militar de um País estrangeiro. Mas já está na hora do ditador Kadafi procurar um buraco semelhante aquele de Sadam Hussein, que afinal não tinha armas de destruição em massa, mas fez aquela bobagem, em 1991, de incendiar os poços de petróleo do Kuwait. Petróleo significa segurança energética e, na Europa e Estados Unidos, ninguém brinca com isso.
O petróleo bate em 118 dólares o barril nos principais mercados. Por outro lado, diplomatas britânicos deixam a Líbia. Para bom entendedor, isso pode significar que os grandes irmãos do norte vão mesmo intervir no país norte – africano. Se tem coisa que deixa norte-americano e europeu em pé de guerra é petróleo caro. Só falta a chancela da ONU.
Por outro lado, Kadafi já está protestando. Hoje acusou a França de interferência nos assuntos internos líbios e reiterou as acusações contra a Al-Qaeda, em uma entrevista ao canal de televisão France 24.
Ao ser questionado sobre o apoio de Paris ao Conselho Nacional líbio formado pelos insurgentes em Benghazi (leste), Kadhafi, que teve as declarações traduzidas do árabe para o francês, afirmou: “Nos faz rir esta interferência nos assuntos internos. E se nós atuarmos nos assuntos da Córsega ou da Sardenha!?”.
Kadhafi afirmou que na Líbia existe um “complô”, ao citar a presença de “extremistas armados”, de “pequenos grupos” e de “células adormecidas” da Al-Qaeda que pegaram em armas contra a polícia e o Exército”.
Já o ministro de Energia do Catar disse, em Doha, nesta segunda-feira que a Opep estava avaliando a situação do mercado de petróleo e a necessidade de uma reunião, mas acrescentou que não há escassez no fornecimento ao mercado.
“O fornecimento e estoques (de petróleo) estão em níveis confortáveis”, disse a jornalistas Mohammed Saleh al-Sada.
“Não há motivo para nervosismo”, ele acrescentou, dizendo que alguns países podem cobrir a queda na produção líbia.
Preocupações sobre uma interrupção no fornecimento pela Líbia, onde uma rebelião contra o líder do país virtualmente paralisou as exportações, tem pressionado para cima os preços do petróleo.
Uma pesquisa realizada pelo jornal El País, o mais importante da Espanha, diz que os cidadãos da União Européia estão decepcionados com as atitudes frente à crise da Líbia. E 66% se mostram a favor de uma intervenção armada.
A velha Europa é ciosa de sua tranquilidade econômica. Quando se fala em petróleo então, a coisa piora. A redução da velocidade nas auto-estradas da Espanha para 110 km/hora foi rechaçada pela opinião pública. Como a história se repete, o coronel Muammar Kadafi ainda vai ser caçado num buraco, como Sadam Hussein.
Kadafi ainda vai balançar uma semana ou mais antes de cair. E se não cair pelas mãos de seus conterrâneos, o ocidente dá uma mãozinha, não é mesmo? Os israelitas estão doidos para um combate aéreo na Líbia. Até fizeram um treinamento na Faixa de Gaza para aquecer as máquinas. O dinheiro do petróleo e a sede de poder ainda vão incendiar o barril de pólvora do Oriente Médio.
No sexto dia de revolta popular na Líbia contra o regime de Muammar Kadafi, rebeldes tomaram o leste do país e a repressão violenta aos manifestantes continuou nas ruas da capital Tripoli. Os números de mortos variam de acordo com a fonte, já que a entrada de jornalistas e observadores internacionais está praticamente impossível.
O governo líbio afirma que não passam de 300. ONGs da região estimam que são mais de 700. O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, fez um pronunciamento nesta quarta-feira 23 à Câmara Baixa do Parlamento sobre a situação. Segundo ele, o massacre ordenado por Kadafi já custou mais de mil vidas civis. O jornal italiano La Republicca fala em 10 mil mortos e 50 mil feridos, citando a rede de televisão Al Arabyia como fonte.
Relatos publicados pelo The New York Times dão conta de que grupos rebeldes já tomaram a parte leste do país. Enquanto Kadafi e seu filho seguem prometendo “rios de sangue” e acusando os manifestantes de serem subordinados a grupos terroristas, mais militares desertam das forças armadas, recusando-se a cumprir a ordem de atacar o próprio povo.
Na tarde de ontem, confirmou-se a informação de que dois pilotos da Força Aérea desviaram suas rotas para Malta e desertaram na ilha do Mediterrâneo. No início da noite, um navio de guerra também foi interceptado na região. O capitão afirmou às autoridades maltesas que tinha ordens para bombardear cidades no litoral líbio, mas resolveu abandonar o posto. Informações da Carta Capital.