A guerra do fim do mundo vai completar 31 anos sem solução à vista

Neste próximo 2 de abril, os argentinos comemoram ou lamentam a aventura temerária dos generais argentinos pelo domínio das Malvinas. Não se questiona o momento político que fez com que o regime militar argentino, tentasse, numa aventura bélica, retomar a popularidade que perdia de maneira acentuada. O importante é que a ONU decida de uma vez por todas qual País deve assumir as congelantes ilhas no final do mundo: se a Argentina que está a 640 km das ilhas ou o Império Inglês, que está a 12.400 km.

Soldados britânicos retomam o controle do arquipélago de mais de 700 ilhas
Soldados britânicos retomam o controle do arquipélago de mais de 700 ilhas

Douglas Mc Creery é um britânico que lutou na guerra e assim que começa a conversar faz questão de explicar que as ilhas são parte do Reino Unido: “A cabine de telefone é britânica, o poste de telégrafo é britânico, as casas são britânicas”.

A catedral é anglicana. O pastor prega em inglês. É a língua oficial, apesar do espanhol no currículo escolar. Os jovens entre 16 e 17 anos podem ir para a Inglaterra fazer faculdade. Tudo por conta do governo britânico, diz a redação do Jornal Nacional, da Globo.

Na verdade a decisão da Inglaterra de rechaçar a iniciativa argentina também atendia a interesses políticos internos. Margareth Thatcher, a primeira ministra, insistiu várias vezes que a soberania britânica sobre as Falklands era uma questão de princípios. Mas havia razões internas que estimularam o início da guerra. Em 1982, o governo de Thatcher tinha sido profundamente abalado. O desemprego oficial atingiu a casa dos 3,6 milhões de pessoas, embora, na realidade, o número de desempregados era muito maior. Sua política enfrentava uma forte oposição, com greves em grande parte das indústrias e nos hospitais. Em 1981, os planos do governo de fechar 23 minas de carvão tiveram que ser adiados por causa da ameaça de greve.

O governo Thatcher estava na corda bamba. O apoio do Partido Trabalhista à guerra das Malvinas foi de fundamental importância para a recuperação do território. Os ingleses até pretendiam, dois anos antes da invasão, entregar o domínio das ilhas aos argentinos, desde que assinassem um contrato de arrendamento de 99 anos. Já estavam de olho no petróleo que agora começam a explorar.

Uma corveta inglesa afunda atingida por um míssil argentino
Uma corveta inglesa afunda atingida por um míssil argentino

As marcas da guerra de opereta, inventada pelos militares, ainda divide a Argentina. E o apoio à atitude imperialista da Inglaterra é maciço entre os ingleses, países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte e, principalmente, dos Estados Unidos. Até o Chile apoiou durante a guerra e apóia até hoje, na logística das ilhas, aos ingleses.

O bombardeiro Vulcan que poderia ter realizado um massacre na Argentina, detido no Galeão pelas autoridades brasileiras
O bombardeiro Vulcan, que poderia ter realizado um massacre na Argentina, detido no Galeão pelas autoridades brasileiras

Durante a guerra os ingleses pensaram até em bombardear cidades importantes da Argentina, portos e aeródromos militares, colocando em risco a população civil. Foi o Brasil quem protestou contra os planos ingleses, considerando a decisão como ato hostil contra o continente. Ato contínuo, prendeu um bombardeiro Vulcan no Galeão – o avião voltava das Malvinas e teve problemas para alcançar a ilha de Ascensão, base inglesa no meio do Atlântico Sul.

Capacetes de soldados argentinos mortos ou feito prisioneiros repousam no campo de combate
Capacetes de soldados argentinos mortos ou feito prisioneiros repousam no campo de combate

O saldo da aventura, que pode se repetir a qualquer momento se depender do combalido kirchenerismo argentino, deixou um saldo de 900 mortos, 649 dos quais do lado argentino. Mas a tragédia social foi mais ampla: mais de 700 ex-combatentes argentinos cometeram suicídio após a guerra das Malvinas.

A conclusão que se chega é a de sempre: os políticos criam a guerra e os jovens, sempre os oriundos da classe menos favorecida, irrigam as pretensões da classe dominante com seu sangue.

Leia mais, aqui, aqui e aqui.

Argentina publica anúncio em jornais londrinos criticando ingleses nas Malvinas

Alguns dos principais jornais britânicos amanheceram, nesta quinta-feira, com um anúncio de meia página contendo uma carta da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na qual ela afirma que o controle do Reino Unido sobre as Ilhas Malvinas representa um “caso colonial anacrônico”.

A data da publicação da carta da líder argentina coincide com o 30º aniversário do fim da Guerra das Malvinas, travada entre a Argentina e o Reino Unido. Veja mais em O Globo.

Malandragem argentina tem preço alto

Usina Uruguaiana AES

Já que o nosso Primeiro Timoneiro não hesitou em defender a questão argentina nas Malvinas, na Cúpula da América Latina, os platinos deveriam retribuir resolvendo a patacoada que fizeram no Rio Grande do Sul, onde a usina termoelétrica Uruguaiana AES, de 500 megawatts, continua parada porque os Kischners prometeram vender 2,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia e até hoje nada entregaram. A Sulgás, dona do empreendimento, patrocina ação no Tribunal de Paris contra o Governo Argentino. Inimaginável o valor da ação quando se pensar em lucros cessantes.

“Las Malvinas son argentinas”

Malvinas: população rarefeita, mas muito petróleo.

Os presidentes de países latino-americanos, reunidos no México, durante a XXI Cúpula do Grupo do Rio, aprovaram moção de solidariedade à Argentina na questão das Malvinas ou Falklands, como dizem os ingleses. Acredito muito pouco que a pressão internacional e a diplomacia consigam devolver as Malvinas à Argentina. Mas é a única solução viável, longe da insânia dos generais argentinos, o “loco” Galtieri à frente, que num gesto messiânico, em 1982, ceifaram a vida de centenas de jovens argentinos, numa aventura em busca de projeção política.

A cúpula latino-americana. Foto de Ricardo Stuckert da Presidência da República

Os militares argentinos enviaram 12 mil homens às ilhas, sem equipamento nem preparação adequados para uma guerra que finalmente terminou em 14 de junho, após 74 dias de combates. A vitória reforçou a popularidade de Thatcher e precipitou o fim da ditadura argentina. Para os soldados argentinos que conseguiram voltar para casa, a vida depois das Malvinas representou outra tragédia: cerca de 270 veteranos que sobreviveram ao conflito se suicidaram. O saldo de mortos é de 649 soldados argentinos – segundo informações dos veteranos – e 255 britânicos (segundo dados publicados pela imprensa argentina).

Em 1991 fui visitar o memorial argentino em lembrança dos jovens argentinos mortos. E me emocionei ao ler todos os nomes e encontrar o de dois irmãos, com menos de 2 anos de idade de diferença entre eles, um deles meu homônimo, Carlos Alberto.

O Brasil ajudou secretamente a Argentina na guerra e até deteve um bombardeiro Vulcan, inglês, no Galeão, que teve dificuldades técnicas ao se dirigir para as Malvinas. Mas o apoio americano à Inglaterra foi decisivo. Numa batalha desigual com a forte armada britânica e contra os sherpas, os soldados assassinos da infantaria, a nação argentina mergulhou em forte depressão.