TCU condena prefeito Neo por obra fantasma e sela inelegibilidade em meio ao caos policial.

O cenário político de Formosa do Rio Preto, sofreu um abalo em duas frentes distintas – uma consolidada no campo administrativo, outra deflagrada hoje (18/11) pelo aparato policial

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Enquanto a Polícia Civil prendeu ex-secretários, médicos e um vereador na Operação USG, que apura um esquema sofisticado de desvio superior a R$ 12 milhões na Saúde, voltou ao centro do debate – com força renovada – a decisão já transitada no Tribunal de Contas da União (TCU) que tornou o prefeito Manoel Afonso de Araújo (Prefeito Neo) inelegível por oito anos.

Embora não se trate de fatos ocorridos na mesma com proximidade de tempo, o impacto político da condenação do TCU se soma agora à crise policial, ampliando o desgaste do gestor e expondo uma dupla camada de fragilidade institucional: irregularidades administrativas do passado e um presente marcado por operações e prisões.

A decisão definitiva da Corte de Contas, que já havia negado o último recurso de Neo, determinou o ressarcimento solidário de R$ 500 mil e consolidou sua inelegibilidade, reforçando um passivo jurídico que volta à cena justamente quando a cidade enfrenta um dos maiores escândalos policiais de sua história recente.

O foco da condenação: pagamentos vultosos sem saneamento

O processo (TC 008.768/2022-6) que resultou na punição apurou falhas graves no Convênio 1545/2005, firmado com a Funasa para implantação de sistemas de esgotamento sanitário. Os auditores concluíram que os R$ 500 mil em recursos federais foram aplicados de forma ilegítima, classificando a obra como “encerrada sem etapa útil” e com “percentual de execução de 0,0%”.

A responsabilização de Neo Afonso – gestor nos períodos de 2005-2008 e 2009-2012 – decorre da autorização de pagamentos expressivos à empresa Catter Construtora Ltda. sem execução correspondente dos serviços.

Segundo o TCU, nos quatro meses finais de seu segundo mandato foram liberados aproximadamente R$ 487 mil – cerca de 92% do total – apesar de inspeções da Funasa terem constatado um “expressivo descompasso” entre o valor transferido e o que havia sido efetivamente construído. A obra, que em relatórios já constara como 47% concluída, foi encontrada abandonada, com equipamentos “semidestruídos”, evidenciando que o investimento público se perdeu.

Ao rejeitar o Pedido de Reconsideração, o Tribunal de Contas confirmou a sanção de inelegibilidade por oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 64/90).

O contraste das sentenças

Enquanto o Prefeito Neo teve a condenação mantida, o ex-prefeito Jabes Júnior (2013-2016), também envolvido no processo, conseguiu reverter seu quadro. Inicialmente questionado por atestar a conclusão de 100% da obra em 2013, apresentou defesa que levou o TCU a aprovar suas contas com ressalvas, livrando-o do ressarcimento e da inelegibilidade.

A Corte concluiu que a maior parte do dano se originava na gestão de Manoel Afonso, que autorizou pagamentos maciços por serviços não executados – elemento decisivo para sua punição.

Crise antiga e crise presente se encontram

A confirmação da condenação por uma obra de saneamento fantasma, mencionada agora em meio ao escândalo policial que apura desvios milionários na saúde pública, compõe um retrato devastador em Formosa do Rio Preto sob administração de Neo.

O município enfrenta simultaneamente o peso de um passado negligente e um presente tomado por prisões e investigações. Ainda que sejam fatos de momentos distintos, o impacto político combinado, aponta para uma crise ética e administrativa que atinge a cúpula municipal por todos os lados.

Além da operação policial realizada nesta terça-feira (18), um elemento adicional ganhou relevo na construção do quadro investigativo. O nome da primeira-dama aparece em um relatório do Tribunal de Contas da União que, embora não seja recente, retorna ao debate por tratar do mesmo núcleo de interesse: o uso de recursos da saúde no município.

O documento do TCU não tem relação temporal com a ação policial deflagrada nesta manhã (18/11), mas a coincidência temática – especialmente por envolver a mesma área sensível da administração – amplia a pressão por respostas públicas. O choque entre um material de passado recente que ressurge e uma investigação atualíssima reforça a percepção de que há indícios suficientes para que órgãos de controle cruzem informações e revisitem procedimentos.

Esse conjunto de fatores intensifica a necessidade de transparência e explicações formais, sobretudo porque a confluência de elementos, ainda que oriundos de períodos distintos, converge para o mesmo ponto: possíveis fragilidades na gestão da saúde municipal.

Associação dos Municípios do Oeste elege nova diretoria

Os prefeitos da região Oeste se reúnem nesta segunda-feira, dia 7/12 para eleição do novo presidente da UMOB – União dos Municípios do Oeste da Bahia. Segundo o atual presidente Manoel Afonso Araújo (Neo), ex-prefeito de Formosa do Rio Preto, o objetivo é construir uma chapa de consenso e que atenda ao conjunto dos municípios. A eleição será as 15 horas, na sede da UMOB.

Acelem raspadinha

Prefeito de Formosa diz que nunca esteve inelegível

“Não estou e nem nunca estive inelegível. Isso é mais uma mentira do candidato do PMDB de Formosa do Rio Preto que ao perceber que será derrotado entrou em desespero e partiu para ataques pessoais e para a baixaria.” Com estas palavras, o prefeito de Formosa, Manoel Afonso Araújo (Neo), rebateu uma afirmação do candidato Ubiracy Lisboa, que postou em sua página no Facebook, que Neo estaria inelegível por oito anos. Manoel Afonso disse lamentar que a campanha que vinha sendo conduzida com muita ética pelo seu grupo político, tenha, em função do desespero do adversário, descambado para os ataques pessoais.

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Neo é o novo presidente da UMOB. Leão se declara partidário do novo Estado.

Eleito por aclamação, Manoel Afonso Araujo (Neo), prefeito de Formosa do Rio Preto, foi eleito para comandar pelos próximos dois anos, a União dos Municípios do Oeste da Bahia (Umob). Dos 18 municípios que compõem a UMOB, 13 foram representados por seus prefeitos.

Em seu primeiro pronunciamento como presidente, Neo afirmou que a nova diretoria pretende tirar do papel a Umob, entidade que desde sua fundação nunca cumpriu suas reais funções. “É consenso entre a nova diretoria que a Umob precisa ser fortalecida politicamente. Queremos que nossa voz seja ouvida”, disse o novo presidente, enfatizando que todos os prefeitos serão procurados e suas respectivas prioridades elencadas.

Quanto a criação do Estado do Rio São Francisco, Neo disse que todos os prefeitos que participaram da reunião são amplamente favoráveis.

Presente na reunião, o chefe da Casa Civil da prefeitura de Salvador, dep. fed. João Leão, relatou também ser favorável a redivisão territorial do Brasil, inclusive com a criação do Estado do Rio São Francisco. “Sou favorável a criação do novo estado, mas é preciso primeiro fazer um estudo de impacto para que possamos saber quanto isso afetará as finanças da Bahia”, comentou Leão. Texto e fotos do Jornal Nova Fronteira.