Morre Marco Aurélio Garcia, ideólogo do PT e dos BRICs

Morreu nesta quinta-feira (20), de infarto do miocárdio, Marco Aurélio Garcia, ex-assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais. Ele tinha 76 anos.

Marco Aurélio Garcia foi um importante líder na construção e execução da política externa durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi um dos idealizadores dos Brics e do fortalecimento das relações Sul-Sul.

Filiado ao PT, Garcia era professor aposentado do Departamento de História da Unicamp e historicamente vinculado à esquerda.

Conheci Garcia pessoalmente quando ele era editorialista de Zero Hora. Era um homem fechado, mal humorado, de poucas palavras, mas uma grande cabeça pensante.

Ficou famoso por um fato curioso: no dia do pavoroso acidente com o Airbus da TAM, em Congonhas, fez um gesto obsceno quando foi anunciado que a culpa do acidente não era a falta de grooving na pista, de responsabilidade da INFRAERO,  mas o fato do avião estar com um dos motores com o reverso pinado, o que contribuiu para a não redução da velocidade do aparelho.

A partir daí ficou conhecido como Garcia top-top. O acidente da TAM aconteceu em 17 de julho de 2007, portanto há exatos 10 anos.

Governo brasileiro diz que não vai exercer pressão sobre Paraguai. Brasiguaios pedem reconhecimento.

O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, descartou, a possibilidade de o Brasil e os demais países do Mercosul (Argentina e Uruguai) intervirem em questões internas do Paraguai. Mas Garcia reiterou as críticas do governo brasileiro à forma como foi conduzido o processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, que na última sexta-feira (22) foi substituído pelo seu vice, Federico Franco.

Em entrevista à Agência Brasil, Marco Aurélio Garcia rechaçou qualquer atitude que sinalize uma tentativa de intervenção em questões internas paraguaias. Ele reforçou que isso não ocorrerá nem por parte do governo do Brasil, nem do Mercosul.

O Brasil assumirá no fim da próxima semana, em reunião de cúpula, na Argentina, a presidência temporária do bloco, por seis meses, e a pauta principal da reunião deverá ser o impeachment de Lugo. Da parte brasileira, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência disse que o governo federal vai agir “sintonizado com as medidas adotadas pelo Mercosul”.

Garcia considera “impossível” qualquer reversão do que foi decidido pelo Congresso paraguaio. Para ele, qualquer ação nesse sentido teria que ser tomada “por ações internas” do país. Ele, no entanto, reiterou a postura do governo brasileiro de avaliar o impeachment de Lugo como um “rito sumário” e sem qualquer chance de defesa.

O embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, chega amanhã (25) a Brasília, quando se reunirá com o chanceler Antonio Patriota para fazer um relato da situação  política no país vizinho. “Em si a convocação do embaixador pelo governo já é um sinal de desconforto com o que aconteceu”, destacou Marco Aurélio Garcia.

O assessor especial acrescentou que, neste primeiro momento, os países integrantes do Mercosul devem chamar seus embaixadores para reunirem informações. A partir daí, a segunda etapa será decidir qual atitude será adotada.

Segundo ele, o momento é para avaliar a situação e “deixar essa crise no Paraguai decantar para ver como vai ficar”. Em um primeiro momento, o embaixador Eduardo Santos fará os relatos a Patriota. Caso a presidenta Dilma Rousseff considere conveniente ter uma conversa com Santos, poderá chamá-lo, disse Marco Aurélio Garcia.

Os representantes dos cerca de 6 mil brasiguaios (agricultores e produtores rurais brasileiros que moram no Paraguai) vão apelar às autoridades do Brasil para que aceitem o governo do novo presidente paraguaio, Federico Franco. Inicialmente, os brasiguaios pedirão ao cônsul brasileiro em Ciudad del Este, embaixador Flávio Roberto Bonzanini, que encaminhe o pedido de reconhecimento de Franco à presidenta Dilma Rousseff.

Uma vocação admirável.

O senador Álvaro Dias disse ontem, ao jornal Estado de São Paulo, que Marco Aurélio Garcia, coordenador da campanha de Dilma Rousseff,  “é um aloprado de direita porque defende governos que apedrejam mulheres e condenam jornalistas à prisão” e evoca episódio em que o petista se ofereceu a intermediar encontro do governo brasileiro com as FARC, ainda sob o governo de Fernando Henrique Cardoso. Assim, o PSDB rechaça afirmações de Marco Aurélio, que havia lamentado “o fim melancólico” da carreira de Serra, o qual teria dado uma guinada à direita “mais raivosa e atrasada”.

Estou cada vez mais convencido (que boa essa, hein!) que Marco Aurélio, desde os seus tempos de editorialista de Zero Hora, onde eu fazia as vezes de singelo redator, é um plantador de ventos, sectário, que não poupa qualquer oportunidade de se mostrar antipático. Marco Aurélio, intelectual da velha esquerda, foi mentor de Lula (ou ideólogo) nas duas décadas perdidas em que o atual Presidente fazia sua plataforma para eleger-se. Lula é um político instintivo. Marco Aurélio uma vocação de fascista de largo espectro.