E a tal cidadania?

Recebemos de um leitor do Rio Grande do Sul, Antonio Fallavena, um comentário à “Carta Aberta à Dona Dilma”, na qual, de maneira esclarecida, a professora aposentada Martha Pannunzio define o cenário social brasileiro deste início de século. Pela relevância do comentário, transformamos em post, para que todos leiam com a devida atenção. Leia antes a “Carta Aberta”, clicando no link.

“Prezada educadora Martha:

Somos de uma mesma geração. Assim, possivelmente, temos opiniões muito parecidas, aspirações e desilusões também.
Antes de repassar seu texto busquei analisar o todo, até mesmo a veracidade dele. Anda tanta coisa falsa pela internet que, por obrigação a verdade, temos de verificar.
Sei que muito concordam com boa parte (quase tudo) que seu texto nos trás.Me junto a eles. Contudo, se me permitir, gostaria de enviar-lhe algumas questões:
1. Professor(a) reclamar de salário: é o que ocorreu nas últimas tres décadas. Adiantou alguma coisa? Não! Quando a sociedade, no geral, não dá valor à formação dos filhos, quem dará? Falo com muito conhecimento de causa.
2. Criar-se mecanismos “anti-eleitoreiros”? Quando não há cidadãos, não há cidadania, não há possibilidade de controle social. Eles doaram “cidadania” a todos – quando cidadania se conquista!
3. Ganhar sem produzir e sem trabalhar é um presente que os “espertos” acalentaram durante décadas. Antes, eles eram contra a “esmola”, quando os outros davam. Aprenderam, pisotearam seus próprios princípios e adotaram a prática. Era preciso alcançar o poder!
De sua carta, são vários os aspectos que gostaria de comentar. Mas não quero me estender muito.
Nos meus últimos 25 anos de vida, estive próximo da Escola Pública. Não entendo quando educadores repetem o chavão: escola pública e gratuita. Com esta afirmação, uma sociedade omissa e sem cultura como a nossa, passa a entender que a ESCOLA PÚBLICA não custa nada. Por todo os cantos do Brasil, o magistério se esmerou em “marcar nossa escola pública” com esta afirmação. Para cultos e incultos, DE GRAÇA é algo que não custa nada. Portanto, aqui começa algo que temos de mudar. Não bastaria dizer-se ESCOLA PÚBLICA? Na verdade, talvez muitos não saibam o verdadeiro significado do que seja um “bem público”. O que é gratuito não custa nada – é algo de pequeno ou nenhum valor.
Por fim, sonho com o dia em que as pessoas de bem, numa quantidade representativa, não apenas leiam e concordem com opiniões e textos, mas que se ergam, deixem suas cadeiras e decidam, agora, o que é preciso fazer-se para recuperar um pouco da estima que já tivemos por nós e pelo nosso Pais.
Afinal, como alguém já disse, “o Brasil não é de todos, mas de cada um de nós”.
Muita saude é o que lhe desejo, sincera e respeitosamente.
Um fraterno abraço.
Antonio Fallavena – RS