O que está por trás de Bolsonaro? O verdadeiro Posto Ipiranga do ex-capitão.

Por Alex Solnik*

Paulo Guedes não é somente o Posto Ipiranga de Bolsonaro para assuntos econômicos. É o Posto Ipiranga para todos os assuntos. Principalmente políticos.

Paulo Guedes é o ideólogo do candidato da extrema-direita. E não está sozinho nessa empreitada. Seria maluquice e maluco ele não é. Não estão sós com a mão no bolso, ele e Bolsonaro e aqueles filhos e o pequeno PSL.
Não é um Exército de Brancaleone.

O PSL é apenas um detalhe. Um biombo.
O grande partido que está por trás de Bolsonaro é o Instituto Millenium, do qual Guedes é um dos fundadores.
Uma espécie de DIP sem Estado Novo.

Uma espécie de Ministério de Propaganda da Direita à espera de um governo. E cujo objetivo é impor uma agenda ultraliberal ao Brasil.
Financiado por grandes empresas de comunicação, como Globo, Abril, Estadão, Folha, corporações financeiras e bancos, o Millenium emprega, desde 2009, todos os meios de propaganda à sua disposição para demonizar a esquerda, em especial o PT e tornar a direita mais palatável. Através de artigos, colunas, palestras e produtos de consumo como bonés e camisetas com inscrições detonando símbolos da esquerda, como Che Guevara. E tem obtido sucesso.

O Millenium é o seu verdadeiro Posto Ipiranga.

O Instituto funciona como agregador de dezenas de outros institutos e blogs – MBL, Vem pra Rua – todos com a mesma orientação ultraliberal, como o Instituto Mises, presidido pelo dono do verdadeiro Posto Ipiranga (ou melhor, do Grupo Ipiranga), Helio Beltrão Filho, cuja matriz fica nos Estados Unidos e que também é diretor do Millenium.

Fazem parte do Millenium centenas de jornalistas – colunistas, repórteres, escritores – que enaltecem os valores e as ideias de direita, visando atingir os jovens. A lista é enorme. Vai de Nelson Motta a José Nêumane Pinto.
Ser de direita era vergonhoso, agora ficou chic. Não havia jovens na direita, agora há muitos.

Por trás de Paulo Guedes há uma forte estrutura, baseada em capitais internacionais ligados a múltiplos interesses – a mesma que em 2013 quase derrubou a presidente Dilma colocando mais de 1 milhão de pessoas nas ruas contra ela – capitais que estão ávidos para comprar as estatais brasileiras na bacia das almas. 

Bolsonaro vem sendo preparado pelo Millenium há muitos anos para ser o primeiro presidente assumidamente de extrema-direita do país, com a missão principal de “manter a ordem”.

Os financiadores, integrantes e simpatizantes do Millenium precisam de alguém que assegure a ordem porque a sua agenda é explosiva.
Implementada, vai, inevitavelmente, provocar reações da população que terão de ser sufocadas com uso da força.

Eles planejam vender todas as estatais brasileiras, como Guedes confirmou na entrevista de ontem à Globo News. Todo o patrimônio nacional, com o que pretende arrecadar 1 trilhão para abater a dívida de 3 trilhões.
O que vai criar um enorme desemprego e previsíveis ondas de protesto.
O estado tem 500 mil funcionários. Todos serão demitidos pelos novos donos. Imaginem o caos.

Querem acabar com o ensino público e gratuito nas universidades. O que não será aceito pelos estudantes sem protestos. Mais confusão. Querem impingir uma reforma da previdência assassina do futuro. Mais protestos. Continuar com o teto de gastos públicos. Com a reforma trabalhista tal como está. Querem acabar com as despesas obrigatórias do orçamento nacional, como as com educação e saúde. Vão desidratar as verbas dos programas sociais.

Bolsonaro não é candidato de si próprio ou do pequeno partido que o abriga, está a serviço de uma agenda de dilapidação total de toda a infraestrutura construída pelos brasileiros desde Getúlio. E empregará toda a repressão necessária para cumpri-la se chegar ao poder.”

*Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais “Porque não deu certo”, “O Cofre do Adhemar”, “A guerra do apagão” e “O domador de sonhos”

Facebook retira do ar páginas ligadas ao MBL que propagam fake news

O dono da página Ceticismo Político, que foi derrubada pela Facebook, em entrevista à Rede Globo

Ao todo foram deletadas 196 páginas e 87 contas, entre elas Jornalivre, O Diário Nacional e Ceticismo Político

Da Carta Capital

Facebook retirou do ar nesta quarta-feira 25 uma rede de páginas e contas usadas para divulgação de notícias falsas, a chamadas fake news. Foram deletadas 196 páginas e 87 contas ligadas ao grupo ativista de extrema-direita Movimento Brasil Livre (MBL).

Em nota, o MBL confirmou que diversos coordenadores tiveram suas contas retiradas do ar pelo Facebook. Segundo o movimento, muitas das contas desativas possuíam dados biográficos escritos, como endereço profissional, telefones pessoais, contatos familiares. Segundo o movimento, são informações verificáveis, o que tornaria “absurda a acusação de que se trata de notícias falsas”. 

O movimento fala que “não é crime” divulgar ideias liberais e conservadoras e diz que páginas desativadas como o Ceticismo Político e o Jornalivre tem “papel de denunciar as ‘fake news’ da grande mídia brasileira”. 

O movimento também ataca o Facebook por “perseguir, coibir, manipular dados e inventar alegações esdrúxulas contra grupos, instituições e líderes de direita o redor do mundo”.

Segundo o MBL, a empresa tem “viés de esquerda”.

Ainda de acordo com o Facebook, trata-se de “uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”. A retirada do ar das páginas faz parte dos esforços para reprimir perfis enganosos antes das eleições de outubro. 

As páginas desativadas, que juntas tinham mais de meio milhão de seguidores, variavam de notícias sensacionalistas a temas políticos, com uma abordagem claramente conservadora, com nomes como Jornalivre, O Diário Nacional e Ceticismo Político. A reportagem de CartaCapital confirmou que as páginas foram desativadas.

A página Ceticismo Político ganhou relevância nos últimos dias depois do programa da TV Globo Profissão Repórter da última semana ter como tema as fake news. Sentindo-se, o responsável pela página, Luciano Ayan, divulgou vídeo acusando a televisão de propagar notícias falsas e, por isso,”quebrar o Brasil”.

A página Ceticismo Político também foi uma das principais responsáveis pela divulgação de fake news sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada em março deste ano no Rio de Janeiro. 

O ódio germina melhor no terreno da ignorância. Um caso emblemático.

O MBL – o tal de Movimento Brasil Livre –  conseguiu fechar a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, de arte contemporânea, apresentada pelo Santander Cultural em Porto Alegre.

Sabe-se que o MBL está fazendo vários ataques à arte e à cultura em diversas cidades do país.

Tomando por realidade o que é simbólico, acusaram as pinturas da exposição de promoverem a pedofilia e de atacarem o catolicismo. Então, em reaçāo, passaram a frequentar a exposição Queermuseum, hostilizando os visitantes que apenas desejam ver e refletir sobre os objetos e pinturas expostos.

Desta forma exerciam censura à exposição e aos visitantes. A direção do Santander curvou-se às pressões e acaba de suspender a mostra. Vence assim a ignorância daqueles não conseguem discernir arte de crença, sarcasmo de realidade.

Do portal Sul21.

Abaixo, a triste nota da instituição:

NOTA DO SANTANDER CULTURAL SOBRE A EXPOSIÇÃO QUEERMUSEU

Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição Queermuseu – Cartografias da diferença na Arte Brasileira, inaugurada em agosto no Santander Cultural. Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra.

O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia. Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.

Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição Queermuseu desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana.

O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos.