TJ do Piauí solta juiz de Parnaguá, mas o afasta da sua comarca.

O desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí, Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, revogou na manhã desta sexta-feira (24), a prisão preventiva do juiz Carlos Henrique de Sousa Teixeira, preso pela Polícia Federal em novembro na Operação Mercadores. Com a decisão, o magistrado passará o Natal em liberdade, após ficar detido no quartel do Comando Geral da Polícia Militar por 35 dias.

Segundo o advogado Djalma Filho, o desembargador entendeu que a conclusão das investigações e o oferecimento da denúncia eliminam qualquer razão para que o juiz continue preso. O benefício poderá ser estendido aos demais suspeitos, exceto os detidos em flagrante.

A Polícia Federal deflagrou a operação em 19 de novembro, com 10 mandados de prisão a serem cumpridos. As investigações apontaram suspeitas de que uma quadrilha de grilagem de terras atuaria em quatro Estados. O juiz é investigado por suposta venda de sentenças.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Piauí decidiu, por unanimidade, afastar Teixeira das funções na comarca de Parnaguá, Sul do Estado. Com informações da TV Cidade Verde. Foto: Thiago Amaral/Cidadeverde.com

Juiz e Getulião continuam presos na “Operação Mercadores”

Foto de Thiago Amaral

Parte dos nove presos na Operação Mercadores, deflagrada pela Polícia Federal há 10 dias, tiveram direito a liberdade nesta segunda-feira (29). Eles não tiveram a prisão temporária convertida em preventiva pelo desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho.

Tiveram direito a liberdade Francisco Marcilei Dantas Gomes, Arquimedes Sampaio Filho e Richard Tomas Lopes. Eles ficaram 10 dias presos no quartel do comando geral da Polícia Militar, zona sul de Teresina.

O juiz Carlos Henrique Sousa Teixeira continua preso, bem como os acusados Filadelfo da Silva Corado Neto, Abdias Morais Neto, Cecílio de Oliveira Cruz, Marcos Vinícius de Aguiar. Todos são acusados de integrarem uma quadrilha de grilagem de terras no sul do Piauí.

Iomar Petersen de Albuquerque, o Mazinho, continua preso por ter sido detido em flagrante. Ele estaria com um revólver calibre 38 de numeração raspada e um veículo importado.

Outro ainda detido por prisão em flagrante é o corretor de terras Getúlio Vargas Gomes da Fonseca, mais conhecido como Getulião, que chegou a dizer em depoimento estar cotado para assumir cargo de secretário do governo do Piauí – já desmentido pelo Estado. Getulião foi preso em Corrente e transportado em avião da Polícia Federal para presídio de Teresina.

PF faz grande operação no Sul do Piauí e prende até juiz de direito.

O juiz da comarca de Parnaguá, Carlos Henrique Souza Teixeira, está entre os presos da Operação Mercadores, deflagrada na madrugada desta sexta-feira (19) pela Polícia Federal. A Operação, que contou com grande efetivo de policiais, realizou também prisões em Barreiras e no norte de Minas.

A quadrilha mantinha negócios que, nos próximos meses, renderiam cerca de R$ 30 milhões. O grupo atuava com a grilagem de terras nos municípios de Corrente e Parnaguá, onde estão localizadas as terras mais férteis e valorizadas dos cerrados piauiense.
O magistrado foi detido no município de Corrente, extremo Sul do Piauí, onde mantém domicílio. Policiais federais ainda estão no Fórum de Parnaguá cumprindo mandatos de busca e apreensão.
Carlos Henrique é apontado como membro do grupo criminoso especializado em grilagem de terras na região de Corrente, nos cerrados piauienses. Ele é acusado de vender liminares e sentenças beneficiando os grileiros.
Assim como os demais membros da quadrilha, ele foi transferido para Teresina ainda nesta sexta-feira (19). Outro envolvido preso é o ex-policial civil e bacharel em direito, Cecílio Oliveira Cruz . Ele atuava como lobista.

A investigação corre em segredo de justiça. O nome de nenhum envolvido foi revelado durante a coletiva concedida na sede do Tribunal de Justiça do Piauí. Apenas a participação do juiz Carlos Henrique Souza Teixeira, da comarca de Parnaguá, foi confirmada. “Tivemos que cortar na própria carne”, lamentou o desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho.

Carlos Henrique é acusado de vender sentenças e liminares em benefício da quadrilha. Investigando o tráfico de drogas no Sul do Estado, a Polícia Federal descobriu indícios de que o magistrado negociava decisões judiciais. Monitorando os traficantes, a PF detectou uma pessoa “muito próxima do magistrado” que agenciava a venda de liminares.
Por meio de escutas telefônicas, os lobistas e empresários que grilavam terras foram descobertos. Eles atuavam em conjunto há cerca de dois anos. A investigação sobre a atuação da quadrilha durou sete meses e teve participação fundamental do Ministério Público do Estado.

Prisões e apreensões

Dez pessoas foram presas e computadores, agendas e documentos apreendidos durante a Operação “Mercadores”. Entre os presos há apenas uma pessoa natural do Piauí.
Os mandados de prisão foram cumpridos nas cidades de Corrente (PI), Parnaguá (PI), Barreiras (BA), Governador Valadares (MG) e no Distrito Federal. A quadrilha é acusada de venda de liminares e sentenças, tráfico de influências, corrupção ativa e passiva e falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Além do juiz Carlos Henrique e do ex-policial Cecílio Oliveira Cruz, o Portal AZ apurou que também foram presos:
Marcilei Dantas, irmão do presidente da Câmara dos Vereadores de Corrente, Marcos Dantas;
Filadelfo Corado Neto, o “Boneco”, sobrinho de Filadelfo Corado Silva, ex-vice-prefeito do município de Sebastião Barros;
Richard, genro do juiz de Parnaguá, Carlos Henrique.

Por Romulo Maia (do Tribunal de Justiça) e Patrícia Costa (Da Redação do Portal AZ) para o jornal Estadão. Fotos: Marcelo Cardoso e Thiago Amaral.