Florianópolis deve se tornar zona livre de agrotóxicos até outubro de 2020

Feirinha de orgânicos em Floripa.

Será proibido o uso e o armazenamento de agrotóxicos, sob qualquer tipo de mecanismo ou técnico de aplicação, na parte que pertence a ilha. Lei deve entrar em vigor um ano após publicação.

Florianópolis deverá se tornar uma zona livre de agrotóxicos, segundo a Lei de número 10.628, publicada no Diário Oficial do município desta terça-feira (8). O documento abrange a produção agrícola, pecuária, extrativista e as práticas de manejo da parte insular da cidade. Ou seja, a regra só vale para a ilha, e não para os bairros continentais da capital.

De acordo com a publicação, “fica vedado o uso e o armazenamento de agrotóxicos, sob qualquer tipo de mecanismo ou técnico de aplicação, considerando o grau de risco toxicológico dos produtos utilizados, na parte que pertence a ilha”.

O Poder Executivo municipal tem um prazo de 180 dias, contados da data de publicação para regulamentar a lei – ainda é preciso definir como será a fiscalização e a divulgação da norma para a população. A regra entrará em vigor em outubro de 2020, um ano após a data de publicação.

Segundo a prefeitura, serão realizadas campanhas para informar e conscientizar a população em geral sobre o uso e os cuidados nas aplicações de qualquer tipo de produto agrotóxico. Do G1 SC.

Empresa da Chapada vai produzir frutos e sucos orgânicos

A Bioenergia Orgânicos assinou nesta sexta-feira (29), na Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), um protocolo de intenções para instalar uma processadora de frutas orgânicas no município de Lençóis, na Chapada Diamantina. Com investimento de R$ 20 milhões, a empresa baiana pretende empregar até 2 mil pessoas, de forma direta e indireta, no auge da capacidade, que será de 110 toneladas por ano, em alguns anos. O faturamento anual previsto é de R$ 100 milhões.

Até mesmo o adubo usado nas árvores frutíferas provêm de gado criado de forma orgânica pela empresa”, disse.

A Bioenergia existe há cerca de uma década. Nesse período, tem se dedicado, juntamente com a unidade da Embrapa de Cruz das Almas, à pesquisa para a escolha e desenvolvimento de espécies adequadas aos seus objetivos. A opção pela Bahia deu-se após estudos prévios também realizados em Pernambuco e no Ceará. “Mas foi aqui que encontramos as condições ideais para dar início ao nosso projeto”, explica um dos sócios da empresa, Oswaldo Araújo.

Além dos pormenores técnicos, ele entende por condições ideais os conceitos básicos que definem a Bionergia: fruticultura orgânica, sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e inclusão social. “Tínhamos em mente um local em que fosse mais fácil desenvolver práticas sustentáveis e de inclusão social e onde não houvesse a prática da produção com agrotóxicos. Encontramos na Chapada”. A certificação orgânica, segundo Araújo, será feita pelo instituto IBD.

Logo de inicio, a marca Bioenergia não será vista nas gôndolas dos supermercados, nem haverá uma grande variedade de frutas. Toneladas de polpa de abacaxi, manga e maracujá serão envasadas em bombonas de 200 litros e vendidas a empresas produtoras de alimentos do mercado interno e externo. Não se trata de concentrado, uma vez que a água natural das frutas vai ser preservada.

Será possível, por exemplo, consumir a polpa diretamente como suco, sem a mistura de qualquer outra substância. E o mais importante: sem conservantes. O processo de produção será automatizado e com uma técnica de assepsia que possibilitará o consumo em até dois anos, sem necessidade de refrigeração, mantendo as características originais.

Criatividade, associativismo e ecologia entre os nordestinos do Sertão

Soluções sertanejas ajudam a vencer a seca no semiárido nordestino

Reportagem especial da Agência Brasil

 

Alunos da rede pública de Juazeiro do Norte e do Crato, no estado do Ceará, transformaram a brincadeira de lançar bombinhas criando um estilingue maior. A bomba – feita de 20% de barro, 80% de esterco e com a semente de alguma árvore escondida no centro – é lançada em algum lugar degradado no início da quadra chuvosa.

Nessa época mais molhada, as sementes fixam melhor no chão, conforme explica a coordenadora do projeto, a permaculturista Ana Cristina Diogo, que fundou uma organização não governamental (Juriti), que promove bem mais do que uma brincadeira de jogar bombinhas na floresta. Ela explica que recuperar a mata nativa em regiões sertanejas, como a do Cariri (CE), é fundamental para preservar o solo e, por consequência, recursos hídricos na Chapada do Araripe.

“É um trabalho de conscientização simples a partir da semente. Buscamos caminhos para sermos guardiões. Fazemos lançamentos em áreas degradadas. Uma experiência que pode mudar o mundo. Crianças e adolescentes ressignificam, assim, sua relação com a natureza”, disse Ana Cristina Diogo.

A ideia é que as crianças passem a conversar em casa e entre elas. Aprendam que o pai da ideia foi um japonês Masanobu Fukuoka (morto em 2008), que fez história com o cultivo por meio de “bombas” na Tailândia e em alguns países africanos. No século 21, os filhos de “fabianos” e “vitórias”, agora com nome e ideal, querem espalhar a novidade na mesma velocidade que semeiam as plantas.

Os próprios jovens junto com estudantes universitários da região criaram um programa na internet para promover conscientização em relação ao meio ambiente, o Vem me Ver. Com vinheta de abertura e entrevistas, as notícias são como bombas de cidadania e sonhos.

Fruto e cobertura morta

Outro exemplo é do agricultor pernambucano Pedro Gonçalves da Silva, hoje com 65 anos, que chegou ao Ceará como vaqueiro, mas resolveu aproveitar cursos gratuitos para trabalhar no campo. Criou 13 filhos ao apostar em hortas orgânicas. A família inteira mora no mesmo terreno, em casas de taipa que eles ergueram com os próprios braços.

Já pensou até em ir embora, tais foram os prolongados períodos de estiagem. No entanto, aprendeu a conviver com a falta de chuva a partir da reutilização da água e com coberturas de plantas mortas nos corredores que ajudam a manter a umidade nas hortas de arroz e milho. Com um detalhe: nada de veneno nas plantas.

A filha de Pedro, a professora e pedagoga Joana Ferreira Gonçalves, de 35 anos, em um turno, espalha a ideia de preservação, na outra parte do dia, cuida da plantação. “A gente tem que diminuir o consumo e reutilizar a água, como a do banho. Nós passamos a plantar em pneus, usamos cobertura morta. Essa ideia de não usar agrotóxico protege todo o meio. Isso tudo começou com a minha mãe”, conta.

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