Ninguém sabe o momento em que o saco do povo vai estourar

A insurgência bate às portas dos donos e dos pretensos donos do poder. A casa grande sente uma vibração estranha na senzala.

De fato: como a ministra Carmem Lúcia constatou, o povo está de saco cheio de todos os poderosos. Os detritos sólidos desta maré baixa já estão fedendo bem acima de nossa capacidade olfativa. E os capitães-de-mato começam a se voltar contra a casa grande.

Como diz a musiquinha, vai dar perda total. Vai dar PT. Ninguém testa impunemente a paciência do povão.

Este carnaval serviu, antes de tudo, para quebrar as finas correntes de cristal que detém a mansidão do povo sofrido. Uma onda se alevantou. E poucos sabem onde vai quebrar.

Eu tinha seis anos de idade e morava em cidade de interior no dia da morte de Getúlio Vargas. Mas ainda lembro, como se hoje fosse, a comoção do povo destruindo e incendiando rádios, jornais, sedes de multinacionais.

Carlos Lacerda, o corvo, teve que se auto exilar para não perder o couro do lombo. E nos dias de hoje, muitos terão que lançar mão de seus jatinhos financiados pelo BNDES para escapulir-se do País e dar um tempo antes de voltar à Pátria Mãe tão distraída, sucumbida em tenebrosas transações.

Miami será pequena para tantos patos expatriados.