A pecuária também não precisa desmatar para aumentar produção

Artigo de Guilherme Cunha Malafaia

A evolução da pecuária de corte brasileira esteve sempre calcada em ativos estratégicos encontrados no país (condições climáticas favoráveis, disponibilidade de terras a preços baixos, oferta abundante de mão de obra, tecnologia de produção adaptada às condições do país, entre outros), o que determinou, de certa forma, a alavancagem da competitividade deste setor produtivo. Entretanto, na última década houve um movimento crescente de deterioração desses ativos, decorrente de uma forte pressão de custos, que por sua vez deriva de um grande aumento da remuneração e da escassez do fator de produção mão-de-obra, importante valorização das terras e crescentes restrições socioambientais.

Felizmente, nas últimas décadas, o modelo de produção pecuária no Brasil mudou sensivelmente e passou a priorizar tecnologias mais intensivas em capital – as chamadas tecnologias “poupa-terra”, com melhor desempenho técnico e econômico, e que geraram significativos ganhos de produtividade. Em 1995, iniciou-se o processo de recuo no uso de terras para pastagens, dando espaço às lavouras e áreas de preservação ambiental.

A produção pecuária brasileira se dá predominantemente a pasto e que preservação e produção de carne não são excludentes – afirmação facilmente verificável pelo aumento significativo das matas naturais, ao mesmo passo que se verificou aumento da produtividade da pecuária.

Dentre as soluções tecnológicas “poupa-terra” capazes de diminuir os impactos ambientais causados pela atividade pecuária e disponíveis e economicamente viáveis utilizadas nesse período, destacam-se os sistemas integrados de produção, melhoramento genético de animais, manejo e recuperação de pastagens, suplementação, boas práticas de produção, produção de novilho precoce, entre outras.

Alguns dados evidenciam nitidamente a evolução da performance da pecuária brasileira. Em 1997, o Brasil possuía uma produção de 20,57 kg de carcaça bovina por hectare. Atualmente, se produz 44,17 kg, ou seja, em 20 anos mais do que se dobrou o desempenho por área. Outro indicador positivo refere-se ao rendimento de carcaça no período mencionado: em 1997 foram produzidos 20,8 kg em média para cada animal, em 2018 foram 37,4 kg – um aumento de 80%, um bom indicativo do rendimento do rebanho na produção de carne bovina e do retorno do investimento dos produtores no aumento de sua eficiência. Embora o crescimento não tenha sido constante, houve aumento significativo ao final do período de 20 anos. Outro dado relevante, a média de peso da carcaça bovina por animal abatido passou de 227,9 kg (em 1997) para 249,3 kg (em 2020) – um aumento de 21,4 kg (9,4%) por animal abatido. Em 20 anos produzimos mais carne em menos área. E podemos aumentar consideravelmente a produção de carne bovina no Brasil sem aumentar área de pastagens ou desmatar. Apenas com a utilização de tecnologias “poupa-terra”, é possível passar de 67 kg/hectare/ano para 540 kg/hectare/ano.

No que se refere ao futuro, estudo elaborado pelo Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne), em parceria com Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), aponta para uma nova realidade na produção pecuária, tecnificada, intensificada, de ciclo curto, estabelecendo padronização de carcaças e fluxo contínuo de produção para atender mercados de valor agregado, e sinaliza ser o modelo predominante da pecuária de corte nas próximas décadas.

Os sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) têm alta probabilidade de aumentarem mais do que o dobro de sua área atual até 2040. Seu crescimento se deve à sua lucratividade e apelo ambiental. Da forma como é organizado, é possível variar a rentabilidade da propriedade e ainda cuidar do meio ambiente. A maior profissionalização da pecuária, a evolução do mercado madeireiro e de celulose, concomitante à pressão dos consumidores pelas questões ambientais e à racionalização do uso de terra serão importantes propulsores para que este evento se materialize.

A adoção de ILPF, o melhor aporte nutricional aos bovinos e a recuperação de áreas degradadas pela pecuária no passado, auxiliarão na amenização das emissões de gases de efeito estufa pela pecuária de corte em 2040. Esta preocupação internacional com o meio ambiente ultrapassa a discussão técnica e pressiona fortemente os interesses comerciais brasileiros.

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Barreiras: Oeste Genética supera os R$ 5 milhões em negócios

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A 4ª Oeste Genética e o XIV Fórum de Pecuária do Oeste da Bahia superaram as expectativas dos organizadores. Promovidos em parceria entre a Associação dos Criadores de Gado do Oeste da Bahia (Acrioeste), Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras (SPRB) e a Prefeitura Municipal de Barreiras os eventos foram realizados no Tathersal do Parque de Exposição Engenheiro Geraldo Rocha, em Barreiras, entre os dias 24 e 28 de novembro.

Uma gama de leilões, cursos e palestras consolidaram a Oeste Genética e o Fórum de Pecuária entre os principais eventos de transferência de genética bovina do Oeste da Bahia.

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Segundo Stefan Zembrod: presidente da Acrioeste, a Oeste Genética desse ano superou as expectativas, em qualidade de animais ofertados, financeiramente, participação popular, cursos e palestras. Outro ponto chave que vale ressaltar foi a parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras na promoção do 1º Fórum Agroindustrial Oeste do Estado da Bahia. “Essa junção – pecuária e agroindústria – é muito importante para consolidarmos ainda mais a pecuária no Oeste da Bahia. Quando o pecuarista consegue trabalhar todas as fases da cadeia produtiva, da criação a industrialização, ele consegue agregar valor final ao seu produto”, disse Zembrod.

Outro motivo de comemoração foram as vendas feitas para outros estados. “Três leilões foram transmitidos pelo Canal do Boi e a aquisição feita por pecuaristas de outros estados comprovou a qualidade do rebanho ofertado”, ressaltou o presidente da Acrioeste, enfatizando o elogio recebido de criadores de regiões tradicionais na criação de gado com genética superior, como Uberaba, no Triângulo Mineiro e Mato Grosso do Sul. “Isso só comprova que a pecuária praticada no Oeste da Bahia é igual ou em muitos casos até superior ao dessas regiões”, concluiu.

Para Mário Mascarenhas, que além de diretor financeiro da Acrioeste é empresário do ramo farmacêutico e pecuarista em Barreiras, apesar do ano atípico que vivemos, com crise política, econômica e hídrica, a Oeste Genética surpreendeu pelo volume de negócios efetuados. “Foram comercializados mais de R$ 5 milhões durante a feira entre leilões, insumos e equipamentos. Além disso, as palestras que abordaram especificamente a genética em bovinos trouxeram um diferencial muito importante e incentivaram o criador a adquirir animais elites ofertados na feira. Esses animais são capazes de proporcionar, de um ano para outro, um ganho em torno de 50% na melhoria de seu rebanho”, disse Mascarenhas, lembrando de outro ponto interessante da feira que foi a integração entre os pecuaristas, facilitando a comercialização pós evento.

O diretor financeiro da Acrioeste aproveita o ensejo para convocar os criadores para se associarem na entidade. “Quanto mais forte for a Acrioeste, mais sólido vai ser o grupo e mais eventos desse porte poderão ocorrer na região”, reforçou. Continue Lendo “Barreiras: Oeste Genética supera os R$ 5 milhões em negócios”

Criadores têm até o dia 15 deste mês para declarar vacinação do rebanho

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Os criadores baianos de bovinos e bubalinos com idade de até 24 meses têm até o dia 15 deste mês para declarar a vacinação dos seus rebanhos, nos escritórios da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), vinculada à Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri). Rui Leal, diretor de Defesa Sanitária Animal da Adab, lembra que a segunda etapa de vacinação deste ano foi encerrada no dia 30 de novembro. Segundo ele, o pecuarista que não vacinou seus animais terá de solicitar autorização para aquisição de vacinas nas revendas autorizadas pela Adab, e será autuado por não vacinar dentro do prazo estabelecido.
“A multa deve ser calculada sobre o número de animais em idade vacinável e a propriedade fica impossibilitada de movimentar o rebanho pelas rodovias baianas, bem como de participar de eventos pecuários”, esclarece o diretor. Ele aconselha aos criadores não deixar a declaração para a última hora, evitando as penalidades previstas em lei. “Evitem também as filas nos escritórios, declarando a vacinação o quanto antes”, recomenda.
Para comprovar a imunização do rebanho o produtor deve se dirigir até um dos escritórios da Adab e apresentar a nota fiscal das vacinas aplicadas, além de informar todos os animais da propriedade. Os pecuaristas que só possuem animais com idade acima de 24 meses foram dispensados da vacinação nesta etapa, mas devem, obrigatoriamente, procurar a Adab para informar os animais existentes nas propriedades, por sexo e faixa etária, e fazer a evolução do rebanho.
A Adab está preparada para receber todos os 161.868 mil produtores pendentes de declaração nos seus escritórios até o dia 15 de dezembro. “Não basta vacinar, é preciso declarar para identificarmos qual o percentual do rebanho está realmente protegido e assim manter o estado com a certificação internacional Livre da Febre Aftosa”, explica Rui Leal.

12 mil hectares de fruticultura recebem água uma vez por semana no projeto Brumado

Água só 24 horas por semana. Esta é a situação do distrito de irrigação do Projeto Brumado, que tem 12 mil hectares de fruticultura. Por enquanto o objetivo é manter as plantas vivas até que chova novamente, só Deus sabe quando. O Governo do Estado só afirma que essa é a maior seca dos últimos 30 anos e que está distribuindo cestas básicas. Quantas pessoas dependem dessas 12 mil hectares? Na foto o açude Brumado, no rio de mesmo nome, que tem uma grande bacia alimentadora, mas tem sua vazão muito diminuída.

Animais morrem em Feira de Santana

Segundo o portal G1, a seca tem provocado a morte de animais nos pastos de Feira de Santana, cidade que decretou estado de emergência pela terceira vez consecutiva. Na zona rural, começa a faltar água para a população e, para que o gado não morra de sede, pecuaristas têm vendido os bichos com valores abaixo do mercado. O agricultor Esdras Figueiredo, que mora no distrito de Bonfim de Feira, lamenta a falta de expectativa de boas colheitas. “A situação é bastante difícil”, conta para, em seguida, admitir que tem medo de passar fome. “Não tem como buscar alimentação”, diz. A situação no município se agravou nas últimas semanas. A última chuva forte aconteceu em outubro de 2011. Em janeiro, choveu 110 milímetros dentro da média, mas este mês foram apenas três milímetros.