Problemas da comercialização do milho persistem.

Marcelino Kuhnen, vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, afirmou, ontem, que os agricultores que colheram milho nesta safra continuam encontrando problemas para a comercialização da sua produção. “Estamos cobrando uma ação política firme do Governo da Bahia junto ao Governo Federal, já que nossas ações junto ao Ministério da Agricultura ainda não surtiram o efeito desejado”.

Marcelino explica que, apesar do Programa de Equalização da Produção-PEP, os leilões promovidos pelo Governo Federal, através da CONAB, não estão melhorando a remuneração do agricultor:

-“Os leilões permitem a comercialização dentro dos 30 dias após o leilão. Os compradores – grandes criadores de frangos e suínos – deixam o prazo se esgotar para pressionar os produtores, que acabam devolvendo o premio concedido pela CONAB.”

“Temos ainda o problema da safrinha no Mato Grosso, com baixo custo de produção e preços aviltados”, diz Marcelino. “No Norte do Mato Grosso é possível comprar milho por até 6 reais a saca. Como o premio é devolvido, os compradores preferem adquirir o produto lá, levando para as regiões consumidoras do Nordeste.”

Marcelino afirma ainda que a saída é a exportação: “Mas aí temos as deficiências de infra-estrutura. Só em maio de 2011 o porto de Aratu terá capacidade para exportar milho”.

Marcelino tem uma solução de longo prazo para o cultivo do milho, importante para a rotação das culturas da soja e do algodão:

“Temos que verticalizar a produção, agregar valor ao produto, com o frango e o suíno. Já que temos problemas para exportar o milho, vamos exportar carne”.

“O leilão é um bom instrumento, mas não resolve o problema do excesso de oferta de milho na região”, conta Sérgio Pitt, vice-presidente da Associação de Irrigantes e Agricultores da Bahia (Aiba) e secretário executivo da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Grãos da Bahia . Segundo ele, para equilibrar oferta e demanda é necessário tirar o milho do mercado interno para que a oferta excessiva deixe de pressionar os preços. “Se o produto sai de circulação, é possível sustentar o seu preço”, conta Pitt.

Outro leilão para desafogar estoque de milho.

O Governo Federal (MAPA/Conab) vai realizar um novo leilão de Prêmio para o Escoamento de Milho em Grãos – PEP, nº 071/10, na quinta-feira, 15 de abril, que vai ofertar para comercialização 140 mil toneladas de milho do Oeste da Bahia. É o quarto leilão do ano na região e vai contribuir para diminuir o estoque de 450 mil toneladas do cereal no cerrado baiano.

Desta vez, assim como no último leilão, realizado em 6 de abril, será permitida a presença das indústrias de alimentação humana. A manutenção da participação dessas indústrias é importante, segundo a Aiba, para o aquecimento da demanda. Para se habilitarem ao leilão, é necessário que as processadoras de alimentos estejam sediadas no Norte ou Nordeste do país.

Só para ter idéia do volume que será leiloado: serão necessárias 3.684 cargas de caminhões bi-trem, com capacidade máxima de peso permitido pelo DNIT.

Leilão do milho foi sucesso: faturou 5,7 milhões de reais.

A participação das indústrias de alimentação humana sediadas nas regiões Norte e Nordeste impulsionou as vendas do leilão de Prêmio para o Escoamento de Milho em Grãos – PEP, nº 064/10, realizado nesta terça-feira, 6 de abril. Ao final dos negócios foram arrematados 90% das 95 mil toneladas de milho do Oeste da Bahia ofertadas. A arrecadação total da operação foi de R$ 5,37 milhões.

“As empresas de alimentação humana já compravam milho fora do leilão e o prêmio pago pelo Governo foi um estímulo para a participação”, conta o assessor de agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Alcides Viana, que já previa um aumento no volume do cereal negociado, com a presença dessas indústrias.

No lote 01, que foi vendido integralmente, houve muita disputa pelas 75 mil toneladas ofertadas para as regiões Norte e Nordeste e Norte de Minas Gerias, o que gerou um deságio de 52,5% no valor dos prêmios. O Nordeste, exceto Bahia, que receberia prêmio de R$ 5,52 por saca, recebeu R$ 2,62; Bahia e Norte de Minas Gerais receberiam R$ 4,02 e receberam R$ 1,91; e a região Norte receberia R$ 7,38 e recebeu R$ 3,51. A movimentação total foi de R$  4,38 milhões.


Já no lote 02, que ofertou 20 mil toneladas do grão, foram negociadas 10,2 mil toneladas (51,25%). O prêmio foi de 100%, sendo R$ 4,02 por saca de 60 kg para o Norte de Minas Gerais e R$ 5,82 para o Espírito Santo. O volume total foi de R$ 994 mil.

Esse foi o terceiro leilão do ano na região e contribuiu para diminuir os estoques do cereal no cerrado baiano. Esta intervenção do Governo em defesa da melhoria dos preços foi fruto da mobilização da Aiba e entidades classistas, que defenderam os moldes do prêmio junto ao Ministério da Agricultura e à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A venda deste alto volume de milho favorece também os transportadores rodoviários de longo curso sediados em Luís Eduardo.