No Brasil continental, sempre um produtor está perdendo lavouras por falta de chuva.

O Brasil é um país tão grande que, enquanto uma parte sucumbe com chuvas torrenciais, inclusive com danos às lavouras, outros estão perdendo seus cultivos pelo estio. Veja a matéria do portal Notícias Agrícolas, relatando os 60 dias de seca na região de Ibirubá, no Rio Grande do Sul:

A estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul entre os meses de dezembro e janeiro é responsável por perdas de mais de 50% para as lavouras de soja e milho na área de atuação da Cooperativa Cotribá.

Segundo o vice-presidente da Cotribá, Enio Cezar Moura do Nascimento, na região do Alto Jacuí, sede da cooperativa, as variedades precoces de soja já registram perdas consolidadas de até 60% e outras áreas como o Vale do Rio Pardo e a Fronteira Oeste tiveram dificuldades para o nascimento das sementes e pouca quantidade de pés por metro quadrado.

Diante de todo este prejuízo, os produtores dessas regiões já começam a se movimentar para buscar renegociações de contratos e acionamento de seguros agrícolas.

Nascimento destaca que até mesmo contratos de venda fechados antecipadamente correm o risco de não serem cumpridos e levanta a preocupação com a capitalização dos produtores para implementar as próximas safras na região.

O Rio Grande do Sul é um estado de pouca extensão territorial, mas com alta produtividade e produção.

A Bahia tem 564 733,177 km² e o Rio Grande cerca da metade da área territorial 281.748 km². A Bahia colhe cerca de 8 milhões de toneladas de grãos e fibras.

A perspectiva da safra gaúcha era de 33,269 milhões de toneladas de grãos, 1,811 milhão de toneladas a mais que a última temporada (2019).

Se fosse confirmada, a produção dos quatro principais grãos do Estado – soja, milho, arroz e feijão – representaria um crescimento de 5,76% ante o ciclo anterior, quando foram colhidos 31,457 milhões de toneladas.

Agora essa produção deve cair pela metade segundo os relatos, um pouco mais de 16 milhões de toneladas.

Segundo o mapa do Climatempo choveu hoje no Rio Grande do Sul e na maior parte das regiões produtoras do Cone Sul.

As perdas na lavoura podem chegar a R$27 bilhões só na soja

A redução da safra estimada de soja no País, de 20% dos 115 milhões de toneladas esperados no início do plantio, pode significar uma perda de R$27 bilhões a nível de produtor, sem considerar o valor agregado com a transformação do produto e fretes de exportação e de distribuição no mercado interno.

A estimativa especula sobre um deficit de 383 milhões de sacas, estimadas em R$70,00 na boca da colhedeira. Já tivemos anos piores, com perdas de até 60% nos estados do Sul e no Oeste da Bahia, só para dar mais exemplos.

Mas agora a perspectiva de frustração é genérica, atinge todo os estados produtores do País.

Também parece óbvio que a frustração da soja permite uma leitura semelhante da safra de milho, de feijão e de outros grãos, bem como de frutas e da pluma de algodão.

Com a redução da safra, frustam-se também a indústria de insumos e de manufatura de máquinas e implementos.

Com a economia andando aos trancos, a perspectivas de 2019 não são melhores do que aquelas de quando se iniciou o ano de 2018.