PGR pede condenação de três deputados do PL por corrupção e organização criminosa

Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa são acusados de cobrar propina em troca de destinação de emendas parlamentares; caso tramita na Primeira Turma do STF.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação dos deputados federais Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva. O pedido foi feito nas alegações finais apresentadas no processo que tramita na Primeira Turma da Corte.

Em março, os ministros decidiram por unanimidade tornar os três parlamentares réus, abrindo ação penal que segue agora para a fase de instrução, com oitivas de testemunhas e interrogatórios antes do julgamento final.

Segundo a denúncia, o grupo teria solicitado R$ 1,66 milhão em propina ao então prefeito de São José de Ribamar (MA) como contrapartida pela destinação de R$ 6,67 milhões em emendas de saúde ao município.

A PGR aponta que Josimar Maranhãozinho liderava o esquema, controlando as emendas indicadas por ele e outros parlamentares. Nas alegações finais, o órgão destacou que “as provas reunidas […] corroboram a acusação de que os réus constituíram organização criminosa voltada à destinação de emendas parlamentares para municípios em troca de propina”.

As investigações também indicam que Bosco Costa utilizava a esposa e o filho para receber os repasses e que o esquema envolvia lobistas e o agiota conhecido como Pacovan, já falecido. Segundo o Ministério Público, o grupo chegou a exigir a devolução de até 25% dos valores destinados à saúde municipal, com uso de ameaças.

A Procuradoria afirmou ainda que há “elementos probatórios” que demonstram a atuação consciente e voluntária dos parlamentares na solicitação das vantagens indevidas.

Com a ação penal em curso, a Primeira Turma do STF ouvirá as testemunhas de acusação e defesa e, na sequência, os próprios réus. Após essa etapa, os ministros decidirão se os deputados serão condenados ou absolvidos.

Bananinha roda a baiana nos EUA e enfrenta Valdemar do PL

Eduardo rejeita ajuda financeira nos EUA e dá recado a Valdemar. Segundo pessoas próximas, o encontro ocorreu em meio ao aumento da tensão entre Eduardo e Valdemar. A crise se agravou após declarações do presidente do PL, que disse a aliados que o deputado teria entrado em rota de colisão com ele por querer mais recursos para se manter nos Estados Unidos.

O grupo político do deputado Eduardo Bolsonaro, que atua com ele nos Estados Unidos, enviou um recado direto ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmando que não aceita qualquer tipo de ajuda financeira e pedindo apenas “distância”. O comunicado foi feito por meio do líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), durante reunião realizada nesta quinta-feira (25) em Miami.

Segundo pessoas próximas, o encontro ocorreu em meio ao aumento da tensão entre Eduardo e Valdemar. A crise se agravou após declarações do presidente do PL, que disse a aliados que o deputado teria entrado em rota de colisão com ele por querer mais recursos para se manter nos Estados Unidos.

Incomodados com as falas, Eduardo e seus aliados responderam que não pretendem receber apoio financeiro do partido e que continuarão atuando de forma independente. Afirmaram ainda que não estão à venda e que não pretendem negociar qualquer tipo de contrapartida para manter sua atuação política no exterior.

Durante a reunião, Sóstenes chegou a perguntar se o grupo desejava algum tipo de suporte financeiro do PL. A resposta foi negativa. A decisão também foi vista como um gesto político, marcando o distanciamento em relação a Valdemar, especialmente após as falas do dirigente partidário sobre a atuação do deputado.

Nos bastidores, Valdemar tem dito a interlocutores que o parlamentar reclama do que considera ser uma desigualdade na distribuição de recursos do partido. Segundo ele, Eduardo se queixaria de que Michelle Bolsonaro, madrasta do deputado e esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, recebe mais apoio financeiro para suas atividades políticas do que ele próprio.

A divulgação dessas declarações irritou ainda mais o grupo ligado a Eduardo Bolsonaro. Os aliados do deputado disseram que atuaram até agora sem qualquer ajuda do presidente do partido e que pretendem seguir dessa forma. Para eles, as falas de Valdemar seriam uma tentativa de enfraquecer politicamente o parlamentar, o que aumentou o clima de conflito interno.

Ao recusar apoio financeiro, o grupo de Eduardo reforçou que não vai negociar autonomia política em troca de recursos. Segundo aliados, o deputado avalia inclusive a possibilidade de deixar o PL, o que reforça a disposição de manter distância de Valdemar Costa Neto e sua influência dentro do partido.

Com o impasse, a relação entre o presidente do PL e o deputado segue estremecida, e não há previsão de uma reaproximação no curto prazo.

Valdemar torce pela manutenção de Bolsonaro na geladeira.

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto declara oposição do PL ao governo do presidente eleito Lula durante coletiva de imprnesa. Ele fala em microfone, gesticulando e com painel atrás nas cores verde e amarelo - Metrópoles

Valdemar Costa Neto, que há mais de 30 anos se equilibra como proprietário do Partido Liberal, não está à tona da política à toa, agora que fez 100 deputados federais. Dizem que não assume em público, mas acompanha com discreta satisfação o chão desabando sob os pés de Jair Bolsonaro.

O dono do PL está certo de que se armava, antes dos ataques golpistas de 8 de janeiro, uma tentativa de bolsonaristas de lhe tomar o partido. Agora, mantendo-se a articulação, dificilmente terá sucesso.

Para Valdemar, a inelegibilidade de Bolsonaro poderia lhe diminuir o poder político, bem como o de seus seguidos dentro da legenda. Mas, mesmo inelegível, o ex-presidente poderia ser um bom eleitor em 2024.

O que Valdemar não considera um bom negócio é a prisão de Bolsonaro. Acha que, preso, o ex-presidente ganharia força, inclusive dentro do partido, que teria de gastar recursos para defendê-lo e torná-lo um mártir. Não é o que quer o dono do PL.