Ives Gandra: a democracia corre perigo.

O jurista Ives Granda, uma das reservas morais do País, afirma que o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que deve ser enviado ao Congresso pelo Executivo, com 521 proposições de reforma constitucional, está formatado em tons facistas e estalinistas, porque prevê inclusive a formação de professores e a inteiração dos alunos, através de cartilha própria.

Granda critica principalmente a censura à imprensa:“Vamos perder os pulmões da sociedade, com a catalogação de assuntos, jornalistas e veículos de comunicação. Isto é o chavismo no Brasil. O PNDH se baseia na nova constituição venezuela”.

Outros assuntos que apavoram  Gandra é a anulação do preceito constitucional de direito à propriedade; o desconhecimento do plano, por grande parte do povo, que pode ser aprovado por um acordo de lideranças no Congresso; e o fato de que judiciário e legislativo enfraquecem frente ao Executivo. Além de assuntos altamente polêmicos, como a passagem do controle das polícias militares das forças armadas para o Executivo. É o Estado forte, proposto na plataforma de Dilma Rousseff, que apóia integralmente o PNDH.

A democracia corre riscos, diz Ives Gandra.

“Quem tem medo da verdade”, um artigo importante

Universindo Diaz e Lilian Celeberti, fotografados por Ricardo Chaves, o Kadão, anos depois do seu sequestro.

Quem dentre nós ansiar por uma posição esclarecida em relação ao PNDH de Luiz Inácio, deve ler o longo artigo, publicado no blog de Cláudio Humberto, por Luiz Cláudio Cunha, jornalista da velha guarda que viveu os dias de chumbo da ditadura no exercício da profissão, desvendando inclusive o sequestro dos uruguaios Universindo Diaz e Lilian Celiberti, num sensacional trabalho investigativo. Luiz Cláudio Cunha entende que os próprios militares, cujos atuais comandantes recém iniciavam na profissão em 1964, deveriam centrifugar a história, apoiando o julgamento daqueles militares que mancharam com  sangue  suas fardas. Diz Luiz Cláudio:

“O Brasil que evita punir ou sequer apontar seus torturadores acaba banalizando a violência que transborda a ditadura e vitimiza o cidadão comum em plena democracia, principalmente nas duas maiores capitais, São Paulo e Rio. Nos 24 anos seguintes à anistia (1979-2003), armas de fogo mataram no Brasil 550 mil pessoas – 44% delas jovens entre 15 e 24 anos. Este Brasil varonil, pacífico e cordial, viu morrer quase tanta gente quanto os Estados Unidos durante os cinco anos que lutou na Segunda Guerra Mundial (625 mil soldados). Num único ano, 2003, segundo dados do Ministério da Saúde, assassinaram no Brasil uma população civil (51 mil pessoas) quase tão grande quanto as perdas dos Estados Unidos (58 mil) ao longo dos 16 anos da Guerra do Vietnã.”