Dou carona para duas eduardenses, jovens, com bebês ao colo, e um monte de sacolinhas e caixas de papelão como bagagem, que se deslocavam de uma chácara nas proximidades da cidade para o Santa Cruz. Queriam pagar, que eu não pensasse que a carona seria de graça.
Na conversa, vou perguntando: “Em quem vota nas próximas eleições? Tem candidato a vereador? Tem título na cidade? Há quanto tempo reside? De onde veio?
As duas não tinham títulos eleitorais, apesar de residirem há seis anos na cidade e não sabiam quem eram os candidatos a Prefeito, muito menos a vereador.
Pois bem: desci a Ibitiba (ou Ibititá) e quando chegou na rua em que moravam diziam alternadamente: “À direita, à esquerda, à direita”. Elas não sabiam o que era, com certeza, direita e esquerda.
Na volta, depois de largar minhas passageiras, conversava com meus botões: “Será que um povo que não sabe diferenciar sua mão esquerda da direita sabe escolher seus agentes políticos?”
Quando fui interrompido em minhas digressões filosóficas com um motoqueiro na contramão, saindo da BR-242 e entrando no Santa Cruz. Ele me mostrou, com raiva, o seu dedo indicador e entrou como um raio na avenida Enedino Alves da Paixão.
E concluí: “Não sabe e merece os políticos que o representam”.

