Uma nova aquisição de milho anunciada

O Governo Federal (MAPA/Conab) divulgou ontem (10) o aviso de Prêmio para o Escoamento de Milho em Grãos – PEP, nº 027/10, que vai ofertar para comercialização 150 mil toneladas de milho do Oeste da Bahia. É o segundo do ano a começar pela região, para o abastecimento do Nordeste do país, e vai contribuir para a diminuição dos altos estoques de passagem do cereal no cerrado baiano, cuja tendência é aumentar com a iminência de uma safra de 1,3 milhão de toneladas.

Com uma expectativa real de diminuição do estoque de passagem, estimado no início do ano em 450 mil toneladas, a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia – Aiba espera uma reação do mercado físico em breve.

O PEP Milho começando pelo Oeste da Bahia era uma reivindicação antiga da Aiba, que defende que os leilões obedeçam ao calendário agrícola. Como o Oeste começa a colher em fevereiro, e a maioria dos estados produtores colhe em junho, com os leilões começando no início do ano, criam-se condições para que o milho baiano chegue antes ao Nordeste, tornando o estado mais competitivo. “O Governo está entendendo que a regionalização dos seus programas de apoio à comercialização surte mais efeitos, e contribui para diminuir os desequilíbrios regionais”, afirma o  vice presidente da Aiba, Sérgio Pitt.

Serão ofertadas 150 mil toneladas do cereal em dois lotes. O lote 1 constará de 120 mil toneladas, com valores de prêmios de R$5,52 para o Nordeste, exceto Bahia, R$4,02 para Bahia e Norte de Minas Gerais, R$5,82 para o Espírito Santo e R$7,38 para a região Norte. Já no lote 2, serão 30 mil toneladas, com prêmios de R$ 4,02 para o Norte de Minas Gerais e de R$ 5,82 para o Espírito Santo.

Produtores baianos de milho querem novas medidas na equalização dos preços

Sérgio Pitt e Sílvio Farnese

Os problemas enfrentados pela cadeia produtiva do milho no Oeste da Bahia foram debatidos por técnicos do Governo Federal, produtores e avicultores na última quinta-feira (14), no auditório do Centro de Pesquisa e Tecnologia do Oeste da Bahia (CPTO), da Fundação Bahia, em Luís Eduardo Magalhães. O encontro, que contou com 66 participantes, foi organizado pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e pelo Sindicato Rural de LEM, e presidido pelo coordenador geral de Cereais e Culturas Anuais da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Sílvio Farnese.

Na abertura da reunião, o vice – presidente da Aiba, Sérgio Pitt, relatou as diversas ações da entidade no sentido de viabilizar o cultivo do cereal no Oeste da Bahia. Entretanto, ressaltou que as políticas governamentais de apoio à comercialização têm sido prejudiciais à região. “Há um equívoco na forma de aplicação dos mecanismos de subvenção, que são oferecidos partindo das regiões onde há excedente de oferta para os pólos demandantes. Ao contrário disso, os mecanismos devem ser ofertados partindo da demanda (avicultura do Nordeste), ao encontro da oferta, nas regiões produtivas mais próximas, reduzindo, assim, os gastos do governo. Esta é a lógica da economia”, argumentou o vice-presidente. Da forma defendida pelas entidades dos produtores, o Governo necessitaria de menos recursos para garantir preços mínimos aos produtores e abastecer o mercado.

Após ouvir produtores e granjeiros, os técnicos do Governo retornaram a Brasília com o compromisso de analisar os dados levantados durante a reunião e encontrar alternativas para minimizar os problemas enfrentados pelos produtores de milho. Uma outra proposta que o MAPA irá avaliar é a possibilidade da exportação de 100 mil toneladas de milho nos próximos meses, para reduzir o estoque de passagem, estimado em 450 mil toneladas, que está deprimindo os preços.

O principal desafio é conciliar interesses e peculiaridades de cada região produtora e pólo de consumo. Orçamento para isso não será problema. Segundo Sílvio Farnese, em 2009, foram disponibilizados R$ 5,2 bi para os programas de apoio à comercialização, dos quais foram aplicados R$ 3,4 bi, sendo R$ 1,3 bi para a cultura do milho. Para 2010, o MAPA conta com os mesmos 5,2 bi no orçamento.

Também estiveram presentes, representando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o supervisor de Gestão de Oferta, Carlos Eduardo Tavares, e o supervisor de Operações Comerciais, João Paulo de Morais Filho.

Além de acompanhar as ações do governo e subsidiar os trabalhos com dados e informações sobre a cultura do milho no Oeste, a Aiba representa os produtores da região na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Milho e Sorgo, em Brasília, e participa de um grupo de trabalho formado no Ministério da Agricultura com o objetivo de aperfeiçoar os mecanismos de apoio à comercialização deste cereal.