A fome ronda o Brasil, o terceiro maior produtor de alimentos do mundo.

Em cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões o número de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave (fome), chegando a 10,3 milhões. Terras férteis, clima propício e o Brasil não tem capacidade para produzir e alcançar alimentos básicos para uma grande parcela da população. 

Da Sputnik Brasil, foto Adobe Stock.

O prolongamento da pandemia do novo coronavírus, a ausência do auxílio emergencial e o aumento do desemprego formam um cenário propício para o crescimento da fome no Brasil.

ONGs dos mais variados setores estão tentando preencher o vazio deixado por governos sufocados economicamente e oprimidos pelo avanço do vírus, mas a queda “dramática” nas doações tem sido mais um obstáculo a ser transposto.

Brasil e o Mapa da Fome

O Brasil deixou o chamado Mapa da Fome em 2014 com o amplo alcance do programa Bolsa Família. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados de 2001 a 2017, mostrou que, no decorrer de 15 anos, o programa reduziu a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%. No entanto, o país deve voltar a figurar na geopolítica da miséria no balanço referente a 2020.

E para piorar a situação, uma nova onda de demissões deve acontecer, e pessoas que não precisaram do auxílio no ano passado devem precisar agora, aumentando um drama para o qual não se vislumbra um fim no horizonte.

Daniel Balaban, representante do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas no Brasil e diretor do Centro de Excelência contra a Fome, falou com a Sputnik Brasil sobre o paradoxo de um país que é um dos maiores produtores mundiais de alimento e onde milhões de pessoas passam fome.

“Realmente é um contrassenso. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, na realidade é o terceiro maior produtor atrás apenas de Estados Unidos e China, produz uma quantidade enorme de alimentos e infelizmente nós estamos vendo o recrudescimento, a volta da fome ao país. Mais uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa”, declarou Balaban.

Segundo ele, a exportação de alimentos do Brasil é extremamente importante, e hoje o agronegócio prefere — e é muito mais lucrativo — a exportação, porque US$ 1 vale quase R$ 6.

“Então, nós estamos vivendo um problema econômico, porque as exportações elas são importantes para o agronegócio… A questão da fome no Brasil não tem relação com a falta de alimentos , nós temos alimentos suficientes para alimentar toda a população brasileira, mesmo depois da exportação”.

“O problema é o acesso aos alimentos, por conta das crises econômicas, das crises políticas que nós vivemos e agora muito mais fortalecido por conta da pandemia. Então, hoje as pessoas não estão conseguindo mais ter acesso aos alimentos porque muitos estão desempregados, aqueles que fazem bico não estão conseguindo sair por conta dos lockdonws e a pandemia ainda fortaleceu tudo isso, as pessoas estão sentindo muito o aumento da fome no país”, concluiu o representante do Programa Mundial de Alimentos

Ajuda mostra sinais de recuperação

A Sputnik Brasil também conversou com Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor executivo da iniciativa conhecida como Ação da Cidadania. Ele falou que os níveis de doações tiveram uma quebra neste ano de 2021.

“Em 2021 a gente teve uma redução bastante significativa das doações que a gente vinha recebendo ao longo de 2020. Ano passado a gente teve uma média, por mês, de R$ 3,5 milhões em doações e este ano a gente começou o ano recebendo de R$ 200 mil a R$ 300 mil por mês, o que é obviamente muito pouco para uma atuação necessária nesse momento no Brasil”, disse Rodrigo.

Brasil deve se tornar maior produtor mundial de soja, mas consome 45% no mercado interno

O Brasil deve assumir a liderança da produção mundial de soja nesta próxima safra se o clima se mantiver como no ano passado. Previsões de consultores privados dizem que a produção brasileira deve atingir 120 milhões de toneladas, contra 117 dos Estados Unidos e 57 da Argentina.

O que pouca gente sabe é que 45% da soja produzida no País é consumida aqui mesmo, na forma de componente de rações de aves, suínos e bovinos. Atualmente a soja é componente de alimentação humana, do biodiesel e até do sabão em pó usado nas máquinas de lavar.

Veja alguns alimentos que são derivados da soja:

Leite de soja

Produto mais comum e facilmente encontrado nas prateleiras dos supermercados, normalmente, é comercializado em pó solúvel como extrato de soja. É extraído dos grãos da soja in natura e pode ser utilizado como alternativa de substituição ao leite animal.

Molho Shoyu

Produto originalmente da cultura oriental, o molho Shoyu é mais tradicional no Brasil como molho de soja e é bastante utilizado para temperar e condimentar saladas, arroz e carnes em geral.

Tofu

O popular “Queijo de Soja” é feito com a coagulação da proteína da soja pura, formando uma espécie de massa branca processada, que pode ser temperada a gosto depois.

Farinha de soja

É extraída da proteína de soja moída e pode ser adicionada no preparo de massas em geral ou em farofas. Possui muitas fibras e sais minerais essenciais para uma boa dieta.

Proteína Texturizada de Soja (PTS)

Sua textura lembra muito a carne, podendo ser utilizada na sua substituição integral ou parcial. É fabricada a partir da proteína de soja e também é conhecida como Proteína Vegetal Texturizada (PVT). É uma excelente fonte de proteína para o organismo.

Missô

Produto também originado da cultura oriental, o Missô é obtido através da fermentação da soja com cereais e é bem comum encontrar em restaurantes de comida japonesa, onde servem como sopa e tempero para legumes, carnes e pratos quentes em geral.

Óleo de soja

O mais tradicional ingrediente da cozinha também é feito de soja, porém, é refinado e passa por processos que hoje são considerados transgênicos para aumentar seu valor nutricional.

Okara

Conhecidos por poucos, o Okara nada mais é do que os resíduos de grãos de soja que são moídos para a preparação do leite. É utilizado em farofas e em complementação de massas em geral.

Grãos

Os grãos são comercializados normalmente in natura para o preparo de refogados e substituição do feijão. Os grãos podem ser armazenados por até doze meses devido ao seu alto grau de durabilidade.

Tipos de grãos

São três os tipos de grãos utilizados: a soja preta, a amarela (tradicional) e a verde. Não há diferenças significativas entre as três, no que diz respeito ao valor nutricional. A soja verde normalmente é comercializada congelada, em grãos secos imaturos, pois é colhida antes de seu amadurecimento e é considerado um grão muito especial. A soja preta é facilmente encontrada na forma de farinha e a soja amarela é a mais tradicional de todas.

Soja orgânica

No Mercado Comum Europeu, a soja produzida por métodos orgânicos vale 50% a mais do que a convencional. No Brasil, esses valores passam de mais 30 reais sobre o preço de mercado. Produtores de suínos, aves e bois orgânicos são os principais clientes, bem como os produtores de alimentos orgânicos.

 

LEM: Agricultura fomenta produção de alimentos nas comunidades rurais

Secretário Carlos Koch, equipe da secretaria de Agricultura e associadas da Caliandra
Secretário Carlos Koch, equipe da secretaria de Agricultura e associadas da Caliandra

O Secretário de Agricultura de Luís Eduardo Magalhães, Carlos Alberto Koch, visitou na manhã desta quarta-feira, 27, a Associação Caliandra de Artesões do Cerrado e Agricultura Familiar, localizada na Vila IV do Assentamento Rio de Ondas, zona rural da cidade. O objetivo da visita foi acompanhar o andamento das ações realizadas pela secretaria no local.

A Associação Caliandra foi contemplada recentemente com uma verba do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que será destinada para a ampliação da sua cozinha industrial, responsável pelo fornecimento de biscoitos que fazem parte do cardápio de algumas escolas municipais.

“Hoje, a Caliandra é a única associação apta a fornecer alimentos para os alunos, por estar de acordo com as especificações do PNAE”, explica o secretário da pasta, Carlos Koch. “Para  isso, a Secretaria de Agricultura tem realizado um trabalho constante de orientação e auxílio técnico, visto que o programa exige uma série de especificações legais”, continua Koch.

Este ano, o objetivo da secretaria é ampliar ainda mais o número de parceiros. Sendo assim, os agricultores familiares interessados em fornecer seus alimentos cultivados, devem entrar em contato e buscar mais informações na sede da Secretaria de Agricultura, localizada no Centro Administrativo, a fim de receber todas as orientações necessárias.