A produção nacional de feijão deve alcançar 3,4 milhões de toneladas em 2017, segundo os dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de setembro, divulgado nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A produção aumentou 1,4% em relação à estimativa de agosto, com avanço de 2,3% na área plantada, mas recuo de 0,2% no rendimento médio.
A 1ª safra de feijão está estimada em 1,6 milhão de toneladas, redução de 1,0% na produção ante a estimativa de agosto. O Estado de São Paulo diminuiu em 18.250 toneladas a safra, 9,9% menos do que o previsto em agosto.

Já a 2ª safra de feijão teve um aumento de 3,8% no mês, acompanhando elevações no rendimento médio (0,5%) e na área colhida (3,4%). Houve redução na expectativa de produção de Pernambuco (-27,5%) e de Alagoas (-43,3%) causada por problemas climáticos. Mas a produção cresceu em setembro em Minas Gerais (4,2%), São Paulo (11,5%), Mato Grosso (9,9%), Bahia (18,7%) e Goiás (47,9%).
Feijão Maravilha nos anos 80
No ano de 1979/80 o feijão chegou a custar 450 dólares na lavoura, levando-se em conta inclusive a inflação do dólar. Cerca de R$2.700,00 a saca na moeda de hoje. Era uma fortuna. Dois sacos pagavam o custeio por mais oneroso que fosse, inclusive com irrigação tocada a óleo diesel. O Brasil tinha produzido metade da sua demanda, que na época também beirava os 4 milhões de toneladas, e as autoridades procuravam no México e nos Estados Unidos feijão para importar. O clamor público foi tão grande que um grupo musical popular na época, as Frenéticas, gravaram uma música, “Feijão Maravilha”, que foi grande sucesso. A Rede Globo, embalada no sucesso da música, colocou no ar uma novela com o mesmo título.
A produtividade brasileira mal alcançava 20 sacos por hectare. A partir daí, entraram no mercado os modernos sistemas de irrigação, como os aspersores auto propelidos e os pivôs centrais, que multiplicaram a produtividade do feijão irrigado nas épocas de estio.
Foi um grande salto: até esse momento o feijão era produzido em consórcio com o milho, como lavoura secundária, em roças pequenas e alheias a qualquer tecnologia.
Na época, começaram a difundir-se o plantio de sementes básicas, para a produção de sementes certificadas; criaram-se cepas comerciais do rhizobium phaseoli; desenvolveram-se fungicidas, nematicidas e até antibióticos para ataques de bactérias; a irrigação sofisticou-se e foi intensificada a adubação com macro e micronutrientes.
Hoje o feijão está numa faixa de US$40 a saca de 60 quilos, depois de experimentar, há dois anos, preços de até R$550,00 para os grãos de melhor qualidade.

Nos lares do brasileiro de classe média, o feijão ainda é a mais saudável fonte proteica. Mas nos restaurantes mais sofisticados o feijão não consta do cardápio. Outro fato relevante é que a agitação das grandes cidades já não permite tempo para o cozimento do feijão, sendo substituído por lanches e alimentos processados. Daí, o estacionamento de mais de 37 anos da produção absoluta e do consumo.
