Déficit dos estoques mundiais de milho será grande. Carne de suíno já tem alta de até 4%.

Abate de suínos cresce no 2º trimestre e chega a 12 milhões | Agência Brasil

No Oeste baiano, a saca de milho avançou 0,61% para R$82,50.

A situação dos produtores de proteína animal no Brasil, ovo, frango, suínos e boi confinado, pode se complicar ainda mais com o crescente déficit dos estoques de passagem do milho. Isso pode significar menos carne e mais preço na mesa do brasileiro.

Na análise da Pátria Agronegócios, o déficit de oferta sobre o uso total da safra 2021 já está em 23,6 milhões de toneladas em todo o globo, intensificado por estes prejuízos que seguem aparecendo na produção brasileira desde a safra de verão. Nesta segunda safra, há perdas que variam de 15% a 75%, de acordo com informações apuradas pela consultoria, com 32,71% da área colhida para a safrinha.

O regime de chuvas no Cinturão do Milho, nos EUA, pode não ajudar, e estados produtores como as duas Nebraskas, do Sul e do Norte, também praticamente tem previsão de colheita quase nulas.

O milho fechou a terça-feira com mais de 2% de alta na Bolsa de Chicago e só a queda do dólar, em função da baixa dos preços do petróleo, segurou as cotações no mercado interno.

Todos os vencimentos em Chicago, até dezembro de 2022, apresentaram alta no dia de ontem.

Os preços da carne de suínos reagiu: em São Paulo, de acordo com a Scot Consultoria, a arroba do suíno CIF subiu 3,91%/2,27%, alcançando R$ 133,00/R$ 135,00, enquanto a carcaça especial aumentou entre 3,91%/4,08%, custando R$ 9,70/R$ 10,20 o quilo.

Milho vai virar ouro e tornar mais caros frango, suíno, leite e carne bovina.

No Oeste baiano, enquanto a soja se mantem estável em R$160,00 a saca de 60 kg, em plena safra, o milho, produção de pouca expressão, deu um salto acima de 12% nos últimos 30 dias para R$73,50. O milho é produção estratégica para a produção de proteína animal, atingindo mais de 70% do volume das rações.

Possíveis problemas climáticos na safrinha, no Centro-Oeste e estados do Sul, podem levar preço do milho para mais de R$ 100,00 no 2° semestre. No Sul, já são previstas geadas no final de abril. E no Centro-Oeste o prejuízo vem  da falta de chuvas.

As cotações do milho estão beirando os R$ 100,00 a saca na Bolsa Brasileira (B3). Na última terça-feira (06), por exemplo, o vencimento maio/21 foi cotado à R$ 99,72 e o julho/21 valeu R$ 95,45.

Segundo o gerente de consultoria agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, existem uma série de fundamentos altistas no mercado que sustentam estes patamares elevados de preços.

Entre eles estão a disponibilidade limitada no spot, a produção menor do que a esperada na primeira safra, o plantio tardio e mais arriscado da safrinha e questões internacionais como pouco crescimento de área nos Estados Unidos e quebra na Argentina.

Nos EUA, em estados onde o plantio de milho é menos expressivo, como Dakota do Sul e Dakota do Norte, nevou pouco durante o inverno e no dia de ontem, depois de três dias de ventos fortes e nada de chuvas, os produtores esperavam ainda por alguma previsão para o plantio do milho, do trigo e da canola.

Milho vai ser o grande problema dos produtores de proteína animal em 2020

 

Com o tempo irregular e chuvas atrasadas no Centro Oeste, a maior safrinha de milho do País pode ter o plantio atrasado e a produtividade comprometida.

A par disso, o consumo das usinas de álcool do milho está subindo. E a exportação não tem nenhum obstáculo do Governo para garantir o mercado interno. Isso significa milho mais caro – hoje, com preços no mínimo 60% mais elevados do que em abril – e uma alta considerável nos preços de produção de frango, suínos e bovinos confinados, já não bastasse a pressão dos importadores chineses.