Porque a certidão de óbito da esquerda é falsa

(Photo by NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images)

Estas eleições de 2020 continuam sendo disputadas. Agora em pleno 3º turno confrontam-se as narrativas. Para a Rede Globo a esquerda perdeu as eleições. Aliás já tinha perdido em 15 de novembro, porque perdeu a prefeitura de Piraporinha do Brejo e não reelegeu 2 vereadores em Nossa Sra. do Rio Abaixo.

A decorrência desta narrativa na versão Globo é que estamos para 2022 entre a direita (apelidada de centro) e o Bolsonarismo.

Esta narrativa encontra eco em parte da esquerda que sustenta que agora ficou claro que sem uma aliança com o centro a esquerda não vence.

Na ânsia de disputar os despojos da batalha, setores do campo progressista vêm se dedicando a fazer as exéquias fúnebres dos outros setores, conquanto seguem proclamando a boa saúde e a perspectiva de longevidade de suas próprias hostes.

Vamos aos números, esses seres antipáticos e desagradáveis para o vicejamento das teses de conveniência.

Divido o campo progressista em esquerda composta pelo PT, PSOL e Pc do B ( não inclui partidos sem representação parlamentar) e centro esquerda, PSB, PDT e Rede.

Do ponto de vista da disputa ideológica me concentro nas grandes e medias cidades onde a eleição é menos fulanizada.

Em 2016 a esquerda disputou 12 eleições no segundo turno e perdeu as 12. Agora disputou 18 e venceu 5. Mas mesmo onde perdeu o salto de qualidade é visível. Começando por S.Paulo onde em 2016 Doria venceu no 1º turno, ter um líder de movimento sem teto no segundo turno com 41% dos votos e vencendo na periferia, não é resultado de pouca monta. Vencendo segundo todas as pesquisas no eleitorado mais jovem.

Manoela D’Avila teve 46% dos votos em Porto Alegre onde a ultima vitória da esquerda foi em 2000. Parte do eleitorado nem nascido era.

Disputar o segundo turno em Caxias do Sul na serra gaúcha, bastião do conservadorismo também não foi resultado de pouca monta.

Retomar Diadema e ter candidatura competitiva em Guarulhos, também é resultado positivo, mesmo perdendo. Vencer na principal capital do norte, com Edmilson em Belém, também mostra que as coisas se movem.

Em Minas, vencer em Juiz de Fora e Contagem onde Bolsonaro venceu em 2018 também é muito relevante. Balanço eleitoral não pode ser feito com as expectativas da véspera das eleições no calor da campanha, mas com os resultados de eleições anteriores.

Resultados eleitorais não são essencialmente fruto de campanhas bem conduzidas, mas o resultado de uma disputa politica e ideológica na base da sociedade.

A derrota, ou melhor dizendo, a capitulação em travar essa disputa em nome da “governabilidade “ durante os 13 anos de governos do PT construíram as bases para a reação conservadora a partir de 2016.

O que se vê agora a partir desta eleição é que a retomada da disputa de valores na base da sociedade em particular nos grandes centros e nas regiões sul e sudeste começa a apresenta resultados.

Já no 1º turno, mulheres, negros, ativistas LGBT conseguiram resultados eleitorais expressivos, mesmo em lugares mais conservadores. Candidaturas coletivas, em boa parte com origem em movimentos sociais da periferia, também mostram isso.

Se levarmos em conta que Bolsonaro venceu com folga em todos os grandes centros da região sul e sudeste, o resultado desta eleição está longe de ser uma derrota. Do ponto de vista da esquerda esta eleição mostra uma recuperação.

Ainda insuficiente para produzir vitorias eleitorais mais expressivas. Agrego outro numero importante.

PT e PSOL, que somados fizeram em 2016, 35 vereadores nas capitais do Sul e Sudeste, fizeram agora 45.

O PSOL cresce relativamente de forma muito significativa passando de 16 para 23 vereadores e o PT passa de 19 para 22. O PSOL passa nesta eleição a disputar protagonismo na esquerda com o PT. Mostra que tem mais expressão entre a juventude e nos novos movimentos sociais ascendentes.

O PT enfrenta problemas de renovação. Mesmo recuperando peso, mostra envelhecimento e dependência de quadros mais experientes e dificuldades de conexão com o eleitorado jovem. No entanto é na esquerda o partido que ainda tem mais capilaridade nacional e que segue imprescindível.

O fracasso do PDT no Rio e do PSB em S.Paulo e no Rio, com candidaturas em tons cinza, que buscaram dialogar com o conservadorismo e apostar na despolarização, mostra que sem formar uma base solida e militante não se viabilizam alternativas. Fracassaram na majoritária e elegeram bancadas pífias de vereadores.

Bolsonaro é o grande derrotado como se esperava mas o Bolsonarismo está vivo em parcelas expressivas da sociedade e sempre será a reserva estratégica da burguesia. As derrotas em S.Gonçalo e Vitória e as vitórias mais apertadas que o previsto em Belém e Fortaleza deixam isso claro.

A narrativa da direita ( centro na terminologia do manual de redação da Globo) a partir desta eleição é que só ela pode vencer Bolsonaro. Para isso precisa organizar o funeral da esquerda no geral e do PT no particular. Conta com as carpideiras da Cirolândia para legitimar a narrativa.

É tarefa dos partidos da esquerda levantar a cabeça, contabilizar os avanços e as insuficiências e retomar a disputa de valores na base da sociedade.

E o combate aos oportunistas da Fé, a defesa da solidariedade contra o individualismo, dos direitos sociais e civis, sem concessões nem meias tintas.

Vem aí o Enéas do Século 21.

randolfeMais um nome na corrida presidencial: o senador Randolfe Rodrigues – Psol/AP vai disputar a indicação do seu partido para concorrer à presidência da República. Randolfe foi eleito dois anos seguintes o melhor senador do país pelo Site Congresso em Foco. Uma página da campanha interna ao PSOL pela aprovação da pré-candidatura à presidência da república em 2014 já foi lançada no Facebook e agora pela manhã tinha 152 ‘curtidas’. Randolfe está pronto para ser o Enéas do Século 21.

Bolsonaro apronta outra: deu um soco no senador Randolfe.

O PSOL vai protocolar representação contra o deputado Jair Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar. Bolsonaro agrediu fisicamente o senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP), que integrava comitiva para visitar a antiga sede do DOI-Codi, atual 1° Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta segunda-feira 23.
O senador Randolfe Rodrigues relata que levou um soco no estômago do deputado Jair Bolsonaro. A agressão aconteceu na frente do prédio do Batalhão de Polícia, pouco antes do início da visita, da qual participavam membros da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Bolsonaro, militar da reserva do Exército e que não faz parte de nenhuma das Subcomissões, nem estava na lista dos integrantes da visita, também quis entrar no prédio, fato rechaçado pelas pessoas que fariam a visita.
O presidente do PSOL e líder do partido na Câmara, deputado Ivan Valente (PSOL/SP), informou que será dada entrada a uma representação contra Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro, com agravante de agressão física a um senador da República. “Ele usou de violência contra um senador, e há muitas testemunhas. O Bolsonaro, mais uma vez, extrapola todos os limites”, afirma Ivan Valente.

PSOL representa contra Jusmari no Ministério Público.

Informa o Sítio do Zé Dendágua, o mais bem informado sobre cloacas máximas de Barreiras, que na última segunda-feira (7/jun) o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) de Barreiras, representado por sua presidente Paula Vielmo, protocolou no Ministério Público Estadual, seis representações contra a prefeita municipal de Barreiras, Jusmari Terezinha (PR).

Cinco das seis representações tratam de dispensas de licitação e inexibilidade de licitação em desacordo com os dispositivos legais, fundamentados nas Leis Nº. 8.429/92 e 8.666/93. E uma trata da reestruturação organizacional da Prefeitura Municipal de Barreiras, onde segundo o partido, a gestão municipal criou cargos em comissão que não são “atribuições de direção, chefia e assessoramento”, contradizendo o artigo 37 da Constituição federal.

Ao que parece, Jusmari de Oliveira repetirá, em Barreiras, o calvário político sofrido por Oziel de Oliveira em Luís Eduardo Magalhães. Nesta segunda-feira, vota-se em segundo turno as contas públicas, do período 2008, na gestão de Oziel. A pressão de vários setores da sociedade sobre os vereadores que votaram pela aprovação das contas de Oziel pode eventualmente modificar a votação do primeiro turno.